Numa espécie de contra-ataque, a prefeita Suéllen Rosim (PSD) proferiu duras críticas à ex-secretária de Educação Maria do Carmo Kobayashi, que denunciou interferência do gabinete do governo na compra do material Palavra Cantada, e disse desconhecer quaisquer tipos de ingerências nas secretarias municipais.
"Me causa estranheza que alguém passe meses falando uma coisa, assinando um processo, e tempos depois fale que não teve participação nenhuma nisso. Desculpem, mas isso não tem o menor cabimento em qualquer esfera possível", criticou a mandatária.
Suéllen afirmou também que é preciso ter cautela ao apontar interferência do gabinete em quaisquer pastas. "Enquanto prefeita eu tenho autonomia para dizer 'faça', 'execute'. Todos são cobrados o tempo todo, principalmente numa Secretaria de Educação que [precisa gastar] os 25% [do orçamento]", destacou.
As declarações foram proferidas durante entrevista coletiva na Câmara Municipal, em sessão solene que comemorou os 127 anos de Bauru nesta quarta-feira (2).
Suéllen Rosim praticamente "rifou" Kobayashi ao comentar a saída da ex-secretária do governo. "Eu a exonerei por uma questão de perfil. Precisava de um gestor que entendesse a importância da equipe e de gastar os recursos, gastar bem. E fazer um trabalho que não é só gasto, mas pensar e planejar a Educação", disse.
Em depoimento à Comissão de Fiscalização e Controle, Kobayashi alegou que o projeto educacional que pretendia implementar quando assumiu o cargo, em 2021, foi esquecido pelo governo.
"Em que se pesem os esforços empreendidos, não encontrei respaldo nos colegas que integravam a equipe. Há exceções, obviamente. A letargia para tramitação dos processos suscitava hipóteses de prejuízos aos interesses da Secretaria de Educação", apontou.
Segundo a prefeita, a escolha pelo material Palavra Cantada, adquirido há um ano pela Prefeitura de Bauru por R$ 5,2 milhões e até hoje não totalmente implementado na rede municipal de ensino, partiu da equipe de Kobayashi. Suéllen não comentou, no entanto, o pedido da ex-secretária para comprar um outro material, este mais barato e cuja aquisição se daria por processo licitatório.
O primeiro contato entre a editora que vende o título se deu entre um diretor de departamento da Educação e um gerente comercial da empresa. O diálogo teria ocorrido por WhatsApp no telefone pessoal do servidor, Fábio Schwarz, que alega ter apagado as mensagens.
A prefeita também minimizou a dança das cadeiras na comissão de licitação da Secretaria de Saúde feita pela secretária da pasta, Giulia Puttomatti. Como noticiou o JC, Puttomatti retirou três servidores de carreira do colegiado e os trocou por três de seus aliados, todos de fora.
A medida quebrou uma tradição histórica que mantinha a comissão integralmente formada por servidores de carreira. Questionada sobre se a medida não causa um impacto negativo na imagem da pasta, Suéllen garantiu que não. "Não [causa] porque o entendimento de vocês [da imprensa] com relação à licitação... Não é que eles fazem parte do processo de licitação. Primeiro precisa entender o que é essa comissão. Ela não gerencia escolha de quem entra e quem sai da prefeitura. Isso não pega mal quando você entende o que é a comissão de licitação", argumentou a mandatária.
Suéllen também afirmou que a alteração na comissão de licitações é uma prerrogativa da secretária e que não há nada de ilegal ou imoral nisso.