Militantes do espectro centro-esquerda de Bauru, que compõem o grupo denominado Campo Democrático Progressista, se reuniram na manhã deste sábado (1), quando levantaram nomes que podem representá-los no pleito de 2024. No encontro, chamado para discutir os desafios da cidade e possíveis soluções, os presentes ainda tiraram posição contra o projeto da concessão da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) apresentado pela gestão de Suéllen Rosim (PSD) que, na opinião deles, abre caminho para a privatização do Departamento de Água e Esgoto (DAE), cujos serviços ou parte deles podem ser repassados à iniciativa privada.
Uma nota sobre o assunto (leia abaixo) foi elaborada e divulgada em Bauru. Segundo o ex-vereador José Carlos Batata (PSB), neste terceiro encontro do grupo em 2023, participaram representantes do PSB, PDT, PT, PSOL, Rede, Solidariedade, Agir e Podemos, no Sindicato dos Servidores Penais (Sindcop). Na oportunidade, quatro pessoas se dispuseram a candidatar-se à principal cadeira do Palácio das Cerejeiras.
Jorge Moura pelo PT; José Xaides pelo PDT; Edilson Marciano pela Rede e Renato Bevilacqua pelo PSB. Outros, inclusive, podem surgir. A definição do nome, no entanto, só sairá mais adiante, levando em consideração a chance de cada um, em uma avaliação que colocará na balança a adesão e a credibilidade obtidas pelo pré-candidato junto à sociedade, assim como sua rejeição. Neste momento, o objetivo principal do grupo é aglutinar forças ao campo democrático progressista, destaca Batata.
Compartilha da mesma opinião o professor universitário aposentado Celso Zonta, segundo quem o grupo está construindo uma proposta para a cidade e seguirá unido nas eleições do próximo ano. Essa definição deve ser vantajosa, segundo ele, uma vez que no campo conservador são muitos os pré-candidatos, como é o caso da própria mandatária atual, assim como Raul Gonçalves Paula (Podemos), Coronel Meira (União), Capitão Augusto (PL), Carlos Braga (sem partido), Marcos Bilancieri (Republicanos) e Rodrigo Mandaliti (MDB), conforme o JC já divulgou.
“Claro que ter a máquina na mão faz diferença e que eles podem se unir”, acrescenta Zonta. Mas ele avalia que, historicamente, a cidade sempre teve um voto mais progressista, com base nos prefeitos eleitos anteriormente. Até Suéllen foi apoiada por eleitores desse campo, pois se mostrava como nova na política, além de ser mulher negra. “Ela não foi eleita só por evangélicos”, comenta.
A ideia agora do Campo Democrático Progressista é desvelar à população tudo o que ela deixou de fazer na periferia, na educação, saúde, cultura, acrescenta o professor. De acordo com ele, o movimento ainda vai para as ruas contra a concessão da ETE.
A inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve uma repercussão positiva no encontro deste sábado de manhã no grupo de centro-esquerda. “Ele (Bolsonaro) vai enfrentar mais de 30 processos. A avaliação é que vá diminuindo sua força. A população reage a seus governantes à medida de seu bem-estar”, diz Celso Zonta.
Neste contexto, ele acredita que os aspectos positivos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) possa beneficiar o candidato local do Campo Democrático Progressista, nas próximas eleições municipais.
Nota pública à população bauruense em defesa do DAE
Os partidos políticos e os sindicatos da cidade de Bauru, abaixo denominados, tornam pública a seguinte nota, com relação à concessão do esgoto da cidade à iniciativa privada.
"É sabido de todos que a Prefeitura de Bauru elabora um projeto político de concessão da coleta e tratamento do esgoto para a iniciativa privada, tirando da maior autarquia da nossa cidade - o DAE, a prerrogativa da exploração deste importante serviço à população. Neste sentido, as entidades que assinam este manifesto fazem algumas considerações, para ao final, tornar claras suas posições.
A sociedade moderna viu-se livre de doenças, que até então eram endêmicas, quando começou a coletar e tratar a água servida ao povo, bem como o esgoto doméstico, que era lançado in natura nos rios das cidades, como, infelizmente, ainda é o caso de Bauru.
Sempre coube ao Estado o controle destes serviços essenciais para a vida humana, para que todos, de forma indistinta e democrática, tivessem acesso aos mesmos. Dentro de nossa realidade, queremos destacar a importância do DAE como um órgão de grande relevância para a comunidade. O fornecimento de água potável e o tratamento adequado de esgoto são serviços essenciais para garantir a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida da população. Consideramos que a concessão do DAE para a iniciativa privada pode comprometer a eficiência e a qualidade desses serviços, além de resultar em possíveis aumentos abusivos nas tarifas, prejudicando os cidadãos que dependem desses serviços básicos.
Além disso, é imprescindível ressaltar que um projeto de tal magnitude, cujo investimento se aproxima da casa do bilhão e que concede à iniciativa privada parte dos serviços do DAE por um período de 30 anos, com possibilidade de prorrogação por mais 30, não pode ser conduzido de forma apressada. É necessário assegurar transparência quanto ao futuro do DAE e de seus servidores.
Deixamos claro que somos favoráveis à conclusão da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Vargem Limpa, compreendendo sua importância vital para que Bauru possa tratar adequadamente seu esgoto. No entanto, enfatizamos que essa finalização não pode servir de justificativa para a entrega do DAE a terceiros. Portanto, somos contra a concessão dos serviços de esgoto à iniciativa privada por parte da Prefeitura de Bauru. Reforçamos a importância de promover um debate amplo e transparente sobre o assunto, envolvendo a sociedade civil, especialistas e os órgãos responsáveis. É necessário garantir que qualquer decisão relacionada ao futuro do DAE seja tomada de forma cuidadosa, ouvindo principalmente o mais interessado, o povo de Bauru.
Assinam esta de nota pública:
AGIR
PDT
PT
Psol
Rede Sustentabilidade
Solidariedade
Sindicato dos Metalúrgicos de Bauru
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo - regional Bauru