Um sorriso pode mostrar os incisivos laterais superiores com a forma de um cone ou conoide. Os incisivos humanos têm formato de uma pá e, quando se apresenta menor e conoide, significa que o seu germe não cresceu o suficiente, manifestando-se como microdente, inclusive a raiz também é menor e conoide. Dentes conoides são muito comuns.
O germe de um dente conoide nem iria se desenvolver, pois aquela pessoa tem um gene para o seu desaparecimento, mas mesmo assim ele cresceu e o dente chegou a um tamanho razoável. Como se diria na linguagem popular, antes pequeno do que ausente!
A ausência de formação de um dente se chama anodontia parcial e o tamanho menor é a microdontia. O formato pontiagudo de um dente também é conhecido como conoidismo. Sim, os dentes conoides representam uma manifestação fenotípica incompleta de um gene anodôntico, ou seja, de uma anodontia. Isto ocorre quase que exclusivamente nos incisivos laterais superiores e, muito eventualmente, apresenta-se nos dentes do siso e dentes supranumerários.
A família com dentes conoides podem ter algumas pessoas com esses mesmos dentes ausentes, pois não se formaram os germes, enquanto outros familiares têm os dentes normais. Esse gene anodôntico que diminui ou impede o crescimento dos germes dentários e o tamanho final dos dentes, tem uma penetrância incompleta e expressividade variável. Cada indivíduo da família pode ter uma forma diferente em ambos ou em apenas um dos lados, ou seja, há uma imprevisibilidade. E não tem como prevenir que isto ocorra nas famílias com este gene.
CORREÇÕES
O tratamento se faz com materiais estéticos que recompõem o volume e a forma da coroa do incisivo lateral superior. No entanto, quase sempre precisa-se aumentar o espaço entre o incisivo central e o canino, para que se reconstitua a forma completa e fique esteticamente imperceptível. Os ortodontistas são treinados e conseguem este espaço para que o cirurgião-dentista especialista em estética, atue e deixe os dentes conoides harmoniosos para uma estética e função adequadas.
Com frequência os incisivos laterais superiores apresentam-se com outros distúrbios do desenvolvimento, tal como o sulco palatogengival e o dente invaginado. Em uma análise muito superficial, poderia se dizer que é um dente mais instável que os demais quanto a sua forma e tamanho, mas não é bem assim!
Estudos minuciosos revelam que dentro do osso, o incisivo lateral superior se desenvolve um pouco mais tarde e entre os germes do incisivo central, do canino e do primeiro pré-molar superior, às vezes ficando meio apertado no local para que se desenvolva plenamente. Qualquer falta de espaço é significante e ele pode ficar diferente do que o normal, mas isto não tem nada a ver com o fato de estar frequentemente ausente ou com a forma conoide cuja causa é genética hereditária.
REFLEXÃO FINAL
Apesar de parecer um artista coadjuvante na estética, onde brilham os incisivos centrais e os caninos superiores, a forma e tamanho dos incisivos laterais superiores completam de forma essencial um sorriso humano encantador. Se me permitam, extrapolando: - Uma peça teatral ou um belo filme não se faz apenas com protagonistas, os coadjuvantes são fundamentais e reluzem muito, como ocorre nas façanhas da vida.
(Alberto Consolaro – Professor Titular pela USP e Colunista de Ciências do JC)