A Penitenciária I de Bauru foi criada para acolher 528 presos. Na época em que foi inaugurada, tinha um pavilhão com celas individuais, com uma só cama. Quatro anos depois, segundo o diretor, Wilson Elorza Jr., o pavilhão passou a ter celas com duas camas. Hoje, a mesma cela está com quatro presos, ou seja, dois deles dormem no colchão colocado no chão.
Toda a estrutura funcional do presídio foi montada para acolher os 528 presos. Hoje estamos com 927, ou seja, cerca de 300 deles estão dormindo em colchões no chão. A nossa estrutura está sobrecarregada, disse.
As celas de dois pavilhões que deveriam receber cinco presos cada uma estão com 7 ou 8 detentos, explica o diretor. Isso tem acarretado problemas. A alimentação tem que ser feita em duas vezes. O pessoal da cozinha começa a trabalhar de madrugada, se não a comida não fica pronta no horário, contou.
Os equipamentos usados no presídio também estão sofrendo um desgaste maior, admite o diretor. São mais utilizados, uma vez que estamos com a população muito acima da capacidade. Outro problema enfrentado pela PI é quanto à falta de atividade para os presos. Não temos serviços para todos. Quando eles trabalham, ficam mais tranqüilos.
A população carcerária é inversamente proporcional ao número de funcionários, diz o diretor. Quando foi inaugurada, a PI tinha 530 presos e 25 agentes penitenciários. Com 927 presos, estamos com 200 agentes. Nesses 11 anos muitos se aposentaram, outros morreram e houve também as exonerações. O quadro funcional não é reposto.
A defasagem no quadro leva a improvisação, admite Elorza Jr. Estamos reduzindo férias e sacrificando os funcionários no final de semana. Temos uma defasagem de, pelo menos, 45 agentes.
Rotatividade alta
No Instituto Penal Agrícola (IPA), o único presídio semi-aberto da região, a população carcerária está com 80 presos acima da capacidade, que é de 500. O diretor substituto, Evandro Bueno Campanã, diz que a rotatividade é alta e que o presídio tem épocas em que fica com um número maior de detentos.
Na Penitenciária II de Bauru a população carcerária tem 396 presos a mais do que foi programado para acolher na época em que foi inaugurada. O diretor substituto, Plínio Moreira, diz que está rezando para que a população carcerária não aumente ainda mais. Estamos além do limite, mas a situação está sob controle. Estamos torcendo para que não venham mais presos.
Na opinião dele, com um número maior de presos, o atendimento é mais deficiente. As celas destinadas a cinco presos estão com cerca de oito. Causa desconforto e descontentamento, admite.
Segurança
A segurança externa das Penitenciárias I e II de Bauru é de responsabilidade da 4.ª Cia da PM. O comandante da 4.ª Cia, capitão Reginaldo Souza Braga, alega que a super ou hiperpopulação compromete o serviço da segurança externa. Um dos itens que mais compromete é a escolta de presos, que passa a ser em número maior. Tivemos que priorizar as saídas, pois a demanda era muita e nós não tínhamos condições de atender, explicou.
Os presos que vão ser ouvidos pela Justiça ou que serão julgados são prioridade para a escolta. Todo deslocamento de presos tem que ter escolta, disse.
A segurança externa tem que ser reforçada por dois motivos, segundo o capitão. O número de presos é maior e também porque ambos os presídio são de segurança média e estão recebendo presos de alta periculosidade, contou Braga.
Além da vigilância tradicional nas torres, o capitão explica que estão sendo feitos patrulhamentos com cães e com veículos motorizados. Usamos os cães para policiamento preventivo. Este tipo de policiamente tem um fator psicológico que inibe a ação daqueles que pretendem fugir.
O final do ano, na opinião do comandante, é um período que exige atenção redobrada. Os presos querem fugir para passar as festas com seus familiares. O comandante da 3ª Cia da PM, responsável pela segurança externa da Cadeia Pública de Bauru, capitão Wellington Luiz Dorian Venezian, também considera o período de final de ano, crítico. É um período crítico.