Sinto muita falta da gentileza, de um jovial olá e até mesmo de um oi! Quando me pedem: “por gentileza, envie o pdf do texto”, parece que na hora me energizo e envio imediatamente o que foi solicitado. É diferente de: “me mande o pdf do texto”. Claro que as duas mãos juntinhas significa gratidão, mas um agradecido, grato e até obrigado escrito, cai bem melhor!
Talvez me digam que seja frescura, detalhe ou cinismo. Pode ser, e ser for, prefiro no lugar do sincericida, sem noção e grotesco. Talvez porque nas universidades que frequentei se valorizava os ritos, títulos e o tratamento formal nas cerimônias. Um ex-reitor da USP, Miguel Reale, dizia que a cortesia é a antessala da ética.
Ainda dá para recuperar isto nas assembleias, câmaras, congregações e outras reuniões, afinal são amostras da sociedade. Devo acreditar nisto, especialmente depois de lembrar que os mais loucos e grotescos dos povos, os vikings, hoje são os povos sueco, norueguês, finlandês, dinamarquês e islandês na Escandinávia. Todos os dias estes povos nos dão exemplos de civilidade. Se os vikings mudaram, por que não conseguiríamos?
RISCOS AZUIS
Sobre os riscos azuis de mensagem lida no WhatsApp, qual seria a atividade que se modificaria, denunciaria ou se esconderia se alguém pede para o aplicativo não mostrar se foi lida ou não a mensagem? Sem contar que a coisa mais fácil é burlar este mecanismo. No mundo corporativo mais culto e sério, é altamente condenável o uso deste recurso, pois denota falta de transparência e que algo de errado existe na vida da pessoa. Pode custar promoções e posições.
Não há mais privacidade, tudo pode ser recuperado e explicitado, inclusive nos aplicativos. Alguns políticos mais inteligentes nunca usam telefones e aplicativos para dialogar qualquer coisa além do “- você passa na padaria hoje?” com sua família. Tancredo Neves e Ulisses Guimarães jamais tratavam de política ao telefone, apenas pessoalmente.
Tem ainda as mensagens apagadas que, ao menor clique, podem ser copiadas na tela ou na nuvem por quem a recebeu. Só quem apagou acha que apagou mesmo! Não há privacidade, nem que se viva em uma ilha, temos os drones até subaquáticos. Quando for a um banheiro, casa, bar e evento, você pode estar sendo identificado. Nos estádios modernos, inclusive aqui, a torcida inteira é filmada em padrão elevadíssimo de qualidade. O reconhecimento facial identifica as pessoas na hora!
Por um vulto, objeto ou até animal no lugar da foto, sugere segredos guardados, fortunas e uma mansão maravilhosa onde moras! Suas fotos estão por aí na internet e não dá para proibir sua circulação. E como viver sem internet? Até nos carros dá para te encontrar, é só querer, e nem precisa ser num Tesla, pode ser em um Gordini, Karman Guia, Volks TL, SP2 e até mesmo em uma Rural Willis.
REFLEXÕES FINAIS
E como se faz com os amantes, reuniões secretas, acordos, golpes e outras ilicitudes? No início da tecnologia (1990-2000), o mundo foi varrido por uma onda de “códigos de ética” para tudo, um novo nome para o que a igreja sempre chamou de culpa, para que o errado não fosse cometido. Tudo começou a ter comissões de transparência e boas práticas, inclusive as revistas científicas. Agora a inteligência artificial copia tudo e não atribui autoria a ninguém, mas ninguém protesta.
Caro usuário, nem se tente enganar com risquinhos azuis ou não, com perfil informando ou não o último momento em que abriu e leu o aplicativo. Nem procure se esconder ou apagar algo, se quiserem eles saberão! Nada destas bobagens funcionam, o melhor é assumir o que és sem medo de ser feliz! Seja você mesmo. Quem te escreve está na estrada há décadas e já participou de “quase” tudo isto!