23 de dezembro de 2025
TRAGÉDIA DE AGUDOS

Celular achado em prédio onde adolescente caiu pode ser de vítima

Por Lilian Grasiela | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Larissa Bastos/Arquivo JC
Investigações sobre a morte do adolescente estão a cargo da 3.ª Delegacia de Homicídios da Deic de Bauru

A Polícia Civil realizou perícia complementar, nesta segunda-feira (3), no prédio em construção na avenida Doutor Adolpho Miraglia, na Vila Regina, em Bauru, onde adolescente de 15 anos suspeito de cometer um triplo homicídio em Agudos, no dia 24 de maio (leia mais abaixo), foi encontrado morto no dia 27. No local, os policiais civis encontraram um aparelho celular danificado que pode ter sido o mesmo que foi roubado de uma das vítimas.

De acordo com o delegado titular da 3.ª Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais (3.ª DH/Deic) de Bauru, Cledson do Nascimento, laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que o adolescente morreu em decorrência de lesão na coluna cervical. A perícia complementar, segundo ele, buscou esclarecer se um vergalhão desalinhado encontrado próximo ao corpo teria sido o ponto de impacto na queda.

No imóvel em construção, policiais também encontraram um celular danificado que, provavelmente, seria o mesmo roubado de uma das vítimas assassinadas em Agudos. O delegado informou que já encaminhou um ofício à operadora de telefonia para confirmar se trata-se do mesmo aparelho e aguarda resposta. Tanto a morte do adolescente, principal suspeito das mortes em Agudos, quanto o triplo homicídio, seguem sob apuração.


INVESTIGAÇÕES


Conforme divulgado pelo JC, após analisar cerca de 2 mil vídeos e 48 horas de gravações, a Policia Civil, através da 3.ª DH/Deic de Bauru, identificou o trio que acompanhava o adolescente de 15 anos suspeito do triplo homicídio em Agudos quando ele morreu no prédio em construção na Vila Regina, em Bauru. Os três foram ouvidos na última quarta-feira (29) e sustentaram a versão de queda acidental.

Segundo o delegado titular da 3.ª DH/Deic, Cledson do Nascimento, as imagens analisadas pela unidade revelaram que, na tarde do último dia 25 , quatro indivíduos entraram no prédio abandonado, um deles com blusa semelhante à encontrada com a vítima, e somente três saíram. Câmeras também registraram a presença do trio no local, no térreo, próximo ao ponto onde o corpo estava.

Os três — um adolescente de 16 anos e dois jovens, de 18 e 20 anos —, todos moradores de Agudos, foram identificados e levados à Deic. O primeiro, inclusive, já tinha sido ouvido na Delegacia de Agudos e revelado que o suspeito do triplo homicídio lhe confidenciou o roubo de R$ 800,00 e uma joia da residência do casal de aposentados Joana de Fátima Sanches Carrasco, 70, e Aparecido Roberto Carrasco, 74. O adolescente, porém, segundo a versão do amigo, não teria mencionado os homicídios dos idosos e do genro deles, o autônomo Valdinei de Sousa, 57.

Em depoimento na Deic de Bauru, o trio disse que, na manhã de sábado (25), após usarem maconha, os quatro resolveram vir para Bauru onde, sempre custeados pelo adolescente que foi encontrado morto, compraram tintas spray para pichação e "respingo de solda" para usarem como alucinógeno. Eles também teriam comprado salgados, refrigerantes e lanches em um mercado e, logo depois, foram até o prédio abandonado, no último andar, para consumirem a maconha, o "respingo de solda" e os salgados.

No local, durante a perícia, equipe da 3.ª DH chegou a apreender pacotes de salgados, lata de tinta e o "respingo de solda". "Na versão dos três, quando saíam do local, já próximo ao térreo, o adolescente disse que voltaria para apanhar seus chinelos e, logo em seguida, escutaram um forte estrondo e, quando foram ver, o mesmo estava caído no vão lateral, com vários ferimentos", revelou o titular da Deic em nota.

"Disseram que mexeram no mesmo, que em poucos segundos parou de respirar, retiraram sua bermuda para pegar o resto do dinheiro que estava com ele (cerca de R$ 30,00) e, assim, voltaram para Agudos no próximo circular, combinando de não contarem nada a ninguém". Os três alegaram que não pediram socorro porque temiam ser responsabilizados pela morte do amigo e afirmaram que todos estavam bastante alterados pelo uso do alucinógeno. Após o depoimento, todos foram liberados.

O CRIME

Os dois idosos e o genro deles foram encontrados mortos por uma mulher de 46 anos, esposa e filha das vítimas, que foi até a residência do casal, na avenida João Pessoa, no bairro Professor Simões, na dia 24 de maio, por volta das 10h30, após não conseguir contato telefônico com seu marido, que havia saído para caminhar, e com seus pais. O autônomo costumava visitar os sogros todas as manhã.

De acordo com o registro policial, o corpo do aposentado estava próximo ao fogão, na cozinha, e tinha perfurações no pescoço. Já a aposentada foi encontrada caída em outro cômodo, com golpes de faca na parte de trás do pescoço. O corpo de Valdinei foi localizado em outro cômodo, também com marcas de facadas no pescoço. A quantidade de golpes que cada um levou será levantada apenas após a perícia.

Equipe do Corpo de Bombeiros retirou da casa um botijão de gás que estava pegando fogo na cozinha. Segundo o BO, três bocas do fogão estavam acesas e um pano estava incendiado sobre ele. Investigações preliminares apontam que o adolescente teria subido no telhado de sua casa e entrado no imóvel das vítimas pelos fundos. O aparelho celular do aposentado não foi encontrado na residência.