No Evangelho da Santa Missa de ontem na noite do Natal - Lc 2, 1-14 - São Lucas nos recorda tudo como aconteceu desde o decreto de César Augusto ordenando o recenseamento, a viagem de José até Belém, na Judéia, levando a sua esposa, que estava grávida, a fim de se registrarem. Que em seguida, quando se completaram os dias para o parto e, não encontrando lugar em nenhuma hospedaria, Maria deu à luz o seu filho primogênito, ela o enfaixou e o colocou numa manjedoura. Que depois um anjo do Senhor apareceu aos pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do seu rebanho, e lhes disse: "Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor". Até que, de repente, juntou-se ao anjo uma multidão da coorte celeste, que cantava louvores a Deus: "Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por Ele amados".
No Evangelho da Santa Missa de hoje, dia do Santo Natal, a Liturgia nos oferece a teologia de São João - Jo 1,1-5,9-14. São João afirma que a Palavra de Deus se tornou realidade humana, virou verdade real visível. E a verdade real visível é esta: "A Palavra se fez carne e habitou entre nós (v.14). São João prossegue argumentando que a todos que receberam esta Palavra feito carne concedeu adquirir a capacidade de se tornarem filhos de Deus, para que, ultrapassando o nascimento do sangue e da vontade da carne e do varão, pudessem nascer agora, novamente, de Deus mesmo. No início deste seu Evangelho São João começou lembrando que Jesus é a Palavra de Deus desde antes da criação do mundo: "No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. Depois, continua dizendo que "Tudo foi feito por meio da Palavra, e sem ela nada se fez de tudo que foi feito", isto é, toda a criação. Avançando na explicação, São João afirma que "na Palavra estava a vida, e a vida é a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la". Pode-se resumir essa bela reflexão de São João, articulando essas palavras: Palavra de Deus, Vida e Luz que transcendem o nosso entendimento humano e nos colocam face a face com o sublime mistério da Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Francisco de Assis compreendeu bem o significado do Natal, quando disse que a Páscoa é, sem dúvida alguma, o mistério maior de nossa fé, no entanto, Jesus não teria morrido e ressuscitado se, primeiro, não tivesse nascido.
Contemplando em espírito a suprema humildade do Filho de Deus nascido no Natal, São Francisco de Assis admirava como Deus olha para quem dele se aproxima, com ternura e afeto, a mãe Maria, o pai José, o boi e o burro, as ovelhas, os pastores, os reis. E como jamais o fez, Francisco celebrava o Santo Natal, armando presépios ao vivo, para que todas as pessoas pudessem contemplar o mistério do mundo divino encontrando-se com o mundo humano e desejassem como ele retribuir com igual amor ao Menino Deus, rendendo-lhe glória, como disse São João no Evangelho, "glória que Ele recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e verdade" (v.14).
Desejo a você e a sua família, estimado leitor e leitora, um santo e feliz Natal e um abençoado Ano Novo, com saúde, paz e todo o bem.