29 de novembro de 2024
COLUNISTA

O Deus dos cristãos é trino e uno

Por Dom Caetano Ferrari |
| Tempo de leitura: 3 min
Bispo Emérito de Bauru

Um paradoxo matemático. Somos monoteístas, segundo a tradição bíblico-judaica; professamos a fé no Deus único que Jesus veio revelar como o seu Pai: "Tudo me foi entregue por meu Pai" (Mt 11,27). Jesus é o revelador deste Deus invisível: Ninguém jamais viu a Deus: O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o deu a conhecer" (Jo 1,18).

Todavia, neste domingo, celebramos a festa da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Pois também cremos que Jesus Cristo é quem nos revelou o mistério de Deus como Ele é em si mesmo: mistério de amor. Por isso dizia Santo Agostinho que "Onde existe o amor existe a Trindade: um que ama, um que é amado e uma fonte de amor". O Papa Bento XVI disse também que "Deus não é solidão, mas perfeita comunhão". No acontecimento da sua Páscoa se deu o lugar e o momento da suprema comunicação de Deus Trindade. Jesus, que por amor foi obediente à vontade do Pai e deu sua vida por nós, é o Senhor elevado sobre todas as coisas diante do qual todo joelho deve se dobrar no céu e na terra. Ele por sua vida, morte e ressurreição subiu para Deus, a quem nos revelou como Pai e a Si mesmo como Filho. Jesus orou ao Pai e, voltando-se para os homens, revelou-lhes o Espírito Santo como sendo o amor do Pai e do Filho, e O concedeu a eles e O concede igualmente a nós desde o nosso Batismo, a fim de tornar-nos filhos diletos do mesmo Deus e Pai, seus irmãos e ungidos do Santo Espírito.

O mistério da Trindade Santa revelado por Jesus Cristo tornou-se o centro da fé cristã, o dogma maior da Igreja. Podemos ler no Catecismo da Igreja: "O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina" (n. 234). É por isso que nós aprendemos desde o berço a nos persignar com o sinal da cruz que o traçamos na cabeça, na boca e no coração em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, do acordar ao dormir e ao longo do dia por toda a nossa vida. Pois, este é o sinal distintivo do cristão batizado em nome da Santíssima Trindade.

No texto evangélico da santa Missa - Mt 28,16-20 - vemos o Ressuscitado que se apresenta aos onze na Galiléia, com todo o seu Senhorio, e declara: "Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra". Em seguida, Jesus fez o envio dos discípulos à missão para irem evangelizar todos os povos e batizar os que crerem. O texto põe em destaque a fórmula trinitária das palavras de Jesus, que a Igreja usa na cerimônia do Batizado. Pois, Jesus concluiu o envio com estas palavras: "... batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".

Eis aqui, saídas da boca de Jesus, as três Pessoas divinas. Desde o nosso Batismo entramos em comunhão com a Santíssima Trindade e passamos a subsistir mesmo neste mundo como novas criaturas na circulação do amor divino do Pai e do Filho e do Espírito Santo, para proclamarmos como São Paulo: "Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim".

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre. Amém!