27 de julho de 2024
COLUNISTA

Ramos da Paixão de Jesus

Por Dom Caetano Ferrari |
| Tempo de leitura: 3 min
Bispo Emérito de Bauru

Chegamos no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. A Liturgia evoca dois mistérios: a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, celebrada com a bênção e a procissão dos ramos, e a paixão de Jesus Cristo com a proclamação do Evangelho da paixão segundo São Mateus. Desta forma tem início a Semana Santa. Hoje se encerra a Campanha da Fraternidade deste ano com o recolhimento, no momento das oferendas, das doações em favor dos projetos da Igreja de combate à fome. Não esqueçamos que a Palavra de Deus que inspirou a Campanha da Fraternidade/2023 prioriza dar de comer aos famintos: "Dai-lhes vós mesmos de comer!" (Mt 14,16), mas nos convida também a fazer desaparecer a fome do meio de nós.

Como sabemos, a Semana Santa é a semana mais importante do ano, porque nela a Igreja celebra os mistérios da paixão, morte e ressurreição do Senhor, numa palavra a Páscoa do Senhor. O ponto alto é o tríduo pascal: Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado Santo. E a Vigília pascal está no centro não só da Semana Santa como do Ano Litúrgico. Nesta noite santa da Vigília pascal, celebra-se a vida nova do Cristo morto e ressuscitado que, entregando-se por amor na cruz, deu também a vida nova aos cristãos. Por isso é que se diz que a Páscoa é a festa da Páscoa de Cristo e dos cristãos. É assim como devemos entender o que afirma o apóstolo Paulo quando ressalta que ressuscitamos com Cristo: "Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então nós também seremos manifestados com Ele em glória" (Cl 3,1-4).

Acompanhemos Jesus entrando triunfalmente em Jerusalém, conforme nos conta São Mateus - Mt 21,1-11. Mateus, que escreveu o seu Evangelho especialmente para os judeus convertidos, diz que a entrada de Jesus em Jerusalém aconteceu da forma como previu o profeta: "Dizei à filha de Sião: Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta". Os discípulos trouxeram um jumentinho e puseram sobre ele suas vestes. Jesus montou e foi descendo do monte das Oliveiras à cidade, enquanto a numerosa multidão estendia suas vestes pelo caminho e por ele espalhavam ramos de oliveira esperando Jesus passar. As multidões que O acompanhavam gritavam: "Hosana ao filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!" Entrando em Jerusalém, a cidade inteira se movimentou e diziam: "'Quem é este homem?' E as multidões respondiam: 'Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galileia'". Não sabia o povo, mas o sabia Jesus, que sua entrada triunfal em Jerusalém terminaria no monte do Calvário, e que o fim daquele percurso seria a cruz.

Entrando na Semana Santa, a Igreja nos convida a acompanhar o Senhor do céu e da terra realizando a sua obra da salvação em cumprimento da vontade do Pai. Acompanhemos a Ele, o justo sem pecado, levado aos tribunais e arrastado ao Calvário, onde pregado na cruz teve trespassadas as suas mãos e pés e contados os seus ossos, e morreu perdoando a todos. Foi por amor que Jesus assim deu a sua vida, por amor ao Pai, restituindo-Lhe a glória profanada pela desobediência humana e por amor aos homens, reconciliando-os com Deus mediante o perdão dos seus pecados.

Sigamos, com respeito e devoção, a "Via Crucis" de Jesus, suplicando que possamos nos solidarizar com Ele e com os irmãos da "via crucis" da vida de todos nós, sobretudo dos famintos e pobres, assumindo-a também por amor, a fim de nos tornarmos dignos de participar da sua ressurreição e glória.