07 de dezembro de 2025
Geral

Concurso destaca alunas da Unesp

Redação
| Tempo de leitura: 5 min

Três estudantes da Faculdade de Ciências desenvolveram, em escolas de Jaú, trabalho voltado à aprendizagem infantil

Baseadas no conceito de que a escola é uma instituição que tem como principal objetivo desenvolver a socialização do saber, três alunas do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências da Unesp - câmpus de Bauru foram premiadas em concurso nacional, com projeto didático A utilização do dinamismo da Ciência na construção do conceito científico.

O concurso foi promovido pelo Prêmio Victor Civita 2001 - Professor Nota 10, que é uma promoção da Fundação Victor Civita, que visa identificar, valorizar, disseminar e recompensar experiências de ensino/aprendizagem de boa qualidade.

O trabalho foi realizado pelas mestrandas, Letícia Roveri Barbosa que é professora do Ensino Fundamental da rede estadual de ensino; Luciene Elena de Lourenço Pereira, professora do ciclo II da rede municipal de ensino e pela aluna Selma Rosana Santiago Manechine, professora do ensino fundamental e médio da rede estadual de ensino, sob a orientação da professora doutora Ana Maria de Andrade Caldeira, que ministra a disciplina Didática das Ciências no curso de Pós-Graduação em Educação para a Ciência- Unesp- Bauru.

O projeto foi direcionado para a categoria das ciências naturais, sendo possível de ser aplicado em qualquer tipo de escola - independente de grau e custo de dificuldade para o professor implantar e centrados na sala de aula. Aplicado em uma classe de 4º ano do ciclo II da rede municipal de ensino e uma de 5ª série da rede estadual de ensino, ambas da cidade de Jaú.

Segundo as alunas, o objetivo principal da proposta foi desenvolver um trabalho em equipe que propicie a transposição da criança de seu limite de aprendizagem num processo articulado de integração, investigação e avaliação do aluno de que a ciência é mutável e não acaba em si mesma e a sua importância como sujeito desse processo. Dentre os vários pontos, especificamente, o projeto deveria proporcionar o confronto entre concepções espontâneas e concepções científicas, além de utilizar-se do erro como fonte de aprendizagem, abordando a construção como algo histórico e inacabável e sempre valorizando a interação interpessoal.

As pesquisadoras procuraram desenvolver a formação de conceitos utilizando a interação grupal, enfatizando a fala como ferramenta primordial no processo de construção do saber e os objetivos da avaliação consistiram em verificar a possibilidade dos alunos perceberem a ciência de maneira dinâmica, além de perceber se os educandos tomaram consciência de que podem fazer parte do processo de construção do saber científico.

A professora doutora Ana Maria Lombardi Daibem, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência argumentou que o fato das alunas receberem essa premiação é prova concreta de que a universidade está desenvolvendo um curso de qualidade. Os alunos se destacam devido ao nível do programa que está sendo oferecido e as questões que discutimos não se esgotam no âmbito do curso e da Unesp, se extrapolam para a sociedade enquanto processo de ensino e na construção do conhecimento, ressaltou a coordenadora.

Proposta

A professora Letícia realizou o trabalho com alunos de 5ª série da Escola Estadual Professor José Nicolau Pirágine, criando situações diferenciadas, como a construção de maquetes do universo com o uso de sucatas. Nessa fase a pesquisadora questionou os alunos partindo da indagação como vocês imaginam que seja o universo? e não permitiu consulta a referenciais teóricos.

Na segunda etapa do trabalho, a pesquisadora trabalhou com explicações aos estudantes das concepções sobre o universo desde os tempos do filósofo grego Aristóteles até os dias atuais. Na última parte do trabalho, os alunos responderam a questão: Podemos dizer que o modelo atual é definitivo?

Os resultados demonstraram que, apesar de alguns casos contrários, os alunos perceberam que o modelo atual do universo pode não ser definitivo. Fiquei muito feliz em comprovar que os alunos se entusiasmaram e demonstraram interesse em participar de outros projetos, comentou a pesquisadora Selma.

A mestranda Letícia destacou: Foi uma mudança significativa de atitude com os alunos frente ao saber. Tínhamos como meta desenvolver o projeto em equipe, garantindo a integração, a investigação e a avaliação das concepções espontâneas pelos educandos, de maneira a confrontá-las com as concepções científicas na formação de novos conceitos e ações. Durante as etapas, pudemos observar grande envolvimento dos alunos, enfatizou Luciene.

As pesquisadoras disseram que, apesar da interação entre os educandos ser ativa, foi percebida a dificuldade, como educadores, de propiciar a mudança da concepção do erro no processo de construção científica. Segundo elas, algumas crianças ficavam ainda preocupadas se suas concepções estavam certas ou erradas e as mestrandas afirmaram que para elas, que são educadoras, é necessário repensar o erro como algo a enfrentar, dentro do contexto de aprendizagem escolar, não como falta grave e nem tão pouco como um deslize sem maior importância.

Premiação

O Prêmio Professor Nota 10 edição 2001 é uma promoção da Fundação Victor Civita e destinou R$ 100 mil para premiar os 12 trabalhos finalistas independentemente da área ou disciplina. Os resumos dos 12 trabalhos finalistas foram publicados na edição de outubro da revista Nova Escola. Este ano foram inscritos mais de 3.700 trabalhos, onde o júri teve um enorme trabalho para selecionar os 12 melhores trabalhos e ainda escolher o Professor do Ano.

A classificação foi dividida em três etapas, a primeira selecionou os 50 melhores do contexto geral e, posteriormente, os 12 melhores do Brasil receberam R$ 5 mil cada trabalho, resultando nos 4 projetos finais premiados, sendo dois para escolas públicas e um para escola privada, além do Professor Nota 10. Os quatro finalistas receberam R$ 10 mil reais cada um.

As alunas receberam um total de R$ 15 mil que segundo elas foi como um presente de final de ano e prometem desenvolver novos projetos voltados para a escola, fazendo sempre o melhor em prol da educação.

Finalizando, a professora Ana Maria Daibem- coordenadora do Programa destacou que enquanto Unesp a função social da universidade está sendo realizada porque socializa a produção do conhecimento com a sociedade.

As pesquisadoras da Faculdade de Ciências da Unesp/Bauru podem ser encontradas, para mais detalhes sobre o projeto e o concurso, através dos telefones: (14) 662-2203- Letícia; (14) 621-4721-Selma e Luciene (14) 624-8760.