Foi por influência do pai, José Mondelli, um dos fundadores da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP, que Adriano Lia Mondelli tornou-se dentista e decidiu ir além dos cuidados com seus pacientes. A exemplo do patriarca, que orientou centenas de alunos e escreveu livros importantes na área, ele, aos 50 anos, vem deixando seu legado como professor: criou uma escola própria, o Instituto Mondelli de Odontologia, e um método, o Tratamento Odontológico Ideal, a principal marca da empresa.
Em sete anos de atividades, a instituição já formou mais de 500 dentistas em diversas especialidades, que estão espalhados por toda a América Latina. Além das aulas teóricas e práticas, eles aprendem uma odontologia de vanguarda, a partir de uma visão integral que passa até por filosofia e gestão empresarial, destaca Adriano. A escola conta, ainda, com a plataforma de aulas online Tuttor.tv.
Graduado pela Unimar e mestre e doutor pela FOB, Adriano nasceu em Araraquara, mas veio morar em Bauru com a família quando tinha poucos dias de vida. É casado com Flavia, responsável pela administração financeira do instituto, com quem teve a filha Beatriz, 17 anos.
E é nas horas vagas que ele mais se dedica à família, bem como ao restauro de veículos antigos, uma de suas paixões. "No instituto, com os alunos, também vivo esse processo profundo de remontar o passado para encontrar sentido no que existe no presente", diz. Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista.
JC - Você nasceu em Araraquara, mas nunca viveu lá?
Adriano - Meu avô materno, Nicolino Lia, era médico e dentista em Araraquara. Ele deu aula na faculdade de Odontologia de lá para o meu pai, que acabou casando com a filha do professor. E a família do meu pai é de Bauru. Meu avô paterno, Vangélio Mondelli, queria muito que um dos dez filhos dele fosse doutor e meu pai foi fazer odontologia, se casou em Araraquara e veio para cá. Na época, foi convidado a ajudar a organizar a fundação da FOB. Ele se dedicou e se dedica muito, ainda hoje, aos 86 anos, à odontologia.
JC - Seu pai foi e é sua maior influência na profissão?
Adriano - Sem dúvidas. A carreira que ele construiu dentro da odontologia é muito forte. E, desde meu primeiro ano de faculdade, aos sábados, quando não tinha aula, eu ia para a FOB com ele. Na década de 1970, 80, ele e aqueles primeiros professores começaram a escrever livros básicos de odontologia, que foram disseminados pelas universidades do Brasil e se tornaram referência. Meu pai começou a fazer odontologia com 9 anos, ajudando um protético, enquanto os irmãos dele estavam ajudando meu avô a construir o frigorífico Mondelli.
JC - Ter um pai com este prestígio ajudou a acelerar seu aprendizado na área?
Adriano - Ele orientou centenas de mestrandos e doutorandos vindos da América Latina toda. Entrei na faculdade em 1993 e tinha um baita professor dentro de casa. Colei nele. Na minha graduação, assistia às aulas de disciplina clínica integrada na FOB, que une quase todas as especialidades da odontologia e foi criada pelo meu pai, a partir do entendimento de que o profissional precisa conhecer um pouco de todas as especialidades e ter uma visão geral para garantir um atendimento integral ao paciente. Esta filosofia foi fundamental para minha trajetória profissional.
JC - E acabou fazendo mestrado e doutorado na FOB?
Adriano - Sim, porque já conhecia todo o processo e isso acabou me destacando muito dos demais alunos. Meu pai dava cursos em congressos para duas mil pessoas e me colocava para falar por 15 minutos. Para não decepcioná-lo, eu estudava muito. Fiz mestrado em dentística e materiais dentários e, no primeiro ano, em 1997, meu pai disse que a clínica integrada precisava de um profissional da área de ortodontia. Fiz um curso com um dos melhores professores do Brasil, o Omar Gabriel, junto com o mestrado, e ainda dava aulas na Unip. Na época, estava fazendo um curso atrás do outro de ortodontia e percebi que esta área estava muito vinculada à prevenção de cáries e pouco à má oclusão, ou seja, os dentes tortos. Existe um método, com uma rotina de acompanhamento, para uma criança nunca ter cárie em toda a vida, o que não é suficiente, já que a má oclusão pode levar ao desgaste dos dentes. Criei, então, um método de cárie zero e oclusão perfeita. Com essa visão tridimensional, fui fazer doutorado em ortodontia na FOB.
JC - Você também teve uma experiência nos Estados Unidos. Como foi?
Adriano - Ainda na época da graduação, em 1995, quando a fotografia ainda era analógica, eu era o único aluno da odontologia que frequentava o laboratório de informática da Unimar. Comecei a mexer com Power Point. Em 2001, 2002, quando já estava fazendo doutorado, lançaram as máquinas digitais e começaram a vender projetores. A USP só tinha um, à época, e resolvi comprar o meu para dar aulas e seminários. Foi quando o Lawrence Andrews, o professor mais influente do mundo em ortodontia, veio dar um curso em um congresso no Brasil e me convidou a ir a San Diego, nos Estados Unidos, onde transformei todo o material físico de ortodontia da Fundação Andrews em digital.
JC - Foi uma bagagem importante para decidir criar o próprio instituto?
Adriano - Sim. Criei o Tratamento Odontológico Ideal (TOI), que se resume em cárie zero, oclusão perfeita e gengiva saudável até o fim da vida e se tornou a filosofia do instituto. Como não tinha muito dinheiro, comecei devagar a comprar equipamentos e, durante dez anos, dei muitas aulas em faculdades e cursos em São Paulo, Paraná, Minas e Rio de Janeiro. Nesse processo, fui entendendo que este mercado era grande e, em 2015, comprei um imóvel. Em 2016, abri o instituto e comecei com cursos de ortodontia e dentística. Hoje, fazemos uma odontologia de vanguarda. Temos todas as especialidades, com professores com muito conhecimento, que estudam até sobre a melhor forma de o aluno aprender. Isso, aliado ao uso de tecnologia de ponta, tem nos garantido resultados muito efetivos.
Arquivo Pessoal
Adriano com a esposa Flavia e a filha Beatriz, quando recebeu moção de aplauso na Câmara
Arquivo pessoal
Adriano com alunos do curso de especialização em ortodontia do instituto