28 de setembro de 2024
OPINIÃO

O xadrez das eleições municipais não serve de detergente histórico

Por Henrique Matthiesen |
| Tempo de leitura: 2 min
Formado em Direito, pós-graduado em Sociologia

O tabuleiro do xadrez das eleições municipais começa a ser organizado com a composição de peões, cavalos, bispos, torres, rainhas e reis. Dentre as peças, é necessário preparar as estratégias e tentar antever *as ações* dos distintos adversários.

Embora o processo eleitoral seja um momento de conquista de corações e almas, o jogo é frio, calculado e esquematizado. Os comandos das campanhas e os próprios candidatos buscam balizar seus passos, suas falas e, em alguns casos, seus gestos.

Tudo isto ocorre em um processo interiorizado, pois no corpo a corpo, a emoção, e muitas vezes o embuste popularesco de cenas constrangedoras, como o clássico pastel e caldo de cana nas feiras livres de todo o País, fazem-se presentes.

Entretanto, há fatos que não se mudam, não se esquecem, não se alteram. Um destes é o golpe de Estado sofrido pela presidente Dilma Rousseff em 2016. Não existe detergente histórico capaz de apagar ou amenizar este fato incontestável de que o impeachment foi um golpe liderado por Michel Temer, Eduardo Cunha, entre outros de nefasta lembrança.

Este ensejo se encaixa em Marta Suplicy, assim como em outros deputados e senadores, que deixaram e colaboraram com o golpe ao votarem favoráveis ao impeachment, maculando suas biografias quando deixaram suas impressões digitais no golpe.

É importante não se olvidar que o comando deste golpe serviu colonizadamente aos interesses não pátrios. Cinco meses após o golpe contra Dilma, foi instituída a política de preços internacionais e iniciado o desmonte da Petrobras, com reflexos negativos para a sociedade brasileira.

Não podemos deixar de relembrar que este golpe teve participação direta da "Lava-Jato", que depois se provou ser um movimento político que contribuiu com a eleição de Bolsonaro. Isto não podemos esquecer e não podemos ignorar.

Guilherme Boulos é o melhor candidato para concorrer às eleições da Cidade de São Paulo. É compreensível que o campo progressista, na correlação de forças, não tenha votos suficientes para ganhar.

É necessário buscar composições e o centro. Contudo, entre os movimentos das peças, apenas não esquecer que Dilma Rousseff sofreu um Golpe de Estado.