16 de julho de 2024
OPINIÃO

Taxa Básica de Juros não deve cair

Por Reinaldo Cafeo |
| Tempo de leitura: 2 min
O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil

A ata do Copom (Comitê de Política Monetária) traz detalhes dos motivos que levaram o colegiado a manter a taxa básica de juros em 10,5%, interrompendo o ciclo de queda. A decisão foi unânime.

Segundo a ata, houve uma nova elevação das projeções de inflação tanto para 2024 quanto para 2025. As expectativas de inflação, retiradas da pesquisa Focus, apresentaram desancoragem adicional desde a reunião anterior.

O Comitê avalia que o cenário prospectivo de inflação se tornou mais desafiador, com o aumento das projeções de inflação de médio prazo, mesmo condicionadas em uma taxa de juros mais elevada, e também destacou que o cenário externo se mantém adverso, relacionado à visão dos agentes de mercado de que as taxas de juros em países desenvolvidos permanecerão elevadas por um período mais longo.

Trazendo para a realidade. O Banco Central levou conta três importantes fatores para decidir pelo aperto monetário: a elevação dos índices de inflação, em parte motivada pelo desastre no Rio Grande do Sul; a manutenção da taxa de juros nos Estados Unidos entre 5,25% e 5,50% ao ano e as incertezas internas provocadas pelo desajuste nas contas públicas, cujas fontes de receita praticamente se esgotaram e não há indicações de onde virão os cortes nos gastos públicos.

Em ambiente de incertezas, os agentes econômicos se retraem, buscam proteção em moeda forte, e o investidor estrangeiro prefere aportar seus recursos em economia mais maduras. Pressão na cotação do dólar, que realimenta a inflação interna.

Em resumo: a taxa de juros deve ser mantida no patamar atual até que o cenário seja, diria, mais "benigno".

Se de um lado, avaliando tecnicamente, é plausível e necessário manter a política monetária "restritiva", de outro lado, o nível de crescimento econômico será menor e com ele todas as consequências no tocante a baixa geração de emprego e renda.

Investidores tendem a se manter na renda fixa, adiam investimentos no setor produtivo, e os consumidores, com juros mais elevados, se retraem. A roda da economia não gira.

Solução? Como não é possível intervir nos juros americanos, se o governo Federal focar no controle fiscal, a cotação do dólar cai, as incertezas são minimizadas, a oferta é ampliada, a inflação é controlada, e a economia destrava.

A receita para a condução da política econômica, a Ciência Econômica já consagrou, mas é preciso querer agir nesta direção.