A entrega para operação está ocorrendo com uma antecipação de 30 dias. Empresa se preocupa com integridade da rede.
A Empresa de Transmissão de Energia do Oeste (Eteo) já está testando a linha de transmissão Taquaraçu-Assis-Sumaré, que deverá ser colocada em operação no dia 12 de outubro. Mário Bevilacqua, advogado da empresa, destaca que a preocupação, agora, é manter a integridade do linhão, que foi alvo de ladrões de cabos, nos últimos meses.
De acordo com Bevilacqua, a linha transmitirá uma carga de energia com tensão de 440 mil volts (440 quilovolts - KV), energia gerada em Taquaruçu, que seria suficiente para abastecer uma cidade com 2,2 milhões de habitantes.
O advogado da Eteo disse que o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está fazendo uma inspeção em toda a extensão do linhão. Segundo ele, a Eteo vai aguardar o relatório do órgão para resolver todos os problemas ambientais que possam ser apontados. Graças a uma Medida Provisória (MP), editada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), a construção pôde ser realizada sem os rigores da Lei Ambiental, reclamam os ambientalistas. Todos os problemas serão corrigidos, afirmou.
Bevilacqua ressalta que a linha de transmissão da Eteo, que está sendo entregue com um mês de antecedência ao prazo estipulado, tem um significado especial, pois trata-se da primeira concessão de serviço público de transmissão de energia, feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a uma empresa privada.
O projeto compreende a instalação de 505 km de linha que atravessam 36 municípios, desde Sandovalina (SP) até Sumaré (SP), passando por várias cidades da macrorregião de Bauru. A obra estava orçada em R$ 207 milhões.
Ambiental
Rodrigo Agostinho, da Organização Não-Governamental (ONG) Instituto Ambiental Vidágua, de Bauru, reclama que o governo aproveitou a crise de energia para editar a MP, para fazer andar obras nessa área, que geralmente têm um impacto ambiental pesado que, segundo ele, as empresas responsáveis não queriam arcar com os custos.
Agostinho disse que as obras foram liberadas em troca de compensações ambientais posteriores. Porém, ele afirma que isso é muito ruim, pois perde-se o poder de barganha, com qual é possível negociar melhor para que a natureza seja menos prejudicada pelas obras ou que as compensações sejam mais amplas. Como o dano já foi feito, perdemos aquele poder que a gente tinha de discutir, barganhar o que iria ser feito e como iria ser feito, lamentou.
Antes da MP, o Vidágua chegou a protocolar representação no Ministério Público Federal, em São Paulo, questionando o processo de licenciamento ambiental concedido à Eteo para a instalação da linha de transmissão Taquaraçu-Assis-Sumaré.