Desde que o uso de soluções remotas para movimentações bancárias foi incorporado ao dia a dia do brasileiro, a prática de golpes também passou a ser uma constante na vida dos correntistas, em especial após a pandemia, quando quase todos os serviços bancários passaram a ser oferecidos em canais virtuais.
E a cada dia as artimanhas dos estelionatários são mais elaboradas. Ultimamente, a clonagem dos números de telefone das agências tem sido a arma para ganhar a confiança das vítimas e lhes tomar dinheiro.
O roteiro já é conhecido: a pessoa recebe um telefonema de um número fixo, e do outro lado da linha o golpista se passa por bancário, informando que supostas transações com valores altos foram feitas por cartão de crédito ou débito. Assustada com a quantia, a pessoa é induzida a fazer transações com a promessa de ser ressarcida em algumas horas, o que logicamente não ocorre.
Uma professora aposentada francana, residente na Vila Scarabucci, foi um dos alvos mais recentes deste crime. Há dez dias ela perdeu quase R$ 17 mil ao ser ludibriada por um farsante, que a telefonou como se fosse funcionário de sua agência de relacionamento.
Acreditando ser um subordinado de sua gerente, seguiu as instruções. Foi até um caixa eletrônico, resgatou uma aplicação financeira e ainda contratou um empréstimo consignado, transferindo o dinheiro para os criminosos. Somente depois das transações efetivadas é que ela entendeu que havia sido lesada.
“Eles foram muito convincentes. Sabiam todos meus dados. Pediram que eu trocasse minhas senhas no caixa eletrônico. Fui por duas vezes ao terminal e acabei enganada”, disse. A mulher já tomou todas as medidas cabíveis para reaver os valores. Deu queixa na polícia, abriu uma contestação em seu banco e acionou um advogado. Agora aguarda a análise por parte da instituição.
Para evitar dores de cabeça como essa, o cliente precisa principalmente de atenção, pois mesmo com nível de instrução elevado, pode estar sujeito a cair em um golpe. “É nos momentos em que a concentração está em outra atividade que os golpistas atacam. Sem prestar atenção no que estão fazendo, as pessoas se tornam alvos fáceis dos criminosos”, explica o advogado Matheus França Naldi, especialista em causas que envolvem crimes virtuais.
Uma dica do advogado para se evitar os golpes é verificar a procedência de telefonemas ou pedidos fora do habitual. “Sempre quando a pessoa tiver contato com um ambiente desconhecido, números não cadastrados em sua agenda, ou pedidos de valores não convencionais, procure fazer uma chamada por vídeo, de preferência de outro aparelho, para confirmar a origem”.
Contas sociais
Um dos alvos preferidos dos golpistas no assunto bancos são as poupanças sociais da Caixa Econômica Federal, movimentadas pelo aplicativo Caixa Tem. Lançada em 2020 para o pagamento do Auxílio Emergencial e com movimentação limitada (aceitam um saldo máximo de R$ 3 mil), milhares de depósitos nestas cadernetas foram surrupiados por quadrilhas nos últimos anos com facilidade.
Com documentos falsos, os trapaceiros comparecem às agências, alteram o número de celular vinculado ao acesso da conta e retiram todo o saldo, deixando um prejuízo nem sempre recuperável. Cabe ao cliente fazer uma contestação das movimentações fraudulentas e enfrentar na maioria das vezes uma cansativa burocracia para recuperar seu dinheiro.