É impossível sentir a aproximação do primeiro cinqüentenário de nossa escola e não refletir sobre o tempo. O tempo passa...o tempo que nos marca...O tempo que pode não existir para a filosofia e para a ciência, mas existe por e para o nosso espírito...
É a imagem móvel da eternidade, diz Platão. E é nossa perspectiva de eternidade, que nossas consciências - ora vazias, ora cheias das marés da memória - nos conduzirão ao passado, permitindo captar a imagem fugidia de uma escola adolescente e sentir o gosto da eternidade - libertados ao tempo. A libertação súbita nos permite estar à frente do velho e imponente casarão da Rodrigues Alves. Aqui está a recém-criada FaFil. Aqui estamos...
Desfeito o laço, feito das fitas presas aos velhos batentes da porta lateral direita, aplaudimos e entramos logo após a passagem das autoridades presentes: o prefeito municipal Nuno de Assis, a fundadora e primeira diretora, Ir. Arminda Sbríssia, o professor José Ranieri, diretor do Liceu, dr. Landgraff, do MEC, e os bauruenses ávidos por, finalmente, tomar posse daquele símbolo de uma conquista que tornaria Bauru um pólo formador de formadores...pronta para capacitar profissionais que preenchessem as vagas sucessivas que se abriam, em conseqüência do pipocar de escolas, ginásios e colégios, no interior do Estado de São Paulo, além das escolas normais.
Eis-nos, de frente ao amplo corredor que, ladeado pelas salas, atravessa todo o seu interior, no comprimento de quase uma quadra. Estranhamente, apagou-se aquela imagem feliz do descerramento das fitas; e nos deparamos com um eloqüente silêncio...Todas as vozes ouvidas chegam aos nossos corações e reanimam as nossas ternuras.
Neste momento em que o presente se volta para o passado, e se prepara a justa homenagem àqueles que nos precederam, queremos registrar aqui a nossa alegria. Caminhamos por 48 anos. Perseguimos, desde a fundação, o mesmo ideal. Ideal que compunha o juramento de nossas primeiras turmas de formandos: Em formar a juventude nas letras, nas ciências, nos bons costumes, observância dos deveres inerentes ao meu estado, EU PROMETO, aos princípios da sabedoria cristã, fidelidade irregável.
Têm sido nossos ex-alunos fiéis a esse juramento? Somente Deus e a Pátria poderão estar testemunhando, ao longo destes 44 anos de fidelidade, a fidelidade de cada um. Mesmo nestes tempos tão inquietantes para a humanidade; humanidade pela qual também somos responsáveis, façamos deste início de comemorações um ato de fé no futuro.
Cabe hoje, como em 1950, o que disse William Faulkner, ao receber o Prêmio Nobel: eu me nego a aceitar o fim do homem. Eu me recuso a aceitá-lo. Acredito que o homem fará mais que perdurar: ele prevalecerá. Ele é imortal, não porque somente ele, entre as criaturas humanas, possui uma voz inexaurível, mas porque tem uma alma, um espírito capaz de compaixão, tolerância e sacrifício.
Feliz Aniversário, USC!Até o Jubileu de Ouro, em 2003.
(*) Ir. Jacinta Turolo Garcia, Reitora da USC