07 de dezembro de 2025
Geral

Fórum prega ações sociais de cidadania

Paulo Toledo
| Tempo de leitura: 6 min

Evento sobre responsabilidade social no varejo defendeu que empresas sejam elevadores sociais para os empregados.

Os trabalhos sociais das empresas devem ser muito mais do que apenas ações paternalistas. Devem pensar no bem estar da comunidade e dos trabalhadores da própria empresa. Essa foi uma das visões apresentadas a cerca de 250 empresários do comércio varejista, que participaram, ontem, no Obeid Plaza Hotel, em Bauru, do Fórum Regional de Tendências e Responsabilidade Social no Varejo. Além das palestras dos professores da Fundação Getúlio Vargas e Instituto de Pesquisa e Debates, os participantes puderam conhecer mais a fundo o trabalho realizado pelo Grupo Empresarial de Apoio (GEA) e pela bauruense Rede Confiança de Supermercados, que têm um case de sucesso na área de responsabilidade social (veja matéria nesta página).

O evento foi realizado pelo Instituto Souza Cruz, Philip Morris do Brasil e Fundação Getúlio Vargas (SP), em parceria com o Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de Bauru, Sindicato do Comércio Varejista de Bauru (SinComércio) e Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares.

Antonio Vicente Golfeto, coordenador do Instituto e Pesquisa e Debates, afirmou, durante o Fórum, que a função da empresa é criar riqueza. Para ele, é um ente econômico que pode ser, no entanto, um agente de distribuição dessa riqueza, a partir de seus empregados, através dos salários e sem paternalismos. A empresa deve ser, também, um instrumento de distribuição de renda, pagando salários justos, recolhendo os tributos, para que o Estado exerça suas funções sociais, mas sem se transformar num instrumento de paternalismo, que é o grande problema da cultura brasileira, destacou.

Golfeto disse que o País precisa ajudar a sociedade, não as pessoas, a encontrar a solução dos problemas dela. Para ele, é preciso solucionar os problemas econômicos para, a partir daí solucionar os problemas sociais.

O coordenador do Instituto disse que as ações das empresas devem ser institucionais. Ele defende que os empresários precisam proporcionar os elevadores sociais dentro de suas empresas, como forma de promoverem uma evolução da sociedade como um todo.

As discussões, também, giraram em torno dos princípios que deverão adotar para tornar as empresa socialmente responsáveis. Entre as ações estão: não vender bebidas alcoólicas ou cigarros a menores de 18 anos, canalizar sobras e desperdícios e adotar uma consciência ecológica com a utilização de resíduos.

Flávio Goulart, gerente de Projetos Sociais do Instituto Souza Cruz, disse que a intenção do evento foi de criar no comércio varejista um valor de responsabilidade social, que está se disseminando pelos diversos setores da sociedade e o setor tem muito a contribuir com isso, pois é a ponta de um segmento que está intimamente ligado à comunidade.

Ele destacou que as práticas de responsabilidade social podem ser desempenhadas por qualquer empresa, inclusive as de pequeno porte. Ele lembra, por exemplo, que o ato de manter a higiene num estabelecimento que trabalha com alimentos é uma prática de responsabilidade social muito grande, pois cuida da saúde da população. O bom atendimento também é uma forma.

Goulart destacou que a filantropia também é uma forma que não pode ser desprezada no Brasil, em razão das características do País, que ainda são de dificuldades sociais.

Apesar dessa restrição aos cigarros aos menos de 18 anos, surgida já em Fóruns anteriores, Goulart afirma que o posicionamento da indústria, que está entre os patrocinadores do Fórum, é de que o fumo é um produto de risco e controverso que, portanto, deve ser restrito aos menores.

Arilton Rocha de Sousa, gerente de produtos corporativos da Philip Morris, também segue a mesma linha de raciocínio. De acordo com ele, se esta restrição significar perda de mercado, a empresa está disposta a assumir isso.

Ele lembra que a Philip Morris tem um código internacional de marketing, que volta toda a comunicação e promoção do produto para o público adulto. A idéia, sempre, é tirar consumidores de outras marcas, não criar o hábito em menores de 18 anos.

Evaristo Rodriguez Gonzalez, presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de Bauru, um dos realizadores do Fórum, disse que Bauru deu um apoio muito importante à realização do evento, superando a participação em outras cidades maiores.

Gonzalez afirmou que o resultado será importante para conseguir trazer outros eventos do gênero para Bauru. Ele lembrou que, com muito menos recursos do que se gasta em um evento numa capital, os resultados podem ser melhores.

O sindicalista afirma que a intenção foi atingir, principalmente, os pequenos empresários do varejo, como proprietários de bares, restaurantes, hotéis, padarias, bancas de jornal, postos de gasolina e lojas de conveniência, que são aqueles que estão menos estruturados para atuação nessa área, ao contrário da maioria das grandes empresas que já tem uma atuação consolidada.

O representante do Grupo Empresarial de Apoio (GEA), Reinaldo César Cafeo, falou sobre o trabalho que a entidade vem desenvolvendo na cidade.

O respaldo técnico da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo proporcionou a participação de especialistas em responsabilidade social e em tendências do mercado varejista.

A coordenação do evento foi dos professores Jacques Gelman e Juracy Parente, da FGV. No módulo Sobrevivência e Expansão do Negócio, os temas foram: Diferenciais competitivos para sobreviver, ministrado pelo professor Antonio Vicente Golfeto; Desafios e oportunidades no food service, por Denis Herbach. Os debates tiveram a coordenação do professor Ricardo Fasti, da FGV.

No módulo Responsabilidade social na empresa, o tema Stakeholders e a responsabilidade social nas empresas, foi abordado pelo professor Jacques Gelman, da FGV; A prática da responsabilidade social, economista Reinaldo César Cafeo, do GEA, e Jad Zogheib, da Rede Confiança de Supermercados.

Despertamento

Jad Zogheib, diretor-presidente da Rede Confiança de Supermercados, um dos palestrantes do Fórum, ao apresentar a experiência da empresa que dirige, destacou que o evento foi muito positivo. Para ele, é importante esse despertamento do empresariado do comércio, para que veja o exemplo de cada uma das empresas que estão crescendo, investem e atuam na área social. Penso que as empresas que são voltadas para essa finalidade interagem com a comunidade, passando a ter uma importância maior e a mostrar seu lado de cidadania, afirmou.

O presidente da Rede Confiança disse que o pequeno empresário, muitas vezes, acredita que não pode fazer nada. Mas, na verdade, pode fazer sua parte, dar uma contribuição proporcional ao tamanho de seu negócio.

Jad Zogheib lembrou, ao apresentar os trabalhos sociais da Rede Confiança, empresa bauruense que vem expandindo seus negócios e tem planejamento para crescer, nos próximos anos, que busca dar um exemplo de cidadania e contribuição social para a cidade. Contribuição social é, além dos projetos externos, dentro de sua organização, manter o pagamento de tributos, salários, encargos trabalhistas em dia, entre outras coisas, afirmou.

A Rede Confiança realiza uma série de campanhas sociais, ao longo do ano, como a que beneficia as entidades sociais no Natal, a doação de leite e remédio para o município, participação em projeto de saúde bucal, da Secretaria Municipal de Saúde, além de parceria com a Instituição Toledo de Ensino (ITE), no Projeto Pequeno Cidadão.

Outra ação é a coleta de recicláveis no estacionamento das lojas, revertida para as entidades sociais. Vale lembrar, que a empresa ajudou a reformar uma ambulância do Pronto-Socorro Municipal (PSM) e fez o recapeamento asfaltico em volta de sua loja da Vila Falcão, beneficiando os moradores da região. São ações de colaboração com a comunidade. A Polícia Militar também já obteve ajuda do Confiança. Temos orgulho de ser bauruenses e retornarmos para a comunidade um pouco daquilo que ela proporciona para nossa empresa, afirmou.