07 de dezembro de 2025
Geral

Servidora fala em pressão para depor

Nélson Gonçalves
| Tempo de leitura: 5 min

A diretora do serviço de receita, Luciana Figueiredo, disse que lhe foi sugerido não defender a atual direção do DAE na CEI.

Os depoimentos de ontem à tarde à Comissão Especial de Inquérito (CEI), que apura indícios de irregularidades no Departamento de Água e Esgoto (DAE), geraram apreensão entre os vereadores. Preocupados em identificar os casos de renúncia de receita, os vereadores acabaram ouvindo reclamações por parte da atual diretora do serviço de receita da autarquia, Luciana Figueiredo. Nervosa, ela disse que se sentiu pressionada por colaborar com a CEI, referindo-se a uma conversa mantida com o ex-assessor de Dudu Ranieri no DAE, Roberto Badan. Já o ex-assessor nega que isso tenha ocorrido.

Apreensiva, a diretora da autarquia lançou, durante depoimento, que tinha uma informação importante a declarar, mas hesitava em fazer acusações. Depois, com o apelo dos vereadores, acabou mencionando que nos últimos dias esteve no escritório do advogado Evilásio Pereira da Silva Jr., nos Altos da Cidade, para buscar orientação em relação a seu depoimento de ontem. Contudo, Luciana disse que não gostou quando Roberto Badan entrou de surpresa na sala onde conversava com Silva Jr.

Segundo ela, a situação inverteria as insinuações de interferência na CEI, levantadas contra a atual administração do DAE. Luciana Figueiredo declarou que Badan pediu que ela dissesse à comissão o que sabia e se não quisesse falar, era para escrever as perguntas que algum vereador as fariam na CEI, sem dizer o nome do vereador. A diretora do DAE comentou que soube que o advogado Evilásio Pereira da Silva Jr. estava defendendo um servidor da autarquia, Delvo Vicentini, no mesmo caso de renúncia de receita.

Depois, disse que foi procurada para comentar a situação em apuração na CEI. Luciana Figueiredo não soube precisar quem, mas declarou que falaram com ela em tom ameaçador para que não defendesse a atual administração na comissão ou seria massacrada. Tensa em quase todo o depoimento, Luciana Figueiredo acabou aguçando os vereadores sobre um novo fato paralelo à CEI: a existência de possível interferência por parte de terceiros que não estão na autarquia, mas que fizeram parte das gestões de Dudu Ranieri e João David Felício, no caso, Badan e Evilásio Pereira.

Sobre o objeto de investigação da CEI em si, a renúncia de receita, os depoimentos de ontem serviram apenas para elucidar as possibilidades de desconto ou redução no valor da conta de consumo de água de forma irregular. A comissão está tomando o cuidado de não expôr contribuintes e servidores até o momento, embora não tenha ocorrido impedimento para alguma citação. Enquanto isso, o DAE espera concluir o processo administrativo que cuida do mesmo fato. Prestaram depoimento ontem, além de Luciana Figueiredo, os ex-diretores de receita do DAE, Wilson de Souza Figueiredo, Claudinei Antonio de Oliveira e Márcia Oliveira Del Médico. Também compareceram o diretor financeiro Fábio Passanezi Pegoraro e o servidor do setor de contabilidade, Walker Hojas Petenucci.

Acareação

Já o ex-assessor de Dudu Ranieri, Roberto Badan, informou que esteve no escritório de advocacia para também buscar orientações com Evilásio Pereira da Silva Jr., mas que não sabia que Luciana estava lá. Ele afirmou que ao chegar ao local, onde não há recepcionista, entrou na sala do advogado e encontrou Luciana Figueiredo chorando. Badan disse que começou a conversar com a servidora e que sugeriu que ela não ficasse preocupada, devendo dizer na CEI o que sabia e a verdade.

Segundo Roberto Badan, a diretora do DAE não chegou a ficar sozinha com ele na sala, mesmo quando o advogado saiu, por alguns instantes, para passar um fax. Não é verdade que eu pressionei ou que alguém que estava no escritório a tenha pressionado ela. Inclusive o Gasparini Jr., que é do mesmo escritório, também entrou na sala logo em seguida, exatamente porque lá não há recepcionista. Todos que conversaram com ela pediram para que dissesse a verdade na CEI, só isso, falou.

Badan disse que vai sugerir à CEI que realize uma acareação com Luciana Figueiredo e o advogado Evilásio Pereira da Silva Jr. para provar que não houve pressão ou tentativa de interferência nos trabalhos da comissão. Ela estava, sim, muito nervosa por ter sido a autora da primeira denúncia de renúncia de receita, mas ninguém do escritório ou que estiveram lá naquele dia a pressionou. Estão querendo desvirtuar a denúncia de renúncia de receita na CEI e eu vou colocar um fim nisso no meu depoimento no dia 20 de novembro, contando tudo o que sei. Até agora eu esperei, fiquei calado. Agora, vão ter o que tanto parecem querer esconder.

Renúncia de receita

Sobre o objetivo central da CEI - a apuração de renúncia de receita -, os depoimentos de ontem pouco acrescentaram. Em um deles, Luciana Figueiredo discordou da citação em relação a seu nome feita por Dudu Ranieri na CEI.

Luciana iniciou o depoimento com uma versão um pouco diferente em relação à sua participação na denúncia de ocorrência de renúncia irregular de receita no DAE. Segundo ela, quando procurou o então assessor da presidência do DAE, Roberto Badan, não fez pré-julgamento, mas levou uma situação de alteração de classificação de economia em uma conta de consumo de água. Então, eu coloquei verbalmente que a situação seria irregular.

A diretora do DAE não concordou com a citação que havia sido feita por Dudu Ranieri. Ele informou na CEI que Figueiredo e o servidor Walker Hojas Petenucci conversaram com Roberto Badan e informaram da ocorrência de irregularidades. Mas eu não iria acusar que o caso era irregular, apenas indiquei que a situação deveria ser analisada e a administração então abriu a sindicância, falou.