21 de dezembro de 2025
BAURU

Entrevista da Semana: André Graziato Cury; herança e conquistas nas quadras de tênis

Por Bruno Freitas | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Bruno Freitas
André Cury, tenista desde os 4 anos de idade, ele tem uma vida que anda de mãos dadas com o esporte

André Graziato Cury, 47 anos, se consolidou entre os grandes tenistas bauruenses de todos os tempos. A modalidade está no DNA, é herança da família. Suas primeiras raquetadas foram aos 4 anos e, atualmente, ele segue jogando em alto nível nas competições do circuito da Federação Internacional de Tênis (ITF) e de 1.ª Classe. Foram mais de 100 finais disputadas no total. Isso conciliando a carreira profissional, que transita dentro e fora das quadras.

Hoje é corretor de seguros e, recentemente, passou a ministrar aulas particulares de tênis no Bauru Tênis Clube (BTC), local que considera sua segunda casa.

Defendendo município e o BTC, André tem um currículo esportivo extenso, repleto de conquistas. No juvenil, em uma época acirrada e cheia de grandes nomes, ele foi o 2.º do Estado e o 7.º do País. Jogou no circuito americano de tênis, no final do ensino médio, quando esteve no top 3 da Califórnia. Depois, disputou circuito profissional e pontuou na tradicional Associação dos Tenistas Profissionais (ATP). Ele chegou a enfrentar o Guga no juvenil, mas não venceu.

Entretanto, soma vitórias contra dois grandes nomes do tênis, já no adulto: o argentino Diego Schwartzman, que viria a ser mais tarde o número 8 da ATP, e o brasileiro Thomaz Bellucci, que no decorrer da carreira despontaria na ATP até chegar a número 1 do Brasil e 21 do mundo.

O tênis é um dos poucos esportes onde não há, de fato, uma aposentadoria. Isso porque a Federação Internacional de Tênis (ITF) promove circuito internacional e até o Mundial de Seniors (veteranos). E André Cury foi número 1 do mundo ITF, com repercussão nacional sobre o feito, em 2014. Só faltou, na época, o título mundial. Conquistou, no entanto, dois bronzes, na Turquia (2015) e na Croácia (2019). Foi também campeão brasileiro, bicampeão sul-americano, ouro várias vezes nos Jogos Regionais e ouro nos Jogos Abertos do Interior.

André é filho de Carlos Cury e Maria Lúcia Cury. Tem três irmãos, Carlos Jr., Luciana e Claudio. É casado com Marina Cury desde 2006 e tem dois filhos, Maria Fernanda de 14 anos e Pedro de 12.

Nesta entrevista, o corintiano e fã do Guga recorda o início da trajetória, destaca o que faria de diferente, a angústia da ameaça de bomba em um avião no qual voltava do mundial e o tratamento de uma lesão na medula.

JC - Qual a influência da sua família neste percurso?

André - Eles foram fundamentais em tudo. Aprendi a jogar tênis ainda pequeno com a minha prima Márcia Cury, na Hípica, sempre incentivado pelo meu pai, que joga até hoje. Depois que cresci, fui aluno do professor Claudio Sacomandi no BTC e, mais tarde, no juvenil, quem me treinou foi o Celso Sacomandi. Tive uma infância de estudar e treinar. Minha família sempre me incentivou, porque via meu pai ganhando títulos também. Mais tarde, devia ter investido mais na carreira profissional do tênis. Talvez tenha pecado nisso e comecei a trabalhar. E foi meu avô Eduardo que me trouxe para o caminho da corretagem. Trabalhei junto com ele de 1996 a 2006.

JC - O que faltou para ter mais tempo de disputas na ATP?

André - Se eu pudesse voltar no tempo, teria me dedicado 100% ao tênis na época de profissional. É um esporte que exige muita coisa, horas de treinos diários e uma equipe multidisciplinar junto. Eu era um pouco imaturo e havia poucos torneios. Mas não tenho do que reclamar.

JC - Você agora também é professor de tênis. Pretende jogar até quando?

André - Comecei recentemente a dar aulas para alguns amigos. A divulgação foi mais no boca a boca e hoje a agenda está apertada. Mas pretendo jogar também até a velhice, quando meu corpo não aguentar mais. O esporte é meu melhor remédio e me dá muita adrenalina. Atualmente estou numa fase sem lesões, que é o mais importante.

JC - Como foi para você aquele susto da suposta bomba no avião?

André - Foi tenso. Repercutiu no mundo todo, em 2015. Não sabíamos o que iria acontecer. Eu voltava do Mundial da Turquia. Alguém colocou um bilhete no banheiro do avião ameaçando que havia uma bomba. Pousamos em Marrocos para inspeção na aeronave e foi um alarme falso. Muitos policiais, bombeiros e cães participaram da operação em solo.

JC - Religião?

André - Sou católico, mas não muito praticante. Sou maçom há 12 anos, grau 33.

JC - Com tantas alegrias dentro e fora das quadras, você também passou por dias difíceis também.

André - A fase mais difícil foi quando o meu filho Pedro teve pneumonia e ficou 30 dias internado, 10 deles na UTI. E em 2021, poucos sabem, fui diagnosticado com uma lesão medular chamada de mielite transversa, na coluna. Tenho de tomar uma medicação de alto custo para a vida toda, para que não evolua a uma esclerose. Fiquei afastado na época por quatro meses, sem saber se conseguiria sequer poder praticar esporte. Mas hoje estou bem e isso não me tira a oportunidade de fazer o que mais gosto, que é jogar tênis.

O que o tenista diz:

"Me vejo jogando tênis para o resto da vida, na velhice, até o dia que eu não consiga mais".

"Eu estou numa fase boa, faço o que amo, estou rodeado de amigos e da minha família. Me considero uma pessoa realizada".