28 de novembro de 2024
COLUNISTA

Sincronicidade, existe?


| Tempo de leitura: 3 min
Professor Titular da USP e Colunista de Ciências do JC
Será que existe influência dos astros na sincronicidade ou seria o contrário?

Como seria bom estar em um café, conversando com aquela pessoa querida e admirada. O peito aquecido pela saudade é acalmado pelo cérebro consciente de que isto um dia vai acontecer de novo. E não é que, ao olhar a paisagem lá fora, entra pela porta a pessoa lembrada!

Isto não foi coincidência, mas sim sincronicidade. Coincidências para Carl Jung não existem, pois ele chegou até a pensar em classificar estas “coincidências incríveis” como uma forma de intuição. Ao chamar de sincronicidade esta coincidência, se atribuiu um significado a ela, mas sem estabelecer-se uma relação direta de causa e efeito.

Acontece muito no telefone, quando se está pensando muito e de forma importante sobre uma determinada pessoa, instituição ou oportunidade, e eis que o telefone toca ou o aplicativo registra que lhe estão chamando ou requisitando para conversar sobre o assunto. Podemos conceituar sincronicidade como a coincidência significativa entre eventos psíquicos e físicos de dois ou mais fatos. Já aconteceu muitas vezes no avião, ao meu lado sentar uma pessoa que há muito tempo queria dividir algumas horas de conversa.

Eu diria: que coincidência! Hoje eu quase grito: que sincronicidade! O ser humano deveria curtir mais a sincronicidade, pois ela representa uma das facetas na beleza e da inteligência humana. Nada é por acaso. O saudoso escritor Milan Kundera diria que “Os astros se alinham e o universo conspira a favor dos bem-intencionados” e Paulo Coelho foi mais longe ao escrever que “O Universo não julga e ainda conspira a favor do que desejamos”. Se fixarmos o pensamento e o objetivo, concentrar-se nas ações e acreditar no seu potencial, será praticamente inevitável, nós chegaremos lá! Acreditem na sincronicidade, ela tem muitas coincidências significativas que somando-se os prováveis efeitos, levam ao objetivo desejado. 

SERÁ?

Se experiência pessoal valer, eu tive e tenho coisas que nem o mais crente dos humanos advindos do mesmo lugar que eu, pensaria em conseguir ao longo da vida. Acho que desejei tanto, orei e trabalhei tanto, que acabei premiado. Talvez, ajudou muito o fato de ter aprendido bem cedo, que esta frase está errada: “Deus ajuda, quem cedo madruga”. A frase certa é: “A Deus ajuda, quem cedo madruga”, pois fica mais fácil Deus te ajudar se você trabalhar um pouco mais, até acordando de madrugada para isto, ou até nem dormindo. Que diferença faz um “A” em uma frase.

Aprofundando mais ainda a reflexão, nós seríamos objetos da sincronicidade ou apenas uma coincidência factual? Para Marilyn Ferguson. “o mundo não nos parece ser um jogo cego de átomos, mas sim uma grande organização”. Seríamos casuais ou estaríamos aqui de forma planejada?  Entre milhões de espermatozoides, um ter encontrado aquele óvulo e dado origem a você é incrível! O que fez aquele espermatozoide ser o campeão: é sincronicidade ou coincidência muito maluca!

O encontro entre duas pessoas pode ser casual ou é sincronicidade resultante de um desejo mental de ambas dentro de um padrão afetivo, físico e emotivo que se materializou? Às vezes, se quer tanto encontrar, que acontece! Existem os que acreditam que o encontro faz parte de uma programação espiritual como parte de um verdadeiro destino marcado.

REFLEXÃO FINAL

Será que na ciência existe sincronicidade? Eu já vi coisas na prática da ciência, que apenas a sincronicidade explicaria!

E na sua vida, já notou a sincronicidade alguma vez? Estás com alguém por coincidência ou seria sincronicidade? Você já usou sua força mental para ter uma sincronicidade ou nunca pensou sobre isto? Ou você acha que tudo nesta vida é pura coincidência! Converse sobre isto com os amigos, familiares e até a dois!

Alberto Consolaro – Professor Titular da USP e Colunista de Ciências do JC