Há uma conexão curiosa entre Halloween e o Dia da Reforma Protestante, e se trata mais do que apenas proximidade no calendário. Por que Martinho Lutero pregou suas famosas teses à porta da igreja de Wittenberg em 31 de outubro de 1517, há 505 anos atrás?
DIA DAS BRUXAS
O Dia das Bruxas (31 de outubro) é comemorado por milhões a cada ano, com fantasias e doces. As raízes mais profundas do Dia das Bruxas são pagãs. Sua origem tem lugar entre os Celtas, que viveram há mais de dois mil anos na região onde hoje se encontram a Inglaterra, Irlanda, Escócia e noroeste da França. Os sacerdotes Celtas, chamados druidas, costumavam honrar Samhain, deus dos mortos, ao entardecer do dia 31 de outubro. De acordo com a lenda Celta, Samhain controlava os espíritos dos mortos e tinha poder tanto para permitir que eles descansassem em paz como para fazê-los aterrorizar os vivos durante aquela noite. Na Inglaterra medieval, o festival era conhecido como All Hallows, daí o nome Halloween. Dentre alguns símbolos usados nesta tradição existe a abóbora recortada em forma de "careta", lenda que conta a história de um homem a quem foi negada a entrada no céu, por sua maldade, e no inferno pregava peças no diabo. Condenado a perambular pela terra como espírito até o dia do juízo final, tal homem colocou uma brasa brilhante num grande nabo oco, para iluminar-lhe o caminho através da noite. Este talismã (nabo que virou abóbora) simbolizava uma alma condenada. Outros símbolos utilizados eram do gato preto (pessoas transformadas por magias), lua cheia (época de praticar rituais de ocultismo), morcego (por sua habilidade de perseguir sua presa no escuro, adquiriu a reputação de possuir forças ocultas). Tudo parece uma grande brincadeira, mas — conscientes ou não — os participantes dessa festa acabam se envolvendo com o ocultismo e o satanismo.
DIA DA REFORMA
O Dia da Reforma (31 de outubro) celebra as 95 teses do monge agostiniano chamado Martinho Lutero pregadas nas portas da Abadia de Wittenberg, Alemanha, em 31 de outubro de 1517. Este ato desencadeou a Reforma Protestante. A Reforma foi a redescoberta da doutrina da justificação, isto é, a salvação somente pela graça (Gálatas 2.1) através da fé somente em Cristo, porque "o justo vive pela fé" (Romanos 1.17).
DIA DE TODOS OS SANTOS
O dia de todos os santos (1 de novembro) foi celebrado em 13 de maio de 609, quando o papa Bonifácio IV dedicou o panteão em Roma à Virgem Maria. A data foi posteriormente alterada para 1 de novembro pelo Papa Gregório III, que dedicou uma capela em homenagem a todos os santos na Basílica do Vaticano. Em 837, o papa Gregório IV ordenou sua observância em toda a igreja. Ao longo do tempo, essas celebrações vieram a incluir não só os mártires, mas todos os santos. Durante a Reforma, as igrejas protestantes entenderam o termo "santos", no uso do Novo Testamento, como a inclusão de todos os fiéis.
FINADOS
O Dia de todas as Almas ou o Dia dos Mortos, mais conhecido como Finados, é celebrado no dia 2 de novembro. Este é um dia dedicado à oração em memória de antepassados que morreram. As pessoas oram pelas almas dos mortos, em um esforço de acelerar a transição do purgatório ao céu, para serem purgadas e purificadas de seus pecados. Já que o feriado de Finados ocorre dois dias após a celebração do movimento da Reforma Protestante, o protestantismo não proíbe seus crentes a visitarem ou homenagearem seus mortos, movidos pela saudade de seus falecidos, entretanto as igrejas protestantes não rezam por seus mortos, por não encontrar apoio escriturístico para tal providência.
SALVAÇÃO PELA GRAÇA
As pessoas espiritualmente fervorosas eram instruídas a justificar-se diante de Deus por suas obras, escapando assim do julgamento final. Na Reforma, os fiéis foram reorientados a perceberem nas Escrituras Sagradas que a absolvição do julgamento final ocorre pela graça, por meio da fé em Cristo. Em vez da salvação por obras, Lutero em sua Reforma Protestante proclamou: "O verdadeiro tesouro da Igreja é o Santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus" (Tese 62): "Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; pois o querer o bem está em mim, mas não o realizá-lo. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero." — Romanos 7.18-19. Enquanto o Halloween celebra a morte, a Reforma Protestante exalta a graça da vida em Cristo Jesus.