07 de dezembro de 2025
Geral

Contrato social deve ser retomado, diz psicóloga

Daniela Bochembuzo
| Tempo de leitura: 2 min

O caminho para reverter a violência social, aponta a psicóloga Vera da Rocha Resende, é retomar o contrato social. Cada um precisa fazer a sua parte. A saída tem que ser de todos, com o envolvimento de todos. Na medida em que compactuo, com o meu trabalho, com coisas desonestas e não cumpro o meu papel social, estou cometendo uma violência e isto vai gerar mais insatisfações, explica.

A tomada de consciência, sustenta a psicóloga, deve ser feita de duas maneiras: a pessoa com ela mesma e em relação ao que está a sua volta, por meio da solidariedade e da exigência que o Estado cumpra as suas atribuições.

As instituições precisam funcionar. Não é possível concordar com um Estado que, em vez de investir em educação e lazer, empresta dinheiro para salvar bancos e empresas que dão golpes em seus funcionários, deixando centenas de pessoas desempregadas e sem recursos para cuidar de seus filhos, cobra Vera.

Além do Governo, o processo deve envolver as famílias e a escola. Os pais precisam estar atentos para não colocar para as crianças coisas do mundo adulto sem que elas tenham referência para avaliar se devem ou não se apoderar desses objetos e valores. As pessoas não podem ficar isoladas em seus mundos particulares. É preciso humanizar as relações e, para isso, as instituições precisam funcionar, defende.

A esperança de um mundo melhor, acredita o filósofo Clodoaldo Meneghello Cardoso, está na reeducação contínua, que envolve auto-reflexão. Não se constróem novos valores sem reflexão. Mas mesmo a auto-reflexão crítica não garante a ética se a pessoa não conseguir perceber-se e se perceber em relação ao outro, diz.

Para Cardoso, a nova racionalidade é um desafio premente e irreversível, que deve envolver os níveis municipal, nacional e mundial.

Penso que a nova racionalidade não pode abrir mão da ciência, mas esta não deve ser colocada a serviço do capitalismo. Também não podemos ser ingênuos de acreditar que a mudança está em cada um mudar o coração. É preciso questionar as verdades do mundo e as suas verdades, a partir da percepção do outro, conclui o filósofo.