27 de julho de 2024
POLÍTICA

Transbordo do lixo de Bauru não separa recicláveis

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
André Fleury Moraes
Pá carregadeira manuseia sacos repletos recicláveis nesta quinta-feira (6)

O sistema de transbordo do lixo de Bauru não inclui a separação dos materiais recicláveis e orgânicos, que são enterrados conjuntamente ainda que o primeiro possa ser transformado em fonte de receita ao ser vendido no mercado.

O problema foi constatado nesta quinta-feira (6) em diligência conjunta das comissões de Meio Ambiente, representada por seu presidente Júnior Lokadora (Podemos), e Fiscalização e Controle, pelo vereador Coronel Meira (Novo).

Os parlamentares foram ao antigo aterro sanitário nesta quinta para fiscalizar o local. "É dinheiro jogado fora", disse Meira ao JC após a vistoria.

A crítica do vereador se deve ao fato de que a prefeitura paga por tonelada de lixo aterrada - e sem a separação dos recicláveis o peso final naturalmente aumenta, assim como os custos.

A estimativa de proporção é de que cerca de 30% do lixo coletado seja composto por material reciclável.

A falta da separação dos resíduos persiste mesmo um ano depois de a própria Secretaria do Meio Ambiente (Semma) de Bauru sinalizar em audiência pública na Câmara para a elaboração de um estudo para envolver as cooperativas neste trabalho.

No aterro a rotina não muda muito. Interditado pela Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb) há anos, hoje ele serve apenas para o sistema de transbordo.

Caminhões da Emdurb que acondicionam o lixo urbano chegam até o local, jogam os sacos ao chão e uma máquina de pá carregadeira reconduz o material a caçambas da Estre Ambiental, mantenedora do aterro de Piratininga - o destino final dos resíduos.

Tudo é feito em questão de minutos. Nesta quinta, o JC acompanhou a diligência dos vereadores e notou, entre outras coisas, o despejo até mesmo de um sofá.

Também foi descartada quase uma dezena de sacos de rejeitos de material reciclável. Lokadora e Meira conversaram com um servidor que estava no local. Ele os informou que recolhe diretamente da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Bauru e Região (Ascam).

Ao JC, a presidente da entidade, Gisele Moreti, disse que se trata de material reciclável que já não pode ser utilizado ou comercializado no mercado. Moreti ressaltou também que chegou a solicitar a utilização do aterro para separar os resíduos, mas não obteve retorno.

A prefeitura, por sua vez, informou à reportagem que "Bauru possui um sistema de coleta seletiva antes da disposição final" e que "a coleta seletiva é composta de duas formas, sendo a primeira por meio da coleta porta a porta, e a segunda são os nove Ecopontos onde as pessoas podem entregar os seus recicláveis".

A Semma afirmou ainda que, "quanto à separação dos recicláveis que foram descartados incorretamente pela população, esta separação não pode ser feita manualmente por parte da administração pública".

A nota do governo lembra também da PPP do lixo, rejeitada pela Câmara no ano passado. "Estava prevista uma planta de tratamento de resíduos e a construção de quatro galpões para as cooperativas triarem os recicláveis".

Os vereadores derrubaram a proposta porque não viam avanço na iniciativa - especialmente porque o estudo mantinha a previsão de se aterrar lixo.