23 de dezembro de 2025
Geral

Paralamas do Sucesso

Redação
| Tempo de leitura: 4 min

Paralamas: um acústico diferente

Paralamas: um acústico diferente

Paralamas do Sucesso grava CD acústico sem pompa, orquestra e deixando a maior parte dos hits de fora; banda se apresenta na Cervejaria dos Monges no dia 14 de agosto

Com um CD acústico recém-gravado na MTV, a banda Paralamas do Sucesso confirmou esta semana sua apresentação na Cervejaria dos Monges, dia 14 de agosto. O novo trabalho da banda tenta fugir dos clichês que acompanham as bandas e músicos que resolveram se desplugar, não tem pompa, orquestra e aquele conhecido festival de ilustres convidados.

Herbert Vianna diz que tentou escapar "de uma certa má vontade que surgiu em torno dos acústicos da MTV depois do sucesso do disco dos Titãs, como se aquilo fosse uma tábua de salvação''.

O programa da banda Paralamas do Sucesso -que vai ao ar na MTV

às 22h da próxima quinta, dia 29-, pode ser considerado uma prévia para o show da Cervejaria.

Poucos hits

"Estamos conscientes do risco comercial de deixar de fora praticamente todos os hits, mas queremos tocar outras coisas'', diz Herbert.

Na verdade, há hits entre as 22 canções escolhidas para o show. Alguns são da própria banda, como "Selvagem'',

"Lourinha Bombril'' ou "Meu Erro'', outros vieram de fora, caso de "Que País É Esse'' (Legião Urbana) e "Sossego'' (Tim Maia), precedido de uma referência a James Brown.

Mas também é verdade que o repertório não insiste na facilidade comercialista dos grandes sucessos do grupo

-que dariam, com sobras, para preencher todo o programa.

A lista não é óbvia. Há uma canção inédita ("Sincero Breu'', letra de Herbert e música de Pedro Luiz, da banda carioca A Parede) e algumas escolhas que deverão surpreender os desavisados.

Por exemplo: "Feira Moderna'' -lembra? Os mais velhinhos lembrarão: a música de Fernando Brant, Beto Guedes e Lô Borges foi muito ouvida no final dos anos 70.

"Foi incluída por razões sentimentais'', explica Herbert, recordando que "quando entramos na universidade tocava o tempo todo na Nacional FM'', uma estação carioca dedicada exclusivamente à música brasileira, escutada pelos jovens estudantes como quem pratica um ato político. Outra diferente é "Life During Wartime'', do Talking Heads. "Ela surgiu numa `jam' e, curiosamente, o David Byrne estava na platéia quando tocamos pela primeira vez, aqui no Rio'', conta Herbert.

Shows-surpresa

O desenho do projeto do Paralamas começou a nascer em alguns

"sets'' acústicos apresentados em intervalos de shows eletrificados. As primeiras apresentações públicas, já com a coisa mais estruturada, aconteceram em shows-surpresa, como o que alguns paulistanos puderam ver, há um ano e meio, na casa de jazz e blues Bourbon Street.

Da mesma forma que naquela ocasião, Herbert, Bi e Barone surgiram em trajes vermelhos na gravação do programa, realizada, no Rio, nos dias 4 e 5 de junho. A mesma cor foi vestida pelos músicos que acompanham o trio: João Fera (piano), Eduardo Lyra (percussão), Monteiro Júnior (sax), Demétrio Bezerra (trompete) e Bidu Cordeiro (trombone).

De vermelho também será visto na TV Dado Villa-Lobos, ex-Legião Urbana, que toca com o grupo durante todo o show. Mas além das roupas e do repertório, o que deve chamar mesmo a atenção no acústico é o alto volume e a intensidade do som gerado pelo Paralamas.

Sempre comentou-se no início, quando os três tocavam sozinhos, como tão poucos eram capazes de fazer tanto barulho. O truque, agora reutilizado, é explicado por Herbert: "Na verdade naquela época fazíamos muito silêncio, assim qualquer elemento que surgisse fazia diferença''.

Explorando pausas e privilegiando arranjos "pesados'', a banda, tomando Gilberto Gil e Eric Clapton como as referências mais bem-sucedidas do gênero, acredita ter conseguido resolver sua própria equação acústica.

"Resolvemos tirar tudo o conseguíssemos dos instrumentos que normalmente usamos e não ter orquestra nem convidados, porque nossos shows são praticamente sem intervalo. Não

é uma imposição do formato ter orquestra e convidados. Preferimos evitar''.

Dado Villa-Lobos e Zizi

Para não dizer que não há participações especiais, além de Dado Villa-Lobos, Zizi Possi entra em cena para os vocais de "Meu Erro''.

Os dois espetáculos, para poucos convidados e muitos fã-clubes, que geraram o programa e o CD aconteceram no Parque Laje, palacete carioca cercado por jardins, onde funciona a conhecida Escola de Arte.

O lugar foi cenário do filme "Terra em Transe'', de Glauber Rocha, e de "Macunaíma'', de Joaquim Pedro de Andrade.

Num cenário europeizado, de abajures e antigas cadeiras de madeira, a banda apresentou-se, como de costume nesses programas, sentada. "As roupas vermelhas e o cenário surgiram quase de brincadeira, como para marcar a diferença entre esse show e os shows elétricos'', diz Herbert.

A MTV também produziu um "making of'' das gravações, que será exibido na quinta, dia 29, às 21h30, antes do programa.

Veja as músicas do Paralamas Acústico

"Vulcão Dub'' (instrumental)

"Fui Eu''

"O Trem da Juventude''

"Manguetown''

"Um Amor, Um Lugar''

"Bora Bora''

"Vai Valer''

"Sossego''

"Uns Dias''

"Sincero Breu'' (inédita)

"Meu Erro''

"Selvagem?''

"Brasília 5:31''

"Nebulosa do Amor''

"Tendo a Lua''

"Que País é Esse?''

"Navegador Impreciso''

"Feira Moderna''

"Lourinha Bombril''

"Vamo Batê Lata''

"Life During The Wartime''

"Caleidoscópio''