07 de dezembro de 2025
Geral

Um sonho chamado Karmann Ghia

Marcelo Ferrazoli
| Tempo de leitura: 4 min

Desde a adolescência o bauruense Ubirajara Amaral Negrão queria a todo custo possuir um Karmann Ghia, carro que marcou época durante a década de 60.

Entretanto, como as condições financeiras não ajudavam durante a juventude, o jeito foi compensar adquirindo outros veículos. Muitos se passaram, entre eles um Ford 1929, Dodge 1951, Caravan, Brasilia, Corcel e Fusca 68, até Ubirajara, mais conhecido como Bira, conseguir concretizar seu sonho de consumo.

O dia tão esperado chegou no ano de 1975, quando Bira finalmente pode comprar, em São Paulo, o Karmann Ghia. De lá para cá, o bauruense, que atualmente exerce a função de coordenador pedagógico do Senai, manteve-se fiel ao veículo. É uma conquista que não consegui na juventude. Quando tive condições, a primeira coisa que fiz foi adquiri-lo. Agora, não o vendo por nada e por nenhum valor, garante ele.

Dono também de um Ford Ka e de uma caminhonete Ranger, que os utiliza preferencialmente para se deslocar até o trabalho, Bira faz questão de reservar o Karmann Ghia somente para o lazer. Deixo para usá-lo aos finais de semana quando vou passear e me reúno com meus amigos, afirma ele.

Viajar com seu tesouro nem pensar. Mas, engana-se quem pensa que a medida é justificada pela idade do veículo. Não viajo para conservar o carro. Mas, se houver necessidade, ele encara a estrada sem problemas, pois é uma máquina perfeita que nunca apresentou problemas mecânicos. Reflexo disso, por exemplo, é que faz pelo menos 10 anos que não preciso alinhar nem balancear as rodas. A única coisa que providencio todos os anos, independente dos quilômetros rodados, é substituir as velas, o platinado e o condensador, explica Bira.

Bicicleta x Carro

Mas a história de amor de Bira com o Karmann Ghia confunde-se, ironicamente, com uma bicicleta. Tudo começou após o nascimento de um seus filhos, em 1977, época em que retirar residia em São Paulo. Quando minha mulher ainda estava grávida, fui ao Mapping e comprei a bicicleta mais moderna que existia no mercado, uma Monark. Depois, resolvi pendurá-la na parede e deixá-la no local até que meu filho completasse 15 anos. Minha idéia, com isso, era criar nele o mesmo gosto que tenho por coisas antigas, relembra ele.

Assim que chegou à idade tão aguardada, o filho de Bira, para frustração do pai, mal deu duas voltas na bicicleta e a colocou para escanteio. Então, pendurei-a novamente no mesmo lugar, onde se encontra até hoje. Além disso, agora sou eu que não deixo ninguém mais utilizá-la, pois já virou uma relíquia, brinca ele.

Foi depois desse episódio que Bira acabou conseguindo comprar o Karmann Ghia, que virou o xodó dele e também de seu filho. Hoje ele é apaixonado pelo carro e o usa diariamente para se deslocar até a faculdade. Mas, durante os finais de semana, o Karmann Ghia é meu, ressalta Bira, que já chegou a participar do Clube do Volkswagen, em São Paulo.

A exemplo do pai, a admiração do filho pelo Karmann Ghia é tão grande que o veículo ganhou ares de modernidade. Tudo por conta das modificações feitas, que imprimiram-lhe visual esportivo no volante, nos pedais e nos bancos de couro, além dos vidros elétricos e das rodas de liga leve. Mas a originalidade do Karmann Ghia não foi totalmente desfeita. A parte mecânica continua intocada, pois permanece com o motor 1600 e câmbio de quatro marchas com relações longas, conclui Bira.

Perfil

NomeUbirajara Amaral Negrão

ProfissãoCoordenador pedagógico do Senai

Idade55 anos

Estado civilCasado, dois filhos

HobbySair com os amigos em um restaurante

Lugar para passearSerra Negra

Time do coraçãoSão Paulo

O que mais lhe irrita no trânsito bauruense ?O descaso com o estado das ruas bauruenses. Não há condições de conservar os carros diante da infinidade de buracos. É lamentável e triste ver uma cidade como Bauru nesse estado, que causa má impressão para quem vem de fora visitá-la

Quem você não colocaria como passageiro do seu carro?O Itamar Franco, pois não faz jus ao cargo que exerce e pela sua demagogia.

Quem você levaria como passageiro do seu carro?O Carlos Braga e, ao lado, o Pedro Tobias, que estão fazendo um trabalho relevante para Bauru.

Que nota você daria aos motoristas bauruenses?De cinco para baixo, pois ninguém respeita os idosos e as faixas de pedestres, além da desagradável insistência na formação de filas duplas em determinados locais, como nas proximidades das escolas.