27 de julho de 2024
NEGÓCIOS

Marcas consolidadas buscam as cidades menores para expandir

Por Beatriz Gatti |
| Tempo de leitura: 3 min
Pixabay
Sorveterias estão entre as apostas de franqueados

Franquias veem nas cidades pequenas uma nova frente para expansão dos seus negócios. Com marcas consolidadas, as redes fazem sucesso com consumidores ávidos por novidade, que têm acesso a pouca variedade de serviços.

O dentista Rodrigo Guiducci ficou empolgado para conhecer a primeira lanchonete de fast food inaugurada em sua cidade, Ubá (MG). Foram meses até que as filas diminuíssem e ele conseguisse, em uma terça-feira à noite, levar o filho para comer um lanche no Bobs.

O dono da unidade, o empreendedor Rodrigo Castro, saiu de Petrópolis (RJ) para criar o próprio negócio no município mineiro, com população estimada em 118 mil habitantes. "Viemos visitar a cidade e percebemos que faltava um quiosque de sorvete. A gente sentiu que não tinha como dar errado, porque aqui é muito quente", afirma.

Por enquanto, tem dado certo. O empreendimento é uma loja, e não um quiosque, como ele havia pensado no início. A cada mês, as metas de venda têm sido atingidas, apesar de o movimento ter estabilizado após a inauguração.

"Em cidades menores, a população foca muito o que é novidade e aquilo vira um evento", diz Lucas Hahn, coordenador estadual de comércio do Sebrae-PR. A atração pelo novo é natural em relação a qualquer tipo de negócio, mas a consolidação de marca favorece as franquias.

Mas a busca por oportunidades em municípios menores depende da existência de um mercado consumidor. "Não adianta ter unidades em 5.000 cidades se muitas delas não têm potencial para aquela atividade", afirma Tadeu Masano, presidente da consultoria Geografia de Mercado.

A OdontoCompany, quinta maior franqueadora do Brasil, tem como uma de suas estratégias explorar demandas reprimidas em relação a serviços desse segmento. A empresa tem 50% de suas lojas em cidades com até 100 mil habitantes. Além disso, tem um programa de expansão específico para municípios a partir de 30 mil habitantes.

Das 2.000 unidades da companhia espalhadas pelo país, três pertencem ao ubaense Rodrigo Guiducci. A primeira surgiu a partir de uma adaptação da clínica que ele tinha para uma loja da franquia. Mas a demanda foi tão grande que o dentista teve de comprar um imóvel sete vezes maior.

"Temos 25 mil cadastrados no sistema, o que representa quase um quarto da população da cidade", diz Guiducci, que ainda abriu mais duas unidades, uma em Viçosa e outra Rodeiro, próximas a Ubá. Na opinião dele, a franquia facilita o acesso ao tratamento odontológico pela cobertura de procedimentos disponíveis, pelas formas de pagamento e também pelo preço.

Para ampliar seu alcance, a Chiquinho Sorvetes aposta em municípios ainda menores. Com um plano de negócios voltado para cidades entre 25 mil e 50 mil habitantes, a franqueadora tem 20% das unidades nesses locais.

"São mercados menores, só que o custo fixo é menor, o aluguel e o investimento também", afirma Isaias Bernardes, presidente da marca, que foi fundada nos anos 1980 no interior de Minas.

Segundo Lucas Hahn, do Sebrae, a padronização de processos, característica das franquias, permite que elas consigam baratear a oferta de serviços. “Essa diminuição de custos faz com que uma demanda que não estava sendo atendida comece a ser”, afirma. “Acho que é bom para todo mundo. Dá uma impressão de que a cidade está crescendo, a gente consegue democratizar o tratamento e gerar emprego”, diz Rodrigo Guiducci, que planeja abrir a quarta unidade da franquia em Visconde de Rio Branco, município da região com 43 mil habitantes.

Embora a maioria dos brasileiros viva em grandes centros, cidades com até 100 mil habitantes englobam cerca de 90 milhões de pessoas quase 43% da população.

Além de melhores condições para o franqueado montar a unidade, marcas do setor de serviços apostam em cidades pequenas pelo potencial de consumo. “Uma pessoa que mora no interior não gasta com restaurante quase todo dia para almoçar nem fica indo ao shopping”, diz Paulo Zahr, presidente da OdontoCompany. “Então, ela tem capacidade de investir melhor na sua saúde.”