É a virose mais comum, com exceção das respiratórias. De 1 até 5 anos de idade, somos infectados pelos Herpesvirus hominis pela boca, nariz, olhos, região genital ou pele. Em condições urbanas é impossível escaparmos, pois penetra silenciosamente em mucosas e pele machucada, sem sinais e sintomas. Mas, precisa do contato com uma pessoa contaminada, não é pelo ar.
Quando a lesão aparece e até o momento em que as vesículas e bolhas secam e formam crostas, o local tem bilhões de vírus a ser transmitido pelo contato, beijo, carícias e até por objetos recém usados. Na saliva e secreções de pessoas com lesões ativas, se tem o vírus. Em poucas pessoas sem lesões ativas, pode se ter também o vírus na saliva.
O ideal é que as pessoas com lesões ativas de herpes simples, em qualquer parte do corpo, fiquem isolados, evitando-se cumprimentar, beijar e ter qualquer contato. Menos ainda, visitar outras pessoas e contatar crianças de 1 a 5 anos. Se destacaria as babás, cuidadores, professores, enfermeiros, profissionais de saúde, etc.
AUTOCONTÁGIO E REINFECÇÃO
O paciente com lesões ativas pode se autocontagiar ao coçar ou passar a mão nas lesões e secreções, e depois, levá-las ao olhos, regiões genitais e outras áreas da pele. Ele passará a ter dois locais para lesões herpéticas.
Ao passar a fase ativa, já com lesões crostosas, para se evitar a reinfecção, é importante trocar a escova de dentes, buchas, sabonetes e higienizar severamente as placas de mordida, alinhadores, próteses removíveis e outros objetos recreacionais. Se não fizer isto, pode se ter episódios repetitivos e sequenciais da doença aparentemente “sem explicação”.
COMO APARECE
Em algumas poucas crianças, aparece uma leve manifestação subclínica, na região por onde entra o vírus. A criança fica irritada, com febre baixa, gengivas vermelhas e doloridas como se estive com os dentes irrompendo ou com dor de garganta.
Quando aparece clinicamente, a febre é mais alta, dor e desconforto aliam-se a gengiva inflamada, vermelha e sangrante nos três primeiros dias. Em seguida, aparecem lesões tipo aftas pequeninas e múltiplas na língua, lábios, bochecha e palato que duram 4 a 5 dias. A tonsilite pode estar presente. A criança não permite higienizar e nem quer ingerir sólidos, apenas líquidos. Este quadro é a Gengivoestomatite Herpética Primária e o diagnóstico, quase sempre, é de “virose” inespecífica e dura 7 a 10 dias.
LATÊNCIA
Em metade dos adolescentes, começam a aparecer as vesículas e bolhas onde o vírus adentrou na infância. Onde os vírus se esconderam nestes anos? Depois de entrarem na pele e mucosas, encontram um nervo e viajam até os gânglios neurais perto do cérebro ou coluna. Eles adoram células epiteliais e neurais onde ficam latentes por décadas. Não se tem explicação para esta latência prolongada, mas sabe-se lesa o nervo e pode até provocar neuralgia do trigêmeo, paralisia facial, eritema multiforme etc.
Em algumas circunstâncias, os herpesvírus fazem a viagem de volta dos gânglios neurais para a pele ou mucosa. Ao saírem promovem inflamação no local e formam vesículas e bolhas. As circunstâncias que quebram a latência viral herpética e induz a manifestação repetitiva são: febre, gripes, resfriados, menstruação, cirurgias, estresse, menstruação, gravidez e exposição ao sol.
Os vírus não viajam para pele e mucosas quando as células de defesa estão em alerta continuado. Quando se abaixa a resistência, o vírus aproveita para multiplicar-se dentro dos nervos e saírem. Um exemplo: a exposição solar reduz a quantidade de linfócitos nos tecidos e o que explica a doença aparecer depois de ir a praias e piscinas.
TRATAMENTOS
Se tomar remédio antiviral via bucal, “todas” as vezes que tiver a doença antes que apareça, diminuirá a quantidade de herpesvírus no corpo. As manifestações ficarão cada vez mais raras até desaparecer. Mas como saber que terás herpes amanhã para começar a tomar? Todo herpético sabe que amanhã a doença vai aparecer no local: 24 horas antes, ele fica quente e pruriginoso.
Os antivirais via bucal são os valaciclovir e fanciclovir, com poucos efeitos colaterais e resultados muito bons se você for persistente e insistente. Anteriormente se usava o aciclovir, que evoluiu, porque alguns herpesvírus mostram resistência a ele.
Se usar agulhas esterilizadas, gaze e luva ao perfurar as vesículas e passar água ou soro fisiológico, pensando que é remédio, vai melhorar 70% o quadro clínico do herpesvírus e sua frequência. No caso do herpes simples, qualquer tratamento local tem que melhorar mais que 70% para não ser placebo, deixando-se claro que usar placebo não é ilícito.
REFLEXÕES FINAIS
Metade dos adultos não têm Herpes Simples Recorrente, talvez porque tenham eliminado os vírus. O primeiro contato com o herpesvírus não tem como prevenir. Se você é adulto e não tem a doença, se considere um privilegiado entre os 50% “premiados”.
No entanto, você pode passar a ter o herpes simples, se tiver contato com herpéticos ativos na boca, região genital e na pele machucada. A doença é uma IST ou infeção sexualmente transmissível. Não esqueçamos o que disse Shakespeare em Romeu e Julieta: “Os lábios nos trazem beijos, mas também a praga das bolhas, pois os hálitos doces podem estar contaminados”.