24 de dezembro de 2025
PSD EM BAURU

Suéllen assume PSD e família Rosim já comanda três partidos em Bauru

Por André Fleury Moraes - Atualizada às 7h | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
André Fleury Moraes
Dozimar Rosim, presidente do PP, Lúcia Rosim, presidente do Fundo Social, Suéllen Rosim, presidente do PSD, e Júnior Rodrigues, presidente da Câmara

A prefeita Suéllen Rosim assumiu nesta segunda-feira (8) a presidência da comissão provisória do Partido Social Democrático (PSD) em Bauru. A legenda era até então comandada pelo presidente da Câmara, o vereador Júnior Rodrigues, cujo mandato partidário terminou em abril, Jr., agora, é o vice-presidente local da sigla. Este é o terceiro partido atualmente sob comando da família Rosim no município.

O pai da prefeita, Dozimar Rosim, é o atual presidente do Progressistas (PP) ao mesmo tempo em que comanda também o Partido Social Cristão (PSC), que está em processo de fusão com o Podemos - medida que depende ainda de um aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Para além de Suéllen e Júnior Rodrigues, a nova composição do PSD tem o assessor da prefeita Leonardo Marcari como secretário, o cunhado Walmir Henrique Vitorelli Braga como tesoureiro e o assessor Pedro Cássio Dias da Silva como segundo tesoureiro.

Nenhum dos ocupantes de cargos estratégicos - principalmente no setor financeiro - na diretoria do PSD é natural de Bauru, para onde se mudaram depois que Suéllen assumiu o governo. O mesmo vale ao PP do pai da mandatária, Dozimar. Quem cuida da tesouraria da legenda é a irmã da prefeita, a cantora gospel Tainara Silva Rosim Braga.

O anúncio de que a prefeita assumiu o partido não surpreendeu o presidente da Câmara, Júnior Rodrigues, que disse ao JC que não iria se manifestar sobre o assunto. O vereador, porém, ficou nitidamente abalado na sessão legislativa de ontem (8).

A reportagem apurou que ele soube da medida através da imprensa - o JC antecipou a informação em seu portal (JCNET) na tarde desta segunda-feira. A nova diretoria do PSD encerra uma queda de braço não oficial travada entre o presidente da Câmara e a prefeita Suéllen Rosim.

Ambos negam quaisquer desgastes sobre o assunto, mas interlocutores dos dois políticos admitem a existência de conversas informais com o presidente nacional da legenda, o secretário de Governo de São Paulo, Gilberto Kassab.

A articulação da prefeita Suéllen em busca do PSD não deixa de ser um movimento de olho nas eleições de 2024. A prefeita evita falar sobre reeleição, mas seu pai já admitiu ao JC que a mandatária vai se candidatar no ano que vem.

A maior evidência disso, segundo os próprios assessores da prefeita, está na distribuição de cargos estratégicos no âmbito das diretorias partidárias.

A presidência de partidos em si não é tão importante no aspecto cotidiano - mas são os líderes das legendas que definem a composição de chapas e potenciais candidatos a vereador nas convenções eleitorais, por exemplo. Já a tesouraria, por sua vez, tem o poder de direcionar as verbas do fundo eleitoral para os candidatos. E definir quais nomes merecem mais ou menos investimento.

Para além de PSD, PSC e PP, os Rosim também já comandaram o Patriota, partido hoje sob responsabilidade do ex-vereador Fábio Manfrinato.

Suéllen, na verdade, se elegeu pelo Patriota na época em que a legenda era comandada pelo vereador Marcelo Afonso, que segue filiado à sigla. Afonso, por sinal, foi líder da prefeita na Câmara no primeiro ano do governo.

Ele renunciou ao cargo depois que a família Rosim "tomou" o partido que estava sob sua liderança e o deixou de fora da diretoria.

É exatamente por isso que interlocutores da prefeita Suéllen a aconselharam a não "escantear" Júnior do PSD. O vereador, afinal, foi fundamental para evitar que a prefeita fosse cassada no âmbito da Comissão Processante, quando exercia a função de líder do governo no Poder Legislativo.

Peça importante no tabuleiro do governo Suéllen, Júnior tem hoje um álibi ainda mais importante caso haja uma crise política no Palácio das Cerejeiras: o poder de decidir a pauta a ser votada pelos vereadores, prerrogativa que possui enquanto presidente da Câmara.

A prefeita Suéllen Rosim (PSD) vetou integralmente um Projeto de Lei (PL) da vereadora Chiara Ranieri (União Brasil) que obriga os condomínios de acesso controlado a denunciar casos de violência contra mulheres, crianças ou idosos e impõe aos moradores a obrigação de denunciar a seus superiores quaisquer episódios nesse sentido. O texto também determina aplicação de multa em caso de descumprimento das regras. A Câmara analisa na semana que vem se mantém ou derruba o veto. A prefeita argumentou que o município não tem competência para legislar sobre o assunto.