Marco Aurélio Abreu Júnior cresceu em meio a estúdios de rádio, mas somente aos 19 anos descobriu a paixão por este universo. Na ocasião, foi convidado pelo tio-avô, Paulo Masci de Abreu, dono da famosa Kiss FM, a trabalhar na emissora. À época, Marco morava na Capital e foi fazer faculdade de rádio e TV.
Nascido em São Paulo e casado com Ariane, ele mudou-se para Bauru há uma década, anos depois de se tornar, ao lado do irmão, Luiz Felipe, sócio-proprietário da Top FM 101,3, anteriormente denominada Tupi FM. Foi também o tio-avô, aliás, o responsável por obter, em 1996, a outorga da rede Top FM, que possui praças em todo o País. "Meu irmão e eu também temos participação em outras praças, mas a de Bauru é exclusivamente nossa", frisa Marco, que, hoje, aos 39 anos, contabiliza 15 à frente da emissora.
Neste período, conseguiu implementar uma programação com conteúdo 100% local, incluindo nichos como esporte, universo agro, jornalismo diário e até ufologia, além das horas dedicadas à execução de músicas sertanejas. Parte destes programas são multiplataforma, ou seja, com transmissão direta do estúdio para o YouTube e redes sociais.
No comando de uma equipe aproximada de 16 pessoas, ele conta, nesta entrevista, o que aprendeu sendo a terceira geração de radialistas na família, o motivo de ter assumido uma rádio em Bauru, a rotina dentro da emissora e os planos para o futuro, que envolvem, inclusive, a produção, para este ano, da segunda temporada do Rádio Show, que recebe veteranos do rádio. Leia, abaixo, os principais trechos.
JC - Como você se tornou sócio-proprietário da Top FM?
Marco - Meu tio-avô, Paulo Abreu, que teve outras tantas rádios pelo Brasil, como a roqueira Kiss FM, obteve a outorga da Top FM, uma rede com praças em todo o País, com São Paulo como cabeça de rede. Meu irmão, Luiz Felipe, e eu adquirimos a rádio em Bauru há 15 anos, que era, anteriormente, a Tupi FM. Temos também participação em outras praças, mas esta é exclusivamente nossa. A gente vinha bastante para Bauru a trabalho, mas ainda estávamos em São Paulo. Vim definitivamente cinco anos depois, com minha esposa, e meu irmão ficou na Capital.
JC - E por que você escolheu Bauru?
Marco - Pelo desejo de ter uma rádio própria e com expressão. Sabíamos o tamanho que a rádio tinha em Bauru e adquirimos. Eu e minha mulher nos casamos e viemos para cá. Já tínhamos a ideia de sair de São Paulo, que é uma cidade ruim para morar. Vindo sempre para cá por conta da rádio, entendemos que Bauru seria um lugar bacana, pela qualidade de vida e segurança. Já são dez anos e a gente adora morar aqui.
JC - Mais pessoas na sua família também atuaram ou atuam em rádio?
Marco - Tudo começou com meu avô, Dorival de Abreu, nos anos 1960. Ele foi ator de radionovela e fundador da icônica rádio Marconi, em São Paulo, que foi fechada pela ditadura. Meu pai, Marco Aurélio, também trabalhou no departamento comercial de algumas rádios da família. Ele, assim como eu e meu irmão, nunca foi do microfone, mas da área de gestão, administrativa, comercial, promocional.
JC - Quais feitos mais importantes vocês alcançaram nestes 15 anos?
Marco - Quando adquirimos, a rádio ficava em rede o tempo todo e, hoje, está com 100% de conteúdo local. Temos uma equipe artística, uma de evento, um jornalismo matinal, um de esporte, um voltado ao agro. Temos compromisso com a música sertaneja de todas as vertentes e com os ouvintes em levar informação de qualidade, sem sensacionalismo ou ataques, tratando todos de forma respeitosa e isenta. Também gostaria de destacar o espaço que a gente dá para divulgar, sem custo, ações realizadas por entidades assistenciais e hospitais, o que condiz com a função social do rádio.
JC - E a rádio tem um programa sobre alienígenas. Fale um pouco sobre ele.
Marco - É meu xodó, que eu demorei para colocar no ar, porque levou um tempo até conseguir achar os apresentadores certos. São três amigos pesquisadores e entusiastas do assunto. Eles fazem análise do ponto de vista da Ciência, sem o tom jocoso que, normalmente, este tema atrai. E ainda colocamos, de trilha, o tema do seriado Arquivo-X, que eu assistia quando era moleque e lembro o impacto que teve em mim. A gente aborda ufologia, vida em outros planetas, seres imateriais, espiritualidade, o papel das religiões nisso tudo. O campo é muito vasto.
JC - Em que, na sua avaliação, o rádio se diferencia dos demais veículos de comunicação? Em que ele mais te encanta?
Marco - Meu encantamento vem de muito tempo, eu passava as férias da escola dentro de rádio. Primeiro, prestei vestibulares para direito, passei em alguns, mas comecei a trabalhar na Kiss FM, em São Paulo, aos 19 anos, a convite do meu tio-avô, antes de começar o curso. Fazia a parte de produção, promoção, recepção de artistas. Eu me identifiquei completamente, nem fiz matrícula no curso de direito e fui fazer faculdade de rádio e TV. O rádio tem o diferencial de chegar nos lugares onde a internet não chega e tem a instantaneidade, dá a informação de onde for, em tempo real. E existe um aspecto afetivo, de ser a companhia de muitas pessoas. É algo muito forte, que persiste até hoje. Tem ouvinte que vem trazer torta, bolo, caixa de laranjas do sítio, mandioca, até pedido de casamento para os locutores. Entreter e levar informação para o público é o que move a gente.
JC - Fora o trabalho, o que gosta de fazer?
Marco - Sou cinéfilo. Tirando comédia romântica, assisto tudo: terror, ficção científica, faroeste, drama, filme de herói, cinema europeu. E gosto de ver shows de música. Vou bastante com minha mulher ao Sesc. Toco baixo e violão e durante 20 anos, estive em alguma banda. Em Bauru, além de uma instrumental, também tive uma de rock, a Vizinhos Cruéis, e chegamos a nos apresentar em bar, como o James Joice e o Vitrola. Mas, com a pandemia, ela se desfez. Hoje, só toco em casa.
Arquivo Pessoal
Marco Aurélio com a esposa Ariane