29 de novembro de 2024
COMPRAS

27% dos consumidores emprestam o nome de terceiros para fazer compras

da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Vinicius Bomfim/JC Imagens
Elion Pontechelle Junior, consultor jurídico da CDL

Os altos índices de inadimplência são um desafio para a economia do País e, diante da recusa de um pedido de crédito, a solução encontrada por muitos consumidores é usar o nome de amigos ou familiares. Pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que 27% dos consumidores fizeram compras com cheque, cartão de crédito, crediário ou financiamento utilizando o nome emprestado de outra pessoa, entre agosto de 2022 e julho de 2023.

O período corresponde aos últimos 12 meses anteriores ao levantamento, realizado entre o final de julho e início de agosto do ano passado, em parceria com a Offerwise Pesquisas. Seguindo a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Bauru, o percentual coincide com a realidade observada no mercado varejista da cidade, que atualmente, soma 24.118 consumidores com o nome incluído no cadastro de proteção ao crédito da entidade.

Juntos, eles são responsáveis por uma inadimplência de R$ 31,8 milhões. "Ao longo do ano, vemos isso acontecer, seja para fazer compras, seja para negociar dívidas e tirar o nome do SPC. É algo que está se disseminando e a pessoa que não empresta pode até acabar sendo malvista por quem pediu", pontua o consultor jurídico da CDL, Elion Pontechelle Junior.

MOTIVAÇÃO

A pesquisa revela que a grande maioria dos que pediram o nome de terceiro emprestado utilizou o cartão de crédito, tendo como motivação, principalmente, a dificuldade de acesso ao crédito ou surgimento de imprevistos associado à ausência de reserva de emergência. Pontechelle Junior pondera que o empréstimo de nome é uma atitude solidária, mas que pode gerar prejuízos e constrangimentos, já que a responsabilidade legal sobre a dívida é do titular do cartão, do financiamento ou do cheque.

"As consequências podem ser negativas, com problemas financeiros para quem emprestou o nome e para as relações interpessoais, já que, se o devedor não devolver o dinheiro, uma amizade ou um vínculo familiar pode ser rompido", avalia.

O estudo da CNDL/SPC revela ainda que as pessoas mais procuradas por quem precisa de crédito são do círculo de convivência mais próximo, como cônjuges, pais e irmãos. E os argumentos de convencimento mais usados vão desde pagar uma dívida, fazer compras de supermercado e arcar com custos médicos e de remédios.

"Quando há uma situação de emergência, em que a pessoa precisa do dinheiro para comprar um item essencial, uma possibilidade é amigos ou familiares se cotizarem. Não fica pesado para ninguém e, se o valor não for devolvido, ninguém sofre um grande prejuízo", completa o consultor.