Os servidores do Judiciário de São Paulo decidiram manter a greve iniciada há 45 dias, pelo menos até a próxima quinta-feira, quando está marcada nova assembléia da categoria, em São Paulo, segundo Rosa Lúcia Abicair, conselheira da Associação dos Funcionários do Fórum de Bauru. Os trabalhadores não aceitaram proposta feita pelo Tribunal de Justiça (TJ). A comissão de desembargadores que negocia com eles havia prometido uma gratificação de R$ 150,00, a ser paga a partir de fevereiro de 2002, inclusive aos inativos, mais a fixação de um cronograma para se discutir um índice de reajuste e a criação de um plano de cargos e salários.
Para a menor faixa salarial, a gratificação representaria 10% de aumento sobre o salário bruto. Já para os diretores de cartórios, significaria cerca de 4%. De acordo com Rosa Abicair, os desembargadores se comprometeram, ainda, a discutir, em maio, a criação de um plano de cargos e salários e a possibilidade de reajuste. Em Bauru, a assembléia foi realizada simultaneamente com São Paulo e chegou à mesma decisão.
A categoria pede 54% de reajuste referentes a perdas salariais nos últimos sete anos. O TJ não reconhece essa defasagem por causa das gratificações dadas no período. Ontem, cerca de 4 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram da assembléia na praça João Mendes, em São Paulo, em frente ao Palácio da Justiça, e votaram pela continuidade do movimento. Na semana passada, o dobro disso havia participado do ato. Depois, os servidores realizam manifestação na praça da República, Centro da Capital.
Na próxima segunda-feira, serão realizadas assembléias regionais para definir reivindicações. No dia seguinte, pela manhã, desembargadores e o comando de greve voltam a se encontrar para discutir um possível acordo.
Sentimos que há possibilidade de recebermos reajuste ainda este ano, disse Wagner José de Souza, presidente do Sindicato União dos Servidores do Poder Judiciário de São Paulo. O TJ diz ter problemas com a limitação de gastos imposta pela Lei de Responsabilidade Fiscal, por isso não teria como dar reajuste este ano aos servidores.
Para o comando de greve, 80% dos fóruns do Estado estão parados desde o dia 27 de agosto. Há previsões de que, se a greve acabasse agora, a Justiça levaria pelo menos cinco meses para voltar ao normal. Desde o início da paralisação, os prazos dos processos estão suspensos.
(*) Colaborou a Agência Folha