14 de dezembro de 2025
BAURU

Entrevista da semana com Adriano Lia Mondelli: odontologia como legado

Por Tisa Moraes | Da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Tisa Moraes
Adriano Mondelli em seu instituto

Foi por influência do pai, José Mondelli, um dos fundadores da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP, que Adriano Lia Mondelli tornou-se dentista e decidiu ir além dos cuidados com seus pacientes. A exemplo do patriarca, que orientou centenas de alunos e escreveu livros importantes na área, ele, aos 50 anos, vem deixando seu legado como professor: criou uma escola própria, o Instituto Mondelli de Odontologia, e um método, o Tratamento Odontológico Ideal, a principal marca da empresa.

Em sete anos de atividades, a instituição já formou mais de 500 dentistas em diversas especialidades, que estão espalhados por toda a América Latina. Além das aulas teóricas e práticas, eles aprendem uma odontologia de vanguarda, a partir de uma visão integral que passa até por filosofia e gestão empresarial, destaca Adriano. A escola conta, ainda, com a plataforma de aulas online Tuttor.tv.

Graduado pela Unimar e mestre e doutor pela FOB, Adriano nasceu em Araraquara, mas veio morar em Bauru com a família quando tinha poucos dias de vida. É casado com Flavia, responsável pela administração financeira do instituto, com quem teve a filha Beatriz, 17 anos.

E é nas horas vagas que ele mais se dedica à família, bem como ao restauro de veículos antigos, uma de suas paixões. "No instituto, com os alunos, também vivo esse processo profundo de remontar o passado para encontrar sentido no que existe no presente", diz. Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista.

JC - Você nasceu em Araraquara, mas nunca viveu lá?

Adriano - Meu avô materno, Nicolino Lia, era médico e dentista em Araraquara. Ele deu aula na faculdade de Odontologia de lá para o meu pai, que acabou casando com a filha do professor. E a família do meu pai é de Bauru. Meu avô paterno, Vangélio Mondelli, queria muito que um dos dez filhos dele fosse doutor e meu pai foi fazer odontologia, se casou em Araraquara e veio para cá. Na época, foi convidado a ajudar a organizar a fundação da FOB. Ele se dedicou e se dedica muito, ainda hoje, aos 86 anos, à odontologia.

JC - Seu pai foi e é sua maior influência na profissão?

Adriano - Sem dúvidas. A carreira que ele construiu dentro da odontologia é muito forte. E, desde meu primeiro ano de faculdade, aos sábados, quando não tinha aula, eu ia para a FOB com ele. Na década de 1970, 80, ele e aqueles primeiros professores começaram a escrever livros básicos de odontologia, que foram disseminados pelas universidades do Brasil e se tornaram referência. Meu pai começou a fazer odontologia com 9 anos, ajudando um protético, enquanto os irmãos dele estavam ajudando meu avô a construir o frigorífico Mondelli.

JC - Ter um pai com este prestígio ajudou a acelerar seu aprendizado na área?

Adriano - Ele orientou centenas de mestrandos e doutorandos vindos da América Latina toda. Entrei na faculdade em 1993 e tinha um baita professor dentro de casa. Colei nele. Na minha graduação, assistia às aulas de disciplina clínica integrada na FOB, que une quase todas as especialidades da odontologia e foi criada pelo meu pai, a partir do entendimento de que o profissional precisa conhecer um pouco de todas as especialidades e ter uma visão geral para garantir um atendimento integral ao paciente. Esta filosofia foi fundamental para minha trajetória profissional.

JC - E acabou fazendo mestrado e doutorado na FOB?

Adriano - Sim, porque já conhecia todo o processo e isso acabou me destacando muito dos demais alunos. Meu pai dava cursos em congressos para duas mil pessoas e me colocava para falar por 15 minutos. Para não decepcioná-lo, eu estudava muito. Fiz mestrado em dentística e materiais dentários e, no primeiro ano, em 1997, meu pai disse que a clínica integrada precisava de um profissional da área de ortodontia. Fiz um curso com um dos melhores professores do Brasil, o Omar Gabriel, junto com o mestrado, e ainda dava aulas na Unip. Na época, estava fazendo um curso atrás do outro de ortodontia e percebi que esta área estava muito vinculada à prevenção de cáries e pouco à má oclusão, ou seja, os dentes tortos. Existe um método, com uma rotina de acompanhamento, para uma criança nunca ter cárie em toda a vida, o que não é suficiente, já que a má oclusão pode levar ao desgaste dos dentes. Criei, então, um método de cárie zero e oclusão perfeita. Com essa visão tridimensional, fui fazer doutorado em ortodontia na FOB.

JC - Você também teve uma experiência nos Estados Unidos. Como foi?

Adriano - Ainda na época da graduação, em 1995, quando a fotografia ainda era analógica, eu era o único aluno da odontologia que frequentava o laboratório de informática da Unimar. Comecei a mexer com Power Point. Em 2001, 2002, quando já estava fazendo doutorado, lançaram as máquinas digitais e começaram a vender projetores. A USP só tinha um, à época, e resolvi comprar o meu para dar aulas e seminários. Foi quando o Lawrence Andrews, o professor mais influente do mundo em ortodontia, veio dar um curso em um congresso no Brasil e me convidou a ir a San Diego, nos Estados Unidos, onde transformei todo o material físico de ortodontia da Fundação Andrews em digital.

JC - Foi uma bagagem importante para decidir criar o próprio instituto?

Adriano - Sim. Criei o Tratamento Odontológico Ideal (TOI), que se resume em cárie zero, oclusão perfeita e gengiva saudável até o fim da vida e se tornou a filosofia do instituto. Como não tinha muito dinheiro, comecei devagar a comprar equipamentos e, durante dez anos, dei muitas aulas em faculdades e cursos em São Paulo, Paraná, Minas e Rio de Janeiro. Nesse processo, fui entendendo que este mercado era grande e, em 2015, comprei um imóvel. Em 2016, abri o instituto e comecei com cursos de ortodontia e dentística. Hoje, fazemos uma odontologia de vanguarda. Temos todas as especialidades, com professores com muito conhecimento, que estudam até sobre a melhor forma de o aluno aprender. Isso, aliado ao uso de tecnologia de ponta, tem nos garantido resultados muito efetivos.

Arquivo Pessoal

Adriano com a esposa Flavia e a filha Beatriz, quando recebeu moção de aplauso na Câmara

Arquivo pessoal

Adriano com alunos do curso de especialização em ortodontia do instituto