É muito comum justificar o sucesso assim: 1. Nossa ela teve sorte, encontrou as pessoas certas, na hora certa e soube aproveitar! 2. Ele teve sucesso rápido, estava escrito nas estrelas! 3. Realmente, ele tem o “dom”, Deus o privilegiou!
Será que Deus premiaria alguns e outros não? Será que na fila para nascer, tem alguns que recebem destinos diferentes como sucesso, fracasso, mesmice, relevância, protagonismo, significância e inteligência? Quais seriam os critérios? Será que no plano divino, não somos todos iguais? Ou por lá também conta o currículo?
E tem ainda a volta ao plano celestial: será que devemos apresentar um relatório de nossas atividades por aqui? Ou a volta é liberada para todos, bastando pedir perdão e boa? Talvez esteja informatizado e, ao aparecer no portão celeste, o reconhecimento facial já coloca o seu currículo terrestre na tela.
Quem vê o sucesso alheio, mal sabe o trabalho que deu, igual a popular frase: “ele repara nas cachaças que bebo, mas não sabe os tombos que eu levei”. O sucesso é resultado de muito trabalho. Esforços e fortunas são gastos para se roubar e estudar o cérebro de inteligentes e famosos como aconteceu com os de Einstein e Shakespeare que ainda não descansaram em paz. Já os canibais, tinham fascinação por comer o cérebro dos que morriam, pois acreditavam na transferência de poder, força e sabedoria.
SUCESSO
O conhecimento e autoconhecimento é poder e dá independência na postura, na capacidade de decisão e serve de ferramentas para construir a vida como se deseja. Cada vez mais é raro se ver alguém saboreando uma obra literária ou científica. Conhecimento e sabedoria são construídos e requer reflexão e dedicação extrema com organização máxima no pensar e fazer! O sucesso só vem antes do trabalho no dicionário, afinal o S é antes do T.
O objeto de desejo ainda é fazer com que nossas cabeças tenham conexão Wi-Fi (“wireless field” ou sem fio) para absorver o conhecimento de outros humanos e máquinas! Mas é difícil, pois mesmo o conhecimento absorvido, requer reflexão. O cérebro de muitas pessoas tem capacidade zero de abstração e reflexão, pois não aprenderam fazer isto, igual os computadores. Sem trabalho interpretativo, nada se aproveita da memória transferida para construir sabedoria.
Depois de uma aula, precisa-se aquietar, relaxar, ler e interpretar serenamente as informações para o conhecimento e a sabedoria impregnar a alma. Um boa educação deve ensinar as pessoas a pensar, analisar, abstrair e criar. Isto exige liberdade acima de tudo, arte e ciência disponível o tempo todo.
DOM EXISTE?
Deus não seria injusto premiando alguns com sorte ou azar, talento ou limitação, habilidade ou descoordenação. Nascemos com todas as possibilidades e nos cabe explorá-las, mas para isto se requer muito treinamento. Malcolm Gladwell desenvolveu a teoria das 10 mil horas no livro “Fora de série (Outliers)”. Ele mostra que ninguém é virtuose musical, gênio esportivo e intelectual autêntico sem treinamento acima destes limites. Ele analisou gênios da música, artes e esportes, e todos antes do sucesso treinaram muito mais que isto.
Ninguém acha o sucesso, ele é construído. O dom é dádiva divina para todos, cabe nos explorar as habilidades estimuladas de acordo com o meio onde se nasce e vive. Devemos aprender desde cedo que nascemos para o sucesso, mas antes temos que dar uma “raladinha”, um outro nome para trabalho. Sem trabalho, o sucesso derreterá sumariamente.
REFLEXÃO FINAL
Nas noites mais escuras, não há como descobrir cérebros brilhantes. Na vida de todos os gênios sempre se resgata uma vida de contemplação, estudo, curiosidade, colaboração e acima de tudo: muita dedicação e trabalho duro. É comum nas minhas mensagens eu terminar assim: “- Sucesso aí!”. É uma forma de dizer “Bom trabalho para você”. Enquanto isto, cantemos com Diogo Nogueira a música “A vitória demora, mas vem”.