07 de dezembro de 2025
Geral

Ligações clandestinas chegam a 20%

Josefa Cunha
| Tempo de leitura: 3 min

O DAE é constantemente chamado para socorrer vítimas de refluxo do esgoto, que causa prejuízos materiais e representa riscos à saúde. Ainda assim, muita gente prefere arriscar a bancar os custos da regularização.

As ligações clandestinas de canos de escoamento de águas pluviais na rede de esgoto chegam a preocupar mais o Departamento de Água e Esgoto (DAE) do que a ausência das infra-estruturas básicas de saneamento. A autarquia mantém serviço de vistoria mensal, priorizando as regiões que mais apresentam incidência do problema, e detecta, em média, 20% de ligações irregulares. O resultado dessa prática proibida é o refluxo de esgoto, definido pela diretoria do DAE como a versão molhada do inferno.

Em 2000, o DAE inspecionou 2.688 imóveis, dos quais 476 mantinham canos de vazão pluvial na rede de esgoto. Este ano, até o mês passado, 3.233 locais já haviam sido vistoriados, com 683 flagrantes de irregularidade. Em ambos os períodos, 804 ligações foram corrigidas.

Paulo Roberto Siecola, diretor da Divisão Técnica da autarquia, o problema é grave em virtude de suas conseqüências. A rede de esgoto é dimensionada para um volume bem pequeno, ou seja, não comporta a vazão da menor chuva que seja. Uma vez que feita essa ligação, a pessoa, assim como os vizinhos, especialmente os que moram abaixo, estarão sujeitos ao retorno do esgoto, o que, além de perigoso em termos de saúde, pode causar prejuízos materiais irreversíveis, alertou.

Quem já viveu a experiência ou viu de perto seus resultados tem más recordações. Imagine todos os ralos da sua casa se transformando num chafariz de cocô, compara o presidente do DAE, Sérgio Silva Macedo. É o inferno, exagera. Além de causar alagamentos e, conseqüentemente, pôr em risco os bens da vítima (às vezes, ela é a própria responsável pela ocorrência), o refluxo exige uma série de providências posteriores, como a desinfecção total das áreas atingidas.

Como já foi dito, as ocorrências independem do volume de chuva. O último registro, por exemplo, foi na última terça-feira, dia 2 de outubro, quando uma família residente na rua Joaquim Antônio Vieira, Nova Esperança, perdeu quase tudo o que tinha. No caso, o dono da casa foi o responsável direto pelo incidente. As pessoas acham que vão resolver o problema de empoçamento e, por vezes, até o resolvem por algum tempo, mas um dia se arrependem amargamente por isso, conta Siecola. Fora do âmbito particular, os bauruenses vêem casos semelhantes acontecerem em vias públicas, notadamente na avenida Nações Unidas, cujos tampões da rede de esgoto invariavelmente explodem quando chove um pouco mais forte. Tudo por causa das ligações clandestinas existentes ao longo da avenida, atribuiu o diretor.

Embora proibida e passível de multa, a prática não assusta e nem parece desestimular os teimosos. O valor irrisório - R$ 6,50 - da multa frente aos prejuízos, por sinal, contribui para que o problema continue. Entre corrigir o erro e arcar com a multa, a pessoa prefere a segunda, muito mais barata. Se o valor fosse maior, talvez isso não acontecesse com tanta freqüência, palpitou o Siecola, aconselhando cuidado na hora de comprar e, principalmente, alugar um imóvel. Verificar se a casa conta com saída de água pluvial para a rua é importantíssimo. Se não tem, é bom desconfiar, porque surpresas desagradáveis podem vir depois, orientou.