Preso acusado de estupro e latrocínio
Os crimes que chocaram Botucatu aconteceram na Estância Lívia, em outubro de 99 onde moravam as vítimas
A Polícia Civil prendeu anteontem em Curitiba um dos acusados mais procurados dos últimos anos em Botucatu: Éder Alexandre Alves, 23 anos, que é o principal suspeito de ter participado do assassinato do médico Alfredo Hélio Ribeiro Padovan, 68 anos, e sua mulher, a estudante de Direito Flávia Andréia Rodrigues de Oliveira Padovan, 37 anos, na madrugada do dia 15 de outubro do ano passado. Eles foram mortos a tiros e o filho do casal, Alfredo Padovan Neto, 13 anos, foi baleado, mas sobreviveu. Éder é acusado também de ter matado, na mesma noite, seu primo Adriano Américo Martins, 18 anos, que seria seu comparsa na invasão da casa do médico.
Ainda na mesma noite, uma empregada da casa, I.M.S., 33 anos, foi estuprada, crime que também teria sido praticado contra Flávia que morreu.
Com a prisão de Éder, anteontem, a polícia apurou, segundo depoimento do próprio acusado, que logo após a noite do crime, ele foi até Piracicaba, depois para São Paulo onde teria permanecido por aproximadamente duas semanas e, depois, para Curitiba, no Paraná, onde vinha trabalhando como ajdante de pedreiro. Segundo a Delegacia de Investigações Gerais (Dig) de Botucatu, em depoimento,
Éder teria confessado os crimes e alegado que não tinha a intenção de matar. Disse que foi à casa do médico para tentar receber um dinheiro que lhe seria devido mas não chegaram a um acordo. Teria confessado ainda que matou seu primo porque este estava estuprando a empregada, coisa que não estaria nos seus planos. Após ser ouvido, Éder foi indiciado pelos crimes e encaminhado para a cadeia onde deve ficar aguardando decisão da Justiça.
Noite trágica
A ação dos marginais que terminou na tragédia teve início, segundo a polícia, na madrugada do dia 13 com a chegada dos dois rapazes na Estância Lívia, onde o médico morava com a mulher e o filho. Além da empregada I.M.S., estavam também na estância alguns caseiros.
Durante as cerca de 18 horas em que permaneceram dentro da casa, os ladrões reviraram tudo e passaram o tempo ameaçando as vítimas. Os ladrões teriam entrado na casa apenas com uma cartucheira, mas encontraram várias armas que o médico colecionava. De acordo com os empregados de Padovan, os dois ladrões, encapuzados, armados com uma cartucheira e com uma faca, teriam rendido os funcionários, o casal e o filho. Todos foram colocados em um quarto. Os ladrões passaram o resto do dia na casa. Segundo a polícia, os estupros contra as mulheres provocaram um desentendimento entre os dois assaltantes e o ladrão mais velho teria atirado e matado o mais novo. Em seguida teria descarregado a arma automática contra o casal e o menor, fugindo com algum dinheiro
O crime chocou a cidade de 180 mil habitantes, onde o médico era um oftalmologista muito conhecido. Dois meses antes dessa tragédia, um outro crime violento já havia assustado e revoltado os botucatuenses, quando três adolescentes haviam assassinado o médico Antônio de Pádua Campana, 59 anos, professor e um dos fundadores da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho (Unesp).