29 de novembro de 2024
ALTA DE 10,1%

Bauru tem maior alta do PIB em 5 anos, aponta IBGE

Por Tisa Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
João Rosan/JC Imagens
Comércio e serviços são setores predominantes no ranking

O Produto Interno Bruto (PIB) de Bauru avançou de R$ 15,180 bilhões, em 2020, para R$ 16,721 bilhões, em 2021, consolidando uma alta de 10,1%, a maior em cinco anos. Em 2020, no primeiro ano de pandemia de Covid-19, a variação havia sido negativa, de -0,9%. Já em 2019, tinha avançado 4,6%; e, em 2018, 5,5%, o mesmo percentual contabilizado em 2017. O percentuais não descontam os índices de inflação registrados no período.

O Produto Interno Bruto representa a soma do valor de todos os bens e serviços finais produzidos em determinado período. Trata-se de um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia para mensurar a atividade econômica, que inclui o desempenho de setores como administração pública, agricultura, indústria, serviços e comércio. No Brasil, o indicador atingiu R$ 9 trilhões e, no Estado de São Paulo, R$ 2,720 trilhões.

Segundo dados recentemente divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de comércio e serviços foi o principal responsável pela riqueza produzida na cidade, compondo R$ 10,734 bilhões do PIB de 2021, quase dois terços do total alcançado. O segmento da Indústria respondeu por outros R$ 2,525 bilhões; a administração pública, por R$ 1,571 bilhão e a agropecuária, por R$ 49,290 milhões.

Segundo o economista Marcos Garcia, é possível que Bauru tenha registrado um crescimento maior do PIB em 2021, porque a base de comparação, 2020, foi ruim, por ter sido o primeiro ano de pandemia, com forte desaceleração de diversos setores econômicos. E os principais impactados, logo que medidas foram adotadas para restringir a aglomeração de pessoas, foram justamente empresas de comércio e serviços. "Exemplos são o setor de hotelaria, casas noturnas, festas, buffets, bares. Já em 2021, as atividades foram sendo retomadas", analisa ele, que também é auditor fiscal da prefeitura.

PERDAS

Apesar do resultado positivo, na série histórica do PIB, Bauru também soma pontos negativos. Um deles é o fato de, apesar de registrar o 81.º maior PIB entre todos os municípios brasileiros, sequer figura entre as 100 cidades com melhor PIB per capita.

Isso mostra que a posição de destaque no ranking do PIB pode ter sido alcançada mais pelo tamanho da cidade, a 66.ª mais populosa do País, do que propriamente por sua pujança econômica. "Uma parcela da população de Bauru é bastante pobre e pouco pode consumir, o que não ajuda a estimular a economia. Por outro lado, muitas pessoas que trabalham em empresas grandes, como a Bracell, moram em Bauru e aqui gastam sua renda", pondera Garcia.

Apenas como medida de comparação, na região, Lençóis Paulista somou PIB de R$ 4,924 bilhões, com PIB por habitante de R$ 70,818 mil. Já o PIB de Lins foi de R$ 6,764 bilhões, sendo o per capita de R$ 85,643 mil. Este último valor é quase o dobro do contabilizado por Bauru, de R$ 43,807 mil.

Além disso, Bauru vem perdendo posições no ranking do IBGE. Para se ter ideia, mesmo com o PIB em ascendência, caiu 14 posições entre 2017 e 2021, passando do 67.º ao 81.º município com maior PIB, após ser ultrapassada por cidades como Diadema, Cubatão e Hortolândia, entre outras no território nacional.

Economia do país continuou a se desconcentrar em 2021

Dados divulgados no último dia 15 pelo IBGE mostram que, entre 2020 e 2021, os cinco municípios com os maiores ganhos de participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil foram Maricá (RJ), com crescimento de 0,5 ponto percentual; Saquarema (RJ), 0,3 ponto percentual; Niterói (RJ), com 0,2 ponto percentual; São Sebastião (SP) e Campos dos Goytacazes (RJ), ambos com 0,1 ponto percentual. Na lista dos 25 municípios com maior participação no PIB, as novidades foram as entradas de Maricá (RJ) e Itajaí (SC), e as saídas de Sorocaba (SP) e Uberlândia (MG).

Já as cinco quedas de participação mais intensas foram de São Paulo (SP), com perda de participação de 0,6 ponto percentual; Rio de Janeiro (RJ), -0,4 ponto percentual; Brasília (DF), -0,3 ponto percentual; Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS), ambos com -0,1 ponto percentual.

"Os resultados expressam uma recuperação econômica das capitais e outras agregações com maior participação no PIB brasileiro que, por terem como atividade principal os serviços presenciais, foram fortemente afetadas pela pandemia de Ckvjd-19. No entanto, apesar do aumento nominal desse grupo de municípios em 2021, a participação deles no PIB ainda está aquém do patamar de 2019", explica Luiz Antonio de Sá, analista de Contas Regionais do IBGE.

Em 2021, 11 municípios responderam por quase 25% do PIB nacional e 16,6% da população brasileira, enquanto as 87 cidades com os maiores PIBs representavam, aproximadamente, 50% do PIB total e 36,7% da população do país. Em 2002, apenas quatro municípios somados representavam cerca de ¼ da economia nacional.

Os municípios que responderam por cerca de ¼ do PIB em 2021 foram: São Paulo (SP), com 9,2%; Rio de Janeiro (RJ), 4,0%; Brasília (DF), 3,2%; Belo Horizonte (MG), 1,2%; Manaus (AM), 1,1%; Curitiba (PR), 1,1%; Osasco (SP), 1,0%; Maricá (RJ), 1,0%; Porto Alegre (RS), 0,9%; Guarulhos (SP), 0,9% e Fortaleza (CE), 0,8%.

Entre 2002 e 2021, Manaus (AM) subiu da sétima posição para a quinta; Curitiba (PR), passou da quinta para a sexta; Osasco (SP), da 16ª para a sétima; Maricá (RJ), da 354ª para a oitava; enquanto Porto Alegre (RS) passou da sexta para a nona; Guarulhos (SP), da 14ª para a décima e Fortaleza (CE), da 12ª para a 11ª.