Hoje, no segundo domingo do Advento, que nos prepara espiritualmente para o Natal, São Mateus, no Evangelho da Santa Missa - Mt 3,1-12 - destaca a figura de João Batista que apareceu no deserto da Judéia dizendo: "Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo". E continua falando: "Eu vos batizo com água para a conversão, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. A pá está na sua mão: vai limpar a sua eira e recolher seu trigo no celeiro: mas, quanto à palha, vai queimá-la num fogo inextinguível".
Nunca é demais falar nem demais ouvir que os Evangelhos não são simplesmente quatro livros ou um livro só, como se quiser dizer, mas uma Pessoa, Jesus Cristo, pois Ele é a boa nova da salvação para a humanidade. É o que a nossa Igreja afirma desde sempre. O Cristianismo não é uma religião do livro, como no caso dos judeus (Torá) e dos muçulmanos (Corão). A Palavra de Deus na nossa fé é o Verbo Eterno, Deus mesmo que "Fez-se carne" (Jo 1,14). Esta é a boa nova do Cristianismo para a humanidade inteira.
O Natal é a comemoração do fato histórico do nascimento do Verbo Divino, a Palavra Eterna que entrou no tempo, na história humana para ser luz que ilumina o mundo como ninguém nem coisa alguma foi capaz ou é capaz de o fazer, revelando o insondável mistério da verdade sobre Deus. Porque, "ninguém jamais viu a Deus: o Filho único, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer" (Jo 1,18).
O "Verbo" (latim) ou o "Logos" (grego), isto é, a Palavra Eterna fez-se criança, tão pequena que coube numa manjedoura para ser vista e compreendida por todos nós, desde os humanos mais simples até os seres do céu e os da terra. Foi naquela noite santa, vibrante de vida, no silêncio das estrelas luminosas, dos animais no pasto e estrebaria, dos pastores, de José e Maria, que o Menino Deus nasceu em Belém, na Judéia. Desde então a Palavra de Deus tem voz e rosto, pode ser ouvida e vista, amada e abraçada: Jesus Cristo.
Com "vigilância e oração", como nos pede o Senhor, continuemos nossa preparação para o Natal que está chegando, sempre agindo com "piedosa e alegre expectativa". Pois o Apóstolo Paulo lembra-nos que Deus nos enriqueceu em tudo pela graça que nos concedeu em Jesus Cristo. Logo, baseados nesta verdade, devemos aguardar serenamente a revelação de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas suplicando a Deus a perseverança irrepreensível no bem "até o fim, até o dia de Nosso Senhor, Jesus Cristo."
Neste tempo em que se fala muito do pecado social, dos outros e das estruturas, e pouco do pecado pessoal, o convite do Evangelho é pessoal, para mim e para você. Convertamos o coração, o meu e o seu, para o Natal que se aproxima. Supliquemos a Deus a graça da conversão pessoal.