07 de dezembro de 2025
Geral

Cardia comandará grupo anti-seqüestro

Redação
| Tempo de leitura: 4 min

O grupo anti-seqüestro de Bauru, recém-criado, vai funcionar no prédio da DIG/Garra e atenderá 143 cidades

O delegado José Jorge Cardia, titular da Delegacia de Investigações Gerais/ Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (DIG/Garra), irá assumir o cargo de titular do Grupo Especial de Resgate e Investigações sobre Crimes de Extorsão Mediante Seqüestro (GER), que que começará a funcionar em breve em Bauru. O delegado destaca a importância da criação do grupo já que o seqüestro é um crime que está sendo banalizado. Além disso, ele afirma que os assaltantes e seqüestradores estão migrando da Capital para o Interior.

O GER deverá funcionar nas dependências da DIG/Garra e começará a ser organizado por Cardia a partir desta semana, procedimento que inclui definição das instalações físicas, seleção de profissionais para compor o grupo, treinamentos para os mesmos e obtenção dos equipamentos necessários. A partir do momento em que for editada a portaria, eu estarei organizando esse grupo. Nós não podemos ter prazo marcado para iniciar os trabalhos porque precisamos adequar a parte física, precisamos adquirir equipamentos e precisamos treinar o pessoal para, finalmente, inaugurar o grupo, afirmou o delegado.

Apesar de estar sendo instalado em Bauru, o GER atenderá as 143 cidades da jurisdição do Departamento de Polícia Judiciária do Interior-4 (Deinter-4). Em cada Delegacia Seccional dessa área haverá um delegado de polícia responsável por tomar as medidas iniciais sobre o seqüestro, até que a equipe do GER possa deslocar-se ao local do crime.

Os recursos para a estruturação do GER serão obtidos, de acordo com Cardia, através de parceria com empresários de Bauru e região. Eu tenho certeza, como sempre aconteceu, que os empresários darão apoio para a implantação desse grupo, destacou.

Para o titular da DIG/Garra, a criação do GER é importante porque o seqüestro é um crime que está sendo banalizado. Os seqüestros têm aumentado muito na região porque no seqüestro a possibilidade de ganho é maior e o crime é mais difícil de ser elucidado que num assalto a banco, por exemplo. O seqüestro foi vulgarizado; seqüestra-se qualquer um hoje em dia, não é apenas a filha do Silvio Santos. Em São Paulo, já aconteceu seqüestro de receberem R$ 2 mil em duas ou três vezes, disse.

Cardia acrescenta que a criação de um grupo para atuar especificamente nos casos de seqüestro já estava sendo cogitada em Bauru, antes mesmo da determinação do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin. Nós estávamos nos preparando para a criação de um grupo especial em Bauru visto que, além da vulgarização desse crime, nós temos observado que as quadrilhas organizadas estão migrando para o Interior, enfatizou.

O grupo especial poderá atuar, inclusive, em casos de repercussão de grande porte, como o assalto ao avião de transporte de valores, na última quarta-feira, no aeroclube de Bauru.

Seqüestro

O titular da DIG/Garra adverte para a freqüente confusão entre seqüestro e roubo qualificado, muitas vezes denominado de seqüestro-relâmpago. O seqüestro-relâmpago é roubo qualificado: a pessoa mantém alguém sob domínio para ir até o caixa (eletrônico) retirar dinheiro etc. No seqüestro, a pessoa mantém alguém em cativeiro com a exigência de certa quantia para sua liberação. É diferente, esclarece.

Funcionamento

O Grupo Especial de Resgate (GER) será dividido em segmentos. Um deles é o segmento de Inteligência Policial, que trabalhará ininterruptamente colhendo dados que serão utilizados em eventualidades e fornecerá informações necessárias em casos de seqüestros.

O delegado J.J.Cardia explica que o Grupo de Negociadores é outro segmento que compõe o GER e contará também com integrantes mulheres.

O Grupo de Assalto é mais um segmento. Ele agirá nos casos em que se esgotarem as possibilidades de negociação pacífica entre polícia e seqüestradores. O atirador de elite é integrante importante desse segmento. Ele terá cursos especializados de armas e de munições para que não aconteça fatos em que se mata o seqüestrado e o seqüestrador, observou o delegado.

Com o objetivo de preparar-se para missões como essa, Cardia participou do curso Investigação de Crimes Violentos organizado pelo Ministério da Justiça, do qual participaram delegados do Sudeste do País. O curso faz parte do Plano Nacional de Segurança Pública e foi realizado na Academia da Polícia Civil, em São Paulo, do dia 20 ao dia 31 de agosto. Nesse curso, nós fizemos uma reciclagem e tomamos conhecimento das técnicas modernas de interceptação telefônica, de interrogatório e de anti-seqüestro, conta.

Apesar de não haver registros de seqüestros recentes em Bauru, a medida é considerada importante como preparação para eventuais crimes desse porte. Nós não temos tido seqüestros ultimamente em Bauru. Mas nós não podemos esperar que isso aconteça. Isso é uma medida preventiva para quando (e se) isso acontecer nós tenhamos um grupo a altura de trabalhar, explicou.