07 de dezembro de 2025
Geral

Patrulha rural engatinha na região

Adilson Camargo
| Tempo de leitura: 5 min

Das três cidades mais problemáticas com furto de gado, só Avaí implantou o policiamento próprio no município

Os constantes furtos de cabeças de gado registrados na região nos últimos meses forçaram o comando do 4º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPMI), com sede em Bauru, a tomar algumas providências contra a ação dos ladrões. Preocupados com a dimensão do problema, que começava a se suceder, os policiais resolveram adotar uma nova estratégia de policiamento na zona rural. A partir de então, o comando passou a incentivar a implantação da patrulha rural em todas as 29 cidades abrangidas pelo 4º BPMI. No entanto, nas cidades mais problemáticas da região, onde foram registrados os maiores e mais recentes furtos, essa determinação está sendo efetivada apenas parcialmente.

A única cidade onde o patrulhamento rural está em pleno funcionamento é Avaí. Em Agudos e Borebi a patrulha ainda não saiu do papel. Além das cabeças de gado, Agudos registrou no mês passado um furto de nada menos do que 245 porcos. De uma fazenda de Borebi, os ladrões levaram 63 cabeças de gado, que foram recuperadas posteriormente. Na época, o delegado Antônio das Neves solicitou a prisão temporária de um policial rodoviário, suspeito de ter participado da ação criminosa.

Mesmo com a patrulha rural funcionando há mais de um ano, os policiais de Avaí não conseguiram evitar o furto de 172 cabeças de gado da Fazenda do Lago, em 29 de julho último. O sargento Dimas Franco de Souza, 39 anos, comandante do patrulhamento local, tenta justificar a dificuldade de conter em definitivo esses furtos ao lembrar que o município de Avaí é o terceiro maior em extensão territorial do Estado de São Paulo. A cidade possui 341 propriedades rurais, entre sítios, fazendas e chácaras.

De acordo com o comandante, aproximadamente 50% dessas propriedades já foram cadastradas pela Polícia Militar. Nós anotamos o nome do proprietário, endereço, telefone, atividade rural e perguntamos se já foram vítima de furtos. Ele informa ainda que o cadastro geralmente é feito durante as patrulhas. Dentro de pouco tempo, o sargento quer ter o controle quase total da área rural do município. Com os dados em mãos, ele espera ter informações suficientes para desenvolver um trabalho mais eficiente. O patrulhamento da zona rural, em Avaí, normalmente é feito à noite, mas ocasionalmente é desenvolvido também durante o dia. Não existe escala fixa (para o patrulhamento), ele é feito de surpresa, informa o sargento. A patrulha conta, quase sempre, com o auxílio de quatro policiais. Efetivo considerado ideal pelo comandante.

O fato de Avaí ter saído na frente das outras cidades da região, na criação da patrulha rural, tem explicação nas estatísticas apresentadas pela polícia local. Analisando os números, os policiais constataram que o maior número de ocorrências registradas no município vinham da zona rural. Por isso, nós passamos a priorizar um policiamento mais ostensivo no campo. E já temos observado uma pequena queda no número de ocorrência depois da criação da patrulha, comemorou o sargento Dimas. Segundo ele, durante o patrulhamento noturno, os policiais estão instruídos a parar e fiscalizar todos os veículos que encontram pelo caminho.

A Polícia Civil da cidade ainda não havia instaurado inquérito, até a semana passada, para apurar o furto das 172 cabeças de gado, ocorrido em julho último. O escrivão de polícia Gláucio Stocco informou que eles estão esperando a conclusão de laudos para dar início ao inquérito. Com isso, a polícia estaria ganhando um tempo a mais para prosseguir na investigação, já que o inquérito tem prazo para ser encerrado. Nós ouvimos vários suspeitos, mas não conseguimos nenhuma informação concreta ainda.

O que mais dificulta o andamento das investigações, na opinião de Stocco, é a falta de elementos que levem aos autores do furto. Para ele, o fato da carne bovina ser um produto de fácil comercialização também dificulta os trabalhos. Quando um animal é abatido, normalmente já existe um comprador para a carne, disse. Stocco contou ainda que todos os frigoríficos da região foram visitados pela polícia, na tentativa de levantar alguma informação, mas não teriam conseguido nada. Ele acredita que pessoas da cidade estão envolvidas no furto. É bem provável que alguém da cidade esteja envolvido. O local (Fazenda do Lago) é de difícil acesso. Para chegar lá é preciso conhecer bem o local, disse Stocco.

Inquéritos em andamento

Em Agudos existem hoje dois inquéritos em andamento. Em um deles, o delegado Paulo Calil informou que foi identificada uma família (um pai e três filhos) que matava os animais e vendia os pedaços na cidade.

Eles invadiam sítios, próximos da cidade, abatiam o animal, arrancavam o coro dele dentro do pasto e trazia só a carne dentro de uma carriola, que foi apreendida e está na delegacia. Os envolvidos, segundo Calil, estão aguardando julgamento em liberdade.Ele fez referência ainda à prisão de cinco pessoas, há cerca de 45 dias, que fariam parte de uma quadrilha atuante no furto de cabeças de gado. Depois que foram detidos, o delegado lembra que o número de furtos caiu bastante, chegando quase a zerar as ocorrências. Todos os acusados são de Agudos.

Borebi também tem um inquérito policial em andamento, apesar do furto já ter sido solucionado, segundo informou o delegado Antônio das Neves. Os animais foram entregues ao dono e o inquérito está em andamento, em fase de conclusão. Várias pessoas foram indiciadas. Agora, estamos dependendo de algumas precatórias para relatar e mandar para o juiz, declarou. Por enquanto, ninguém foi preso. Apenas um dos suspeitos ficou detido temporariamente, durante cinco dias.