O inverno está no fim e alguns rios já dão sinais de boa pescaria. É importante ficar atento e se preparar para pescar
Os peixes começam a comer
A natureza sabiamente permitiu aos cardumes que se alimentaram durante o outono acumular uma reserva de gordura necessária para o período de inverno, estação de águas frias e ventos idem, na qual, exceto as espécies de couro, há muita retração nos demais indivíduos. Como não tivemos tanto frio assim, apenas uma frente de vez em quando, a natureza prepara-se para a primavera próxima e já deu o seu sinal para os nossos parceiros de lazer.
Por razões que desconhecemos, mas acreditamos estar ligada à idade, percebemos que nas espécies analisadas apenas os pequenos peixes começaram a se alimentar. Os maiores exemplares estão com muita camada de gordura, não estão comendo, e com certeza estão preparando-se para a piracema, pois esta reserva de gordura vai garantir-lhes atingir as nascentes para desova.
Tal situação leva-nos a concluir que, tão logo caiam as primeiras chuvas, estes indivíduos que possuem esta reserva vão receber o sinal de que é hora de comer e, a partir daí, as ações vão começar a acontecer.
Esperando o momento
Enquanto este momento não chega, pois está faltando a chuva, o pescador já pode desamarrar as varas e equipamentos guardados e começar a preparar as cevas para as ótimas pescarias.
Quem gosta de piavas e lambaris deve pôr a quirera e os grãos de milho para azedar, tarefa facilitada se usarmos uma garrafa plástica (de refrigerante) que, além de agilizar a fermentação, reduz o cheiro desagradável. Quem gosta de curimbatás já pode ir preparando o farelo de arroz que, misturado ao sangue bovino, vai deixar o pescador perdido com tanto sinal na ponta da vara.
Encontrar o poço
Quem já tem um pesqueiro e sabe dos seus pontos de pesca, sabe também o volume que a água vai atingir nas primeiras chuvas. É o momento então de preparar as espigas de milho ou mandioca e amarrá-las no local propício, pois vai perceber que os cardumes já estarão comendo. Uma vez cevados, a partir daí é só alegria, pois finalmente o frio vai indo embora.
Quem se dedica aos curimbatás, deve tomar um pouco mais de cuidado. Como a espécie é típica dos poços parados, a subida do rio vai movimentar a água, deixando-a mais ligeira. É necessário, para esta espécie, aguardar o rio subir e voltar a baixar para realizar a ceva, situação em que já estará delineado o movimento do poço, oferecendo um bom resultado com a ceva de farelo de arroz.
Preparar a tralha
Como estamos num início de período e até que os peixes ataquem com vontade, devemos estar preparados para qual equipamento a usar, que deverá ser o mais discreto possível. Desta forma, será necessário usar uma linha fina (0,25 mm no máximo), anzol e isca pequenos, pois percebemos que os cardumes não atacam se perceberem uma linha mais grossa, por exemplo.
Preparar a isca
Também por razões desconhecidas, os peixes ainda estão preferindo as iscas à base de carne, deixando assim as massas em segundo plano. Uma isca excelente para este período intermediário é a mortadela cortada em pequenos cubos. Com ela, teremos os ataques tanto de lambaris como de piavas, e se a intenção for alguma piapara, é interessante usar sardinha ou tripa de frango/galinha. Esta última opção também é recomendada para os bagres e mandiúvas, que em tempos de água fria têm seu momento máximo de ataque. É tanta a voracidade que mesmo com a isca errada (massa) percebemos os ataques com vigor. Imagine então o que um bom pedaço de sardinha não provoca num bagre faminto. Por falar neles, estão no momento de auge do ataque, pois como possuem um relógio biológico diferente dos peixes de escama, mais cedo entrarão na desova.
É hora de pescar
Quem ficou aborrecido e diariamente olhava os equipamentos guardados desde o início de maio, já pode, como dissemos, soltar as amarras e começar a preparar o trabalho. Apesar da mudança de tempo ocorrida externamente, dentro da água a revolução já começou e, de ora em diante, é só pescar, pescar e pescar.