21 de dezembro de 2025
SÃO PAULO

Beco do Batman: experiência de muitos sentidos

Por | FolhaPress
| Tempo de leitura: 4 min
Rovena Rosa/Agência Brasil
Embora o fluxo de pessoas ainda seja grande hoje, moradores e comerciantes mais antigos afirmam que o local ainda não se recuperou da pandemia

Caminhar pelas ruas do labirinto que forma o Beco do Batman, um dos maiores pontos turísticos de São Paulo, na Vila Madalena, região oeste da cidade, é uma experiência de muitos sentidos. Nas paredes entre as ruas Gonçalo Afonso e Medeiros de Albuquerque, grafites que se renovam de tempos em tempos preenchem os muros de casas e construções que chegaram antes de o espaço ganhar fama, nos anos 2000.

Aos fins de semana, quando barraquinhas de artesanato se espalham pela travessa durante a manhã e a tarde, o cenário se completa com o trânsito de turistas que posam em frente às imagens, compram produtos que incluem bonecas e souvenirs com o nome do lugar e param para comer e beber em restaurantes e bares que se fixaram ali. Esses estabelecimentos conferem a mistura de cheiros - pastel, milho, pipoca, churrasco e incensos - e sons. Enquanto se bate perna é possível ouvir alguém cantando O Rappa, uma caixinha de som alta com Cyndi Lauper, uma banda se esbaldando no pagode do Sensação ou um homem dedilhando um berimbau.

Na gastronomia, o beco se mostra um microcosmo de Pinheiros e da Vila Madalena, com cafés e pontos dedicados à culinária regional, outros às receitas veganas, hamburguerias e cervejarias artesanais. Pode ainda lembrar uma Embu das Artes -cidadezinha próxima a São Paulo conhecida por sua feira de artesanato- só que cosmopolita.

Embora o fluxo de pessoas ainda seja grande hoje, moradores e comerciantes mais antigos afirmam que o local já viveu o seu auge e ainda não se recuperou da pandemia.

Ceará, que abriu o Bar do Coco em 2011, conta que o movimento caiu muito. "Antes desse vírus, aqui estaria superlotado. Era sábado, domingo e dia de semana. Agora à noite não tem mais ninguém." João Batista, morador tão antigo que é conhecido como João do Beco, diz que o movimento caiu 50%.

Ainda assim, é no entorno que se percebe mais a efervescência do bairro, com a chegada de novas atrações. De fato, as ruas ao redor, que formam uma espécie de beco expandido, estão mais movimentadas do que antes, segundo aqueles que vivem e trabalham ali.

É o caso das vias Harmonia, Aspicuelta e Medeiros de Albuquerque, que continuam ganhando novidades com frequência. Veja a seguir o que fazer no Beco do Batman e nos seus arredores.

MÚSICA

Grande parte da atmosfera que dá cara ao Beco do Batman passa pela trilha sonora - é possível ver pessoas tocando violão e cantando na frente de bares a espaços que incluem apresentações de bandas ao vivo em sua programação. Um desses casos é o Becoartes, que faz festinhas de forró aos domingos, às 19h.

Também dá para ouvir pop rock, MPB ou qualquer outro ritmo, a depender de quem toca, no Bar do Cabeça, um boteco pequeno que fica na saída do beco que dá para a rua Harmonia. Ao lado, o Pai do Beco convida músicos de samba e pagode para se enfileirar em frente à sua entrada. Ambos mantêm o público dançando madrugada adentro.

LOJINHAS

Nas banquinhas da feirinha do beco são vendidos cinzeiros, roupas, quadrinhos, bonecas de pano e ímãs, e lojinhas também dão conta de aumentar a quantidade de objetos.

Numa garagem, a loja Casa de Comade, tocada por Vic Machado, por exemplo, oferece camisetas com estampas relacionadas ao ponto turístico por cerca de R$ 129, e joias que saem por cerca de R$ 150, entre outros produtos.

Para os fãs de música, uma opção é a banquinha Cultura na Calçada, que vende vinis e garante a discotecagem de uma das pontas do beco. Outra dica de garimpo é o Brechó Pechinchei, com peças de roupas e calçados de todos os tipos.

GALERIAS DE ARTE

Não é surpresa que o Beco do Batman concentre galerias espalhadas pelas ruas que o cortam e cercam -quem vai apreciar grafites fica a um pulo de comprar ou ver arte também nos espaços fechados.Uma das mais recentes é a Ziv Gallery, aberta em 2021, que tem murais internos e externos pintados com arte urbana e vende obras e colecionáveis, mas também se dedica a outras frentes, como a gastronomia, a coquetelaria e a música em um café. Mais nova é a Kobbi Gallery, dos fotógrafos Anderson Nielsen e Eduardo Kobbi, de 2022, que tem acervo com fotos autorais e, no momento, sedia a exposição "Antropologia da Beleza", de Renato Soares.

Outra opção é passar em uma das duas unidades da Galeria Alma da Rua, que abrem todos os dias da semana.