29 de novembro de 2024
COLUNISTA

Jesus é a videira e nós os ramos

Por Dom Caetano Ferrari |
| Tempo de leitura: 3 min
Bispo Emérito de Bauru

No Antigo Testamento a vinha eleita era Israel mesmo, a qual Deus cuidou com muito carinho, mas ela infelizmente não produziu os bons frutos esperados; ao contrário, tornou-se uma vinha de "bastardos", com ramos "degenerados" e seus frutos "azedos" (cf. Is 5; Jr 2,21). No Novo Testamento, Jesus disse que, agora, Ele próprio é a videira verdadeira; os que estão unidos a Ele, isto é, o povo da nova Aliança ou o novo Israel são os seus ramos. Ele comunicou ainda que o Pai é o agricultor, que cuida para que os ramos produzam frutos. Por isso o Pai corta os ramos secos e inúteis, porque nada produzem, e poda os ramos bons para que produzam mais ainda. Como lição desta nova imagem alegórica da vinha verdadeira, Jesus disse aos seus discípulos: "Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e Eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer". Concluindo, Jesus afirmou ainda que, em consequência, duas situações se apresentarão. Primeiro, para vós, se assim estiverdes bem unidos a mim, tudo o que quiserdes vos será dado. Segundo, meu Pai será glorificado se produzirdes muito fruto e permanecerdes meus discípulos. Essa é a mensagem do Evangelho da santa Missa de hoje, lido em Jo 15,1-8.

O pensamento forte presente neste Evangelho, que inclusive absorvemos desde o nosso catecismo, mas que fomos compreender mais tarde com a experiência de vida, e que costumamos repetir com frequência por ser uma verdade de fé constatável no cotidiano, é este: "Sem Jesus, nada podemos fazer". Assim, Jesus explicou aos discípulos: "Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim".

Então, a pergunta que se segue é esta: Coimo poderemos nos unir a Cristo e receber dEle a seiva vital que nos mantém na união com Ele e na fecundidade para produzir frutos bons e abundantes, ou seja, uvas de variadas cores e deliciosos sabores e em grande quantidade? A resposta é: Pela fé e o amor.

A adesão a Jesus se dá pela resposta da fé, que pode se dar de várias maneiras. Por exemplo, professando com a boca, o coração e o entendimento: Jesus creio em vós, ou Jesus confio em Vós, ou creio Senhor, ou meu Deus e meu Senhor, ou Jesus aqui estou, contai comigo. Foi Jesus quem disse: "Quem crer em mim e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado" (Mc 16,16). Pela fé somos um ramo bem unido ao tronco, à videira, isto é, a Jesus. Pois que passamos a ter a mesma vida de Jesus, a participar da natureza do mesmo princípio vital de Jesus, do mesmo DNA de Jesus, do mesmo corpo de Jesus, em síntese, a ser um só com Ele.

Bem junto com a fé anda o amor. Não se pode crer sem o amor, nem amar sem o crer. Crer já é um ato do amor. A prova da fé é o amor. As obras do amor são a prova concreta e visível da fé. Não basta dizer "creio, que não se prova com simples palavras, mas é preciso mostrar a fé com as obras do amor. Por isso, o apóstolo João dizia: "Filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas com ações e em verdade" (1Jo 3,18). Quem ama a Jesus guarda os seus mandamentos, dispõe-se a conhecer a vontade de Deus e decide-se firmemente a viver conforme essa santa vontade e mandamentos. Pois, para esse fim Jesus veio a este mundo: "Para fazer em tudo a vontade do Pai".

Orando com toda a Igreja, peçamos a Cristo para que essas suas palavras do Evangelho permaneçam em nós e nós permaneçamos firmemente unidos a Ele, a fim de que possamos produzir frutos de bem, de paz e de amor por toda a nossa vida.