Ansiosos e apressados, muitos motoristas estão avançando por cruzamentos semaforizados no sinal vermelho, pouco antes de a luz converter para o verde. Para tanto, ficam atentos ao funcionamento do equipamento luminoso ao lado, da via em que não estão trafegando, aguardando o início da transição da cor amarela para a vermelha do fluxo de veículos da perpendicular. É nesta fração de segundo que aceleram em direção aos seus destinos.
Segundo a Polícia Militar (PM), esta 'cobiça ao semáforo alheio' cresceu nos últimos anos e tem provocado cada vez mais acidentes em Bauru. "É uma prática bastante comum, especialmente entre motociclistas. São pessoas cada vez mais apressadas, que acreditam que um ou dois segundos a menos de espera vão trazer algum benefício em suas vidas. Mas, pelo contrário, podem gerar problemas", explica o primeiro-tenente Júlio César Pereira da Silva, comandante do Pelotão de Policiamento de Trânsito da PM de Bauru.
De acordo com ele, se o condutor avança sobre a faixa de pedestre quando o sinal ainda está vermelho, fica configurada infração gravíssima, passível de multa no valor de R$ 293,47, além da inclusão de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Embora ao limite de pontos da CNH tenha sido aumentado para 40, com três infrações gravíssimas, o motorista já tem o direito de dirigir suspenso.
"Se o policial flagrar esta atitude, por dever de ofício, irá autuar o condutor. E é o que tem sido feito, por tratar-se de uma infração que pode gerar colisões entre os veículos que estão transitando pelo cruzamento, além de atropelamentos, especialmente de idosos sem mais audição e visão apuradas, além de jovens que usam fones de ouvido e ficam manuseando, distraídos, o celular, confiando que estão seguros na faixa de pedestre", descreve o tenente.
As vias onde esta prática ocorre com maior frequência são as que possuem semáforos com sinal vermelho mais demorado, incluindo transversais de avenidas importantes, como a Duque de Caxias, e em cruzamentos com semáforos de três ou quatro tempos. "Eles geram uma ansiedade maior no motorista, mas nada justifica o cometimento de uma infração".