Os recém-nascidos na Maternidade Santa Isabel passam pelo teste na primeira semana de vida; o diagnóstico é instantâneo.
Apesar de ainda não ser obrigatório o teste de audição em recém-nascidos, a Maternidade Santa Isabel já realiza a triagem auditiva neonatal universal. O exame, oferecido gratuitamente às pacientes atendidas na instituição pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é indolor, rápido e independe de resposta do bebê.
De acordo com a fonoaudióloga Mara Silvia Sé, a triagem auditiva está sendo aplicada em crianças nascidas na Maternidade Santa Isabel desde junho deste ano.
O teste é feito inicialmente através do exame de Emissões Eletroacústicas Evocadas. Ele é realizado no próprio berçário, preferencialmente no segundo ou terceiro dia de vida. O bebê deve estar dormindo ou bastante calmo para que o diagnóstico tenha êxito.
O procedimento é rápido - dura de cinco a dez minutos, aproximadamente -, não apresenta contra-indicação, não incomoda e não acorda o recém-nascido. Além disso, não há necessidade de intervenções invasivas.
A fonoaudióloga Daniela Shayeb explica que, após a apresentação de um estímulo sonoro, a cóclea, órgão sensorial responsável pela audição, emite sons denominados emissões otoacústicas. Se o ouvido está íntegro, ele manda um som de volta, afirma.
Mara destaca que o resultado é instantâneo e independe da resposta do recém-nascido. Não é um teste comportamental, diz.
Muitas vezes, o ouvido do bebê ainda está congestionado com líquidos do parto nos primeiros dias de vida. Nestes casos, o exame não é realizado com sucesso e há necessidade de que seja marcada uma nova data para o teste.
O método apenas detecta a ocorrência da deficiência auditiva e não tem como objetivo quantificá-la. As fonoaudiólogas explicam que, caso seja diagnosticada perda auditiva no recém-nascido, ele é devidamente encaminhado ao médico otorrinolaringologista ou a um fonoaudiólogo.
Quando a perda auditiva é diagnosticada logo após o nascimento da criança e o tratamento iniciado até os seis meses de idade, os bebês apresentam desenvolvimento muito próximo ao de uma criança ouvinte. Quando o diagnóstico é feito após os seis meses de idade o desenvolvimento escolar e social da criança fica prejudicado. Até o seis meses, a plasticidade neuronal é intensa, expõe Daniela.
De acordo com o médico José Luiz Castilho, diretor da maternidade, o SUS ainda não confirmou convênio para pagamento dos testes de audição. Apesar disso, as pacientes estão sendo atendidas gratuitamente.
O teste de audição deve ser aplicado especialmente em recém-nascidos que apresentam os chamados critérios de risco. Pré-maturidade, baixo peso, ingestão de medicamentos fortes e a hiperbilirubinemia são fatores que predispõem a criança a apresentar perda auditiva. Crianças internadas são nosso foco principal, enfatiza Mara.
A audição, que tem início a partir do quinto mês de gestação, desenvolve-se intensamente nos primeiros meses de vida e é fundamental para o desenvolvimento da fala e da linguagem.
Estatísticas indicam que a cada mil recém-nascidos, dois a seis têm algum tipo de perda auditiva.
Vale ressaltar que qualquer recém-nascido pode apresentar problemas auditivos ao nascimento ou adquiri-lo nos primeiros anos de vida, independente de casos de surdez na família ou fatores de risco aparentes.