A avaliação de que o Partido dos Trabalhadores (PT) é "rachado" internamente é equivocada. Divisões internas são naturais em qualquer legenda. A diferença é que o PT discute e vota as propostas que seus membros propõem - e todos respeitam o resultado.
Assim responde o presidente da sigla em Bauru, Cláudio Lago, quando questionado sobre se o PT tem conflitos internos no município. "Em Bauru temos três ou quatro divisões nesse sentido. No âmbito nacional, cerca de 14. Isso é natural dentro de qualquer legenda", afirma.
Lago foi o entrevistado desta sexta-feira (1) do programa Café com Política, uma parceria entre o JC e a 96FM, e garantiu aos jornalistas João Jabbour, Ricardo Bizarra, Kleber Santos e Reinaldo Cafeo que o PT é o único grande partido que se alinha num só programa.
Ele discorda da avaliação de que Bauru é uma cidade conservadora - a maior parte do eleitorado votou no ex-presidente Bolsonaro e seu candidato ao governo de SP, Tarcísio de Freitas - e afirma que a história do município diz o contrário.
"De 1980 até hoje não houve prefeitos conservadores, à exceção de Suéllen. Tivemos Tuga, Izzo, Nilson Costa, Tidei [de Lima], Rodrigo Agostinho e Gazzetta. Todos do campo progressista", afirmou.
Para ele, muito embora Agostinho tenha sido eleito pelo então PMDB, seus mandatos priorizaram pautas progressistas - entre as quais a valorização dos conselhos municipais e o estudo de direitos humanos nas escolas municipais.
Lago destacou ainda que a eleição de 2018, que elegeu Bolsonaro, foi atípica e resultado de uma tendência mundial em torno de nomes à direita. "Se eu me candidatasse como General Lago ou Coronel Lago teria chances de ser eleito", brincou.
Segundo ele, o cenário atual na política de Bauru mostra que há chances de o PT se reorganizar e eleger bons nomes à Câmara ou mesmo à Prefeitura. Ele não descarta, no entanto, abrir mão de um nome do PT na chapa majoritária a depender do entendimento das legendas de oposição. Como publicou o JC em julho, um levantamento realizado pela empresa Ágili Pesquisas mostra que a prefeita Suéllen Rosim está empatada tecnicamente com o atual presidente do Ibama em intenção de votos - a mandatária tem 22,5% contra 20% registrados por Rodrigo. "Obviamente o PT ficou enfraquecido com a ascendência da extrema-direita e pela Operação Lava Jato. E agora estamos nos reestruturando", apontou.