07 de dezembro de 2025
Geral

Descoberta recente permite prevenir anomalia craniofacial

Redação
| Tempo de leitura: 3 min

Apesar da prevenção das anomalias crâniofaciais ser um assunto recente e que ainda está sendo alvo de intensas pesquisas na área da Genética, já são conhecidos alguns dos fatores de risco que predispõem o bebê à malformação.

O assunto está sendo abordado no WHO Registry Meeting on Craniofacial Anomalies, evento promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e que está reunindo cerca de 40 pesquisadores e profissionais da área da saúde em Bauru.

O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC/USP) - o Centrinho - e a Fundação para Estudo e tratamento das Deformidades Cranio-Faciais (Funcraf) estão recebendo a comitiva durante o encontro, que teve início ontem e será encerrado amanhã.

Os procedimentos referentes aos registros de nascimentos de crianças com malformações craniofaciais é um dos temas abordados no evento. De acordo com o geneticista Danilo Moretti-Ferreira, coordenador do laboratório de Genética Molecular e de Projetos em Genética do Centrinho e da Funcraf, a importância de tais informações estaria no direcionamento das políticas de saúde pública para a prevenção.

Existem já grupos de registro que fazem vigilância epidemiológica dessas malformações. Mas são grupos isolados. Estamos tentando conseguir um protocolo único para que todos façam o mesmo tipo de registro. Assim, teremos números mais precisos em termos mundiais, expõe Moretti-Ferreira.

O conhecimento das causas das anomalias craniofaciais é fundamental para que possam ser traçadas suas linhas de prevenção. Sabe-se que fatores genéticos associados a fatores do ambiente intra-uterino durante a gestação estão associados às causas da malformação. Eles predispõem o desenvolvimento de crianças com essas alterações, explica Moretti-Ferreira, que também é chefe do Serviço de Aconselhamento Genético do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu.

Entre os fatores associados à predisposição para as anomalias craniofaciais está a ingestão de álcool durante a gravidez e o uso do cigarro. Além disso, pesquisas mostraram a altitude em que a pessoa vive pode influenciar nas malformações. Ou seja, quanto maior a altitude do lugar em que a pessoa vive, mais predispostas às anomalias as crianças podem estar.

Saúde pública

O presidente do evento e cientista do Programa de Genética Humana da OMS, Victor Boulyjenkov, destaca a importância de que as pessoas tenham acesso a informações sobre as anomalias craniofaciais. As pessoas devem conhecer os problemas das anomalias craniofaciais, reforça.

Boulyjenkov enfatiza que quanto mais cedo as anomalias craniofaciais forem identificadas, mais fácil e eficaz torna-se o tratamento. É possível organizar um programa preventivo. É possível proteger as pessoas dos fatores de risco para prevenir as malformações, salienta.

Centrinho

Bauru foi escolhida para sediar o evento da OMS pela referência que o Centrinho representa internacionalmente em pesquisa e tratamento das anomalias crâniofaciais. O hospital para tratamento de anomalias craniofaciais que existe aqui é considerado um centro internacional de pesquisa e tratamento desse tipo de malformação, disse o presidente do evento.

O pesquisador William Shaw, que é professor do Departamento de Saúde e Desenvolvimento Bucal da Universidade Dental do Hospital de Manchester (Estados Unidos), conta que, anteriormente, os governos não tinham meios de atuar contra as anomalias craniofaciais porque as pesquisas eram concentradas nas doenças contagiosas.

A grande novidade trazida pelas pesquisas, segundo Shaw, é a possibilidade de prevenir essas malformações. Agora, pela primeira vez, nós podemos seriamente considerar que, sim, nós podemos prevenir as anomalias craniofaciais, destaca.