27 de julho de 2024

Lula de hoje x Lula de 2003

Por Reinaldo Cafeo |
| Tempo de leitura: 4 min

A discussão neste período de transição de governo é a questão fiscal. Indo com muita sede ao pote, Lula de hoje não repete a fórmula que ele introduziu em seu primeiro mandato em 2003. Ao tentar convencer o mercado de que a responsabilidade social é tão ou mais importante do que a responsabilidade fiscal, Lula, sofisma, ao não debruçar sobre o orçamento  e tentar buscar opções para manter os auxílios sociais. Em seu primeiro mandato os superávits primários (receita menos despesas sem computar o serviço da dívida) foram fundamentais para ocorrer à época até mesmo sucesso na área social. Agora, ao tentar incrementar ao menos R$ 175 bilhões, estourando o teto de gastos, o impacto será na ordem de 2% do PIB, elevando o endividamento público e aumentando o risco-Brasil.

Pode chamar como quiser, mas é gasto
Podem tentar dourar a pílula, e até mesmo o vice-presidente eleito, Alckmin dizer que são gastos sociais, mas na prática sairá do mesmo orçamento, portanto, gerará déficit da mesma maneira. Não dá para entender por que a equipe de transição não sinaliza rever linha a linha do orçamento, encontrar caminhos para ampliar a arrecadação e reduzir outros gastos, abrindo espaço para, sem aventura fiscal, atender o aumento do Auxílio Brasil e até mesmo o reajuste acima da inflação do salário mínimo. O mais fácil sempre é: empurre com a barriga e seja o que Deus quiser. Como esperávamos, o Lula de hoje está distante de ser o Lula de 8 anos de mandato anterior, vindo numa versão piorada e, ousaria dizer, ultrapassada.

Prêmio para o risco
Se as contas públicas não são controladas o risco-país se eleva. Risco maior, exigência de retorno maior. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em seu recente pronunciamento já deu a receita: sem responsabilidade fiscal os juros não caem. Juros mais altos, engessam a economia, o emprego não volta, o desemprego se eleva, e a renda cai. Ajuda de um lado, penaliza de outro. Isso sem falar que normalmente nestas circunstâncias, por proteção, aumenta a demanda pela moeda estrangeira, que contamina os preços, e a inflação se instala. Mais prejuízo aos mais pobres. A Ciência Econômica já ofereceu alicerces suficientes para estabelecer a relação de causa e efeito, portanto, não precisa praticar a tentativa e erro.

Desemprego recua
A taxa de desocupação no Brasil no terceiro trimestre ficou estável. O índice nacional recuou de 9,3% para 8,7% no período, porém 21 unidades federativas permaneceram estáveis aponta Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral do IBGE. Na comparação interanual com o mesmo trimestre do ano anterior, houve queda significativa da taxa de desocupação. O modelo econômico vigente trouxe este resultado, já para o ano quem, muitas dúvidas se o mercado de trabalho continuará melhorando.

Inadimplentes
Mesmo com a geração de empregos em alta no país e ainda com o Auxílio Brasil mantido para este ano, as famílias brasileiras não estão conseguindo equilibrar o orçamento doméstico. São 68,4 milhões de inadimplentes em setembro de 2022, segundo dados da Serasa. É o nono mês seguido de alta no número de pessoas que não consegue honrar seus compromissos financeiros. O cartão de crédito é a principal dívida pendente: 29,45% do total. Mulheres representam a maioria dos devedores (50,2%) e o valor médio de cada dívida é de R$ 1.227,71.

Aposentadorias: reajuste previsto de 6%
A nova previsão de inflação do governo federal aponta reajuste de 6% nas aposentadorias do INSS em 2023. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), usado para corrigir salários e benefícios no país, deve fechar o ano menor do que o previsto anteriormente pela equipe econômica. Com o reajuste, o teto do INSS chegaria a R$ 7.512,45. Já o salário mínimo ficaria em cerca de R$ 1.302,00 (caso seja reajustado acima da inflação).

Black Friday
Tem acompanhado as promoções da Black Friday? É fundamental que você observe o comportamento de preço do produto que deseja. Assim saberá que a promoção é efetiva, sem nenhum tipo de jogo de números. Outra dica é: gaste no limite de sua renda, afinal, não é porque o preço está convidativo que você precisa comprar. Fora isso, boas compras.

Mude já, mude para melhor!
Estou incomodado com narrativas de quem é incapaz de aceitar a realidade, e para defenderem o indefensável até mentem, enganando os menos avisados. Senso crítico deve ser aguçado em sua maior dimensão. Mude já, mude para melhor!