Aí você, caro leitor, deve estar se perguntando: como assim bovinos eram enviados de navio para o exterior? Sim, alguns países como alguns do Oriente Médio, Turquia e outros não somente compraram carne bovina, mas compravam o bovino inteiro e vivo que era embarcado no porto de Santos 3 após meses de viagem chegavam ao destino para serem abatidos.
Ou seja, além do animal sofrer com o abate, ele passava meses sofrendo em alto mar, tomando chuva e sol, passando fome e sede. Claro que os responsáveis técnicos afirmavam que os animais não passavam necessidades, mas claro que passavam, tanto que muitos não aguentavam a longa viagem e morriam de fome, sede e doenças...
Em algumas regiões como na península ibérica, os animais ficavam muito sujos porque os excrementos deles não podiam ser despejados no mar de Portugal e Espanha. Ou seja, além de fome, sede, doenças, as condições de higiene eram precárias.
Verdadeira escravidão!
Foi então que em 2017, o Fórum Nacional de Proteção e Defesa ingressou com ação na Justiça Federal pedindo a proibição da exportação de gado vivo, e após 6 longos anos obteve a sentença judicial de proibição dessa atividade. Ainda existe a possibilidade da parte contrária recorrer e conseguir mudar essa sentença, mas já podemos considerar que houve um grande avanço moral nessa decisão judicial em que o juiz entendeu que essa atividade é desnecessária e degradante.
Esperamos que essa sentença permaneça imutável para que os animais não sejam mais submetidos a práticas que jamais deveriam ter sido retomadas, como o embarque de animais em situações análogas a que os escravos foram submetidos no passado. É com a frase do promotor de justiça Laerte Levai que deu início a essa sentença judicial que encerramos essa Coluna: "Hoje se reconhece o óbvio, que o animal não é coisa e sim um ser vivo senciente com direitos fundamentais e dignidade”
MP/SP - Laerte Fernando Levai.
Thaís Viotto.
Presidente da Comissão de Proteção e Defesa Animal da OAB Bauru/SP e do Conselho Municipal de Proteção e Defesa Animal (COMUPDA).