São o HPV, tabaco, álcool e muitos outros produtos químicos utilizados nos alimentos como herbicidas, fertilizantes, assim como os encontrados nos produtos de higiene pessoal e cosméticos. Um destaque especial deve ser dado aos produtos encontrados nos alimentos ultraprocessados como os embutidos e refrigerantes. É preciso ressaltar que a hereditariedade não é importante nos casos de câncer bucal, como é no câncer de intestino e de mama.
Não se deve usar enxagues/antissépticos com álcool na composição, não usem xaropes alcoólicos nas crianças e evitem colocar na boca produtos que tenham peróxido de hidrogênio ou água oxigenada para clarear os dentes. Água oxigenada e álcool potencializam os efeitos carcinogênicos dos incontáveis produtos que passam às dezenas pela boca e só devem ser usados nos dentes pelos profissionais com técnicas apropriadas de proteção para não entrarem em contato com a mucosa.
Pela boca ingerimos, respiramos, amamos, contatamos e imaginamos. Alimentos, objetos, dedos, corpos, gazes, poeira, químicos, insetos, parasitas, fungos, bactérias e vírus. Mais ainda: herbicidas, conservantes, aromatizantes, corantes, água oxigenada, álcool, hipoclorito de sódio, formol, sabão, pesticidas, hidrocarbonetos, tabaco, cosméticos, perfumes, temperos ou tudo. A boca é o local mais contaminado e exigido do corpo.
Cada vez mais o câncer bucal afeta pessoas mais jovens com 35 a 45 anos, não fumantes, usuário de álcool e sem preferência de gênero ou etnia. São pessoas que começaram a vida sexual muito cedo, com histórico de muitos parceiros e prática não seletiva do sexo oral.
Há duas décadas passadas, o perfil do portador era homem branco com mais de 50 anos, fumante, usuário do álcool e ou com história de exposição repetida ao sol. A prevenção e a proteção contra os raios solares ultravioletas B reduziram a prevalência do câncer de lábio inferior que deixou de ser o mais frequente. Agora o mais frequente é o câncer de margens de língua e soalho bucal.
O perfil do portador de câncer bucal mudou, pois entre as causas, agora está o HPV ou papilomavírus humano, que está presente em até 80% dos casos nos hospitais oncológicos. O HPV está envolvido em vários cânceres humanos e na Escócia. a vacinação anti-HPV das crianças reduziu a zero os casos de câncer uterino.
A vacina anti-HPV pode eliminar ou reduzir muito vários tipos de câncer no corpo humano. Os 12 subtipos de HPV oncogênicos inibem o gene p53 e as células epiteliais não morrem mais por velhice, via apoptose, e nem param de proliferar. Este gene p53 normalmente induzem as células epiteliais atípicas à morte e, se não forem eliminadas por apoptose, criam-se clones cancerosos.
Ter câncer de boca é um absurdo, pois sabemos suas causas e como aparece. A boca é acessível e as pessoas podem se autoexaminar todos os dias. Pelo menos uma vez ao ano, as pessoas deveriam ir ao cirurgião dentista, para que a examine. O câncer na boca avisa antes que pode aparecer na forma de manchas brancas, vermelhas ou escuras ou feridas que não cicatrizam depois de 7 a 10 dias.
A sociedade poderia ser esclarecida que sexo oral não é só quando se coloca a boca nos órgãos genitais. Fazer carícias íntimas em uma pessoa, e depois levar os dedos na boca, em termos virais e químicos, é igual ao sexo oral e pode levar HPV de um lugar para o outro. Um simples beijo, pode não ser tão simples, mesmo aquele selinho sem maldade. Depois das carícias íntimas, cumprimentar alguém com as mãos ou dar beijinhos nos amigos, do ponto de vista viral, o risco biológico é o mesmo do sexo oral.
A cada ano no Brasil, têm-se 7 a 14 mil casos de câncer na boca ou, em outras palavras, 30 novos casos por dia. Prevenção é evitar suas causas que são conhecidas e reconhecidas. Pense nisto!