Nossa estrutura é a base de proteínas e água, o resto pode se dizer que são complementos. As proteínas que temos são registradas na gestação e ninguém mais entra na lista depois do nascimento.
As proteínas que entram no corpo têm que ser cadastradas, e se não for, haverá uma reação imunológica até eliminar-se esta proteína. Se as proteínas estranhas fizerem parte de um transplante, esta reação será chamada de rejeição, que é um evento imunológico. Toda proteína estranha recebe o apelido de “antígeno”.
Os carboidratos, lipídeos, metais, íons e outros produtos das estruturas não têm cadastro, só as proteínas, o que faz parte da espécie. Quando entram no corpo promovem uma inflamação inespecífica que os contorna com macrófagos ao redor, mas sem resposta imunológica, ou seja, sem rejeição.
Estes produtos não proteicos sólidos ou particulados são apelidados de “corpos estranhos”. Nunca induzem resposta imunológica. A concentração periférica de macrófagos ao redor é chamada de “granuloma de corpo estranho” e não tem qualquer natureza imunológica ou associada a rejeição. É um processo indolor e de poucas consequências biológicas. O ser humano aproveita-se disto para inserir no nosso corpo produtos de plástico, silicone, metal, resina e até chips e eletrodos para substituir partes perdidas como os dentes ou exercer funções como liberar hormônios ou cargas elétricas.
O genial sueco Per-Ingvar Brånemark, descobriu por serendipidade, que o a liga de titânio não induzia nem rejeição, porque não tem proteínas na sua constituição, e nem inflamação do tipo granuloma de corpo estranho. Quando não induz nenhum tipo de reação corporal, o material pode ser classificado como “corpo inerte”.
Em síntese, temos três tipos de produtos que podem entrar no corpo: 1. Antígenos (induz resposta imunológica e inflamatória), 2. Corpos estranhos (induzem apenas resposta inflamatória tipo granuloma de corpo estranho) e, 3. Corpos inertes, que não induzem nem resposta imunológica, nem inflamatória.
O corpo inerte pode ser colocado nos tecidos, como no osso, e até receber cargas, que os tecidos irão considerá-los normais e parte deles, integrando-se às estruturas. E Branemark chamou isto de “osseointegração”. Alguns implantes dentários de zircônia, um outro metal, podem ser uma opção ao titânio, pois descobriu-se que também não induz resposta imunológica e nem inflamatória. Mas os dois são inertes!
FALTA FUNDAMENTOS
É impossível, do ponto de vista molecular, desenvolver respostas imunológicas a partir de metais. As ligas e produtos de titânio e de zircônia não tem componente proteico, ambos são inertes aos tecidos e se integram a eles. As suas estruturas metálicas são estáveis e até os nossos dias não induziram fenômenos desta natureza, apesar dos milhões de implantes colocados no mundo! A perda de implantes não está associada a eventos imunológicos, e sim a planejamentos inadequados ou uso indevido com manutenção deficiente.
É muito importante refletir também que as respostas alérgicas e autoimunes seguem os mesmos princípios da imunologia. Para um metal induzir este tipo de resposta, seria necessária uma explícita decomposição estrutural das ligas, cujos produtos seriam incorporados em proteínas do corpo. Estas proteínas modificadas com este material modificado aderido, induziria uma resposta alérgica e autoimune. É impensável isto acontecer pois teríamos estabelecidos, depois de mais de três décadas, uma “epidemia” de doenças induzidas ou associadas aos implantes dentários.
REFLEXÃO FINAL
Como temos milhares de marcas comerciais de implantes pelo mundo, e os interesses financeiros são enormes, sempre devemos ter cuidado quando ouvimos ou lemos que o implante, de tal produto ou origem, produziu rejeição, alergias ou autoimunidade. Pode ser que estejamos no meio de uma disputa ferrenha de mercado. Estejamos alertas!