Outubro é mês missionário. A Exortação Apostólica "Evangelii Gaudium" (A Alegria do Evangelho) do Papa Francisco é um documento bom para ser lido neste outubro da primavera. Na primavera a natureza floresce e tudo fica mais alegre. Uma oportunidade excelente para o anúncio da alegria do Evangelho.
É neste documento que o Papa Francisco fala de uma Igreja "em saída". Ele acentua que é próprio da Palavra de Deus o dinamismo de "saída". Relembra Abraão que aceitou a chamada de Deus para partir rumo à outra terra; Moisés a quem Deus ordenou: "Vai, Eu te envio"; Jeremias a quem disse: "Irás aonde Eu te ordenar"; Jesus com o seu: "Ide e fazei discípulos de todos os povos" e "evangelizai toda criatura" (n.20).
A Igreja "em saída", diz o Papa, deve estar sempre de portas abertas para acolher os seus filhos que dela precisarem, sobretudo, daqueles que estão voltando de seus afastamentos para que, à semelhança do filho pródigo arrependido, sintam-se recebidos com misericórdia pelo Pai que os espera de portas abertas à frente da casa. Acentuando a misericórdia divina, o Papa ressalta a importância de uma Igreja reveladora do rosto misericordioso de Deus que não cansa nunca de perdoar e de distribuir a sua graça. (cf.n.46-47). Lembrando que o anúncio do Evangelho, conforme o mandato de Jesus, é para todos os povos, o Papa afirma que todos os batizados devem igualmente assumir a tarefa da missão, pois também hoje a salvação é para todo este nosso mundo.
O Papa não deixa de recomendar a oração e a contemplação como práticas de piedade necessárias para que sejamos evangelizadores com espírito. Sem abertura à ação do Espírito toda a nossa evangelização corre o risco de ficar vã e o anúncio carece de alma (cf.n.259). Segundo diz o Papa: "Evangelizadores com espírito quer dizer evangelizadores que rezam e trabalham... Sem momentos prolongados de adoração, de encontro orante com a Palavra, de diálogo sincero com o Senhor, as tarefas facilmente se esvaziam de significado, fraquejamos com o cansaço e as dificuldades, e o ardor apaga-se. A Igreja não pode dispensar o pulmão da oração..." (n.262).
Ao fim da Exortação, o Papa fala da Mãe do Evangelho vivente, a Estrela da nova evangelização, Maria Santíssima (cf.n.287). Lembra que ela é "a mulher orante e trabalhadora em Nazaré, que é nossa Senhora da prontidão, a que sai "à pressa" (Lc 1,39) de casa para ir ajudar os outros" (n.288). Pede-nos que lhe supliquemos que nos ajude a sermos Igreja em saída a fim de que a alegria do Evangelho chegue até os confins da terra e nenhuma periferia fique privada da sua luz (cf.n.288).
No Evangelho da Missa deste domingo - Mt 21,28-32 - Jesus dirige-se especialmente aos sacerdotes e anciãos do povo para contar a parábola dos dois filhos que receberam do pai a mesma ordem: "Filho, vai trabalhar hoje na vinha!" O primeiro disse não, mas depois arrependeu-se e foi. O segundo disse sim, mas não foi. Jesus perguntou: "Qual dos dois fez a vontade do pai?" Eles responderam: "O primeiro". Jesus concluiu a parábola, dizendo-lhes: Cuidem-se porque os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no reino de Deus. João veio até vós apontando um caminho de justiça e vós não acreditastes nele. Contrariamente, os cobradores de impostos e as prostitutas creram nele. Converteram-se e vós não vos arrependestes. A mensagem é de que as aparências se enganam e a verdadeira obediência não necessariamente consiste em dizer "sim", mas no fazer "sim" conforme a vontade do Pai. Que se cuidem os filhos de Israel como os sacerdotes e anciãos que desde a primeira hora disseram "sim", mas não vivem de acordo com a vontade de Deus, nem se arrependem nem se convertem, diante da pregação dos verdadeiros mensageiros de Deus. Enquanto os publicanos e as meretrizes que andavam no caminho errado, quando chamados à conversão por João Batista, mesmo no adiantado da hora, se arrependeram e mudaram de vida. Estes acabaram se constituindo nos filhos verdadeiramente obedientes e precedem no reino aos da primeira hora. Em outra ocasião, mas na mesma linha de pensamento, Jesus disse que é por isso que os últimos serão os primeiros e os primeiros, os últimos. Porque Deus acolhe o pecador que se converte e despreza o juto que deixa o seu caminho.